Corpo de Bombeiros atuou no local para resgatar uma idosa moradora de uma casa afetada pelo desabamento Reginaldo Pimenta/Agência O Dia
Publicado 18/05/2023 10:37
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Rio - O prédio da antiga sede da Super Rádio Tupi, em São Cristóvão, na Zona Norte do Rio, desabou parcialmente, na manhã desta quinta-feira (18). O quartel de Vila Isabel do Corpo de Bombeiros foi acionado para a Rua Fonseca Teles, no número 120, às 8h50, e precisou retirar uma idosa, que é paciente oncológica e está acamada, de uma residência ao lado do imóvel. Além dela, também foram removidos do local sua cuidadora, um homem e um cachorro da família. 
O corredor da residência ficou obstruído por escombros, que impediram a passagem dos bombeiros. Os militares precisaram retirar Maria de Fátima Costa, de 86 anos, as outras pessoas e o cãozinho pela janela, utilizando uma escada. O imóvel foi interditado pela Defesa Civil. Segundo o neto da idosa, Harrison Costa Freire de Oliveira, que também mora no local, mas não estava no momento do desabamento, a avó já foi liberada e está na casa de um vizinho. 
Harrison relatou que há cerca de três semanas teve início a demolição da edificação, mas os moradores não sabiam do que se tratava, porque não havia placa indicando trabalho no local. Ele também se queixou de que a família não foi procurada pelos responsáveis pela obra, já que o imóvel onde mora fica muito próximo ao da antiga sede da Tupi e poderia ser afetado. Eles pretendiam denunciar o caso para a Prefeitura do Rio. 
"Não tem nenhuma placa de obra indicando sobre, não veio nenhum engenheiro, perito, falar com a nossa casa, que é parede com parede com a construção. Simplesmente, começou um 'quebra-quebra' sem nós sabermos. A gente estava a um passo de denunciar para a prefeitura. Meu tio chegou a falar com responsáveis da obra, porque estava uma condição muito insustentável e, praticamente, a gente sabia que isso poderia acontecer, porque como é parede com parede e a obra estava a toda vapor, estava 'na cara' que era algo errado, aparentemente ilegal", declarou o neto, que afirmou que não sabe onde o resto da família vai ficar. 
"O que a gente precisa saber agora é: cadê o responsável dessa obra? Quais são os próximos passos? Porque nós estávamos trabalhando, estamos com a nossa roupa do corpo, a minha avó estava usando um leito hospitalar que não tem como retirar, então, eles precisam fornecer algo para ela ter esse conforto e a gente saber o que vai fazer. A minha avó vai ser levada para (a casa de) um vizinho aqui perto, que tem como comportá-la, só que não tem como comportar todos nós. Não sabemos nada ainda, como vai ser a perícia para avaliar o imóvel, para saber se vai ter como voltar. À princípio, estamos com a roupa do corpo e o que levamos para o trabalho". 
De acordo com relatos, ocorria uma demolição no prédio, quando parte da estrutura cedeu. Em um vídeo que circula nas redes sociais, é possível ver uma grande nuvem de poeira em volta do imóvel. "Olha aí como é que está, desabou tudo aqui, onde tem a Tupi. Estão construindo prédio sem segurança nenhuma. Na demolição, quase que pega o prédio aqui da tia Fátima", comenta o homem que registra as imagens. Confira abaixo.
Segundo a Defesa Civil, o imóvel já estava sendo demolido sem autorização prévia da administração municipal. Outros órgãos municipais também foram acionados para eliminar os riscos iminentes ainda existentes na edificação. "O imóvel vizinho (de uso residencial), número 122, foi interditado preventivamente", informou a nota. 
A sede da Super Rádio Tupi funcionou no local até 14 de março de 2022, quando passou a operar no edifício Santos Dumont, na Rua Santa Luzia, na região do Castelo, no Centro do Rio. Em nota, a direção informou que o prédio está em processo de demolição e o incidente desta quinta-feira não deixou vítimas. "A Rádio está em contato direto com as autoridades devidas para prestar qualquer esclarecimento e assistência necessários em caso de algum dano", completou. 
Procurada, a empresa Riva Incorporadora esclareceu que negociou o terreno, mas ainda não assumiu sua posse, nem realizou qualquer ação no local. A companhia destacou ainda que em sua rotina de atividades, "segue todas as determinações legais e possui rigorosos procedimentos técnicos de engenharia, que levam em conta diversos atributos, a começar pela segurança de estruturas e pessoas".
Em nota, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio (SMDEIS) informou que devem ser feitas licenças distintas para demolição e construção.

"Há um pedido de licença de demolição, que ainda não foi concedido por falta de regularização de documentação. Há, ainda, uma licença concedida para a construção de uma nova edificação, porém, para que haja o início das obras, ainda é preciso cumprir algumas exigências. Solicitamos o embargo das obras, para fins de regularização, e a emissão de auto de infração", esclareceu o órgão em nota. 
*Colaborou Reginaldo Pimenta
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