Publicado 20/05/2023 21:36
Rio - A mãe de um estudante de 16 anos do Colégio Estadual Hélio Pelegrino, em Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, registrou um boletim de ocorrência na 35ª DP (Campo Grande) para denunciar as ameaças que o filho vem sofrendo por um grupo de alunos do primeiro ano dentro da escola. Ao DIA, a responsável do adolescente, que tem medo de se identificar por conta da violência, o filho foi encurralado no pátio do colégio por mais de 15 alunos e sofreu ameaças e empurrões por volta das 11h do último dia 10.
O grupo, formado por jovens de 16 a 18 anos, acusa o adolescente de criar páginas de fofoca em uma rede social propagando falsas informações sobre eles. As páginas são "Explana Helio" e "Notícias Helio", ambas com o perfil já deletado. O jovem que sofreu as ameaças nega que tenha criado as páginas e, inclusive, quando foi encurralado pelos estudantes, deixou que todos vissem seu celular para provar que ele não tinha envolvimento. Mesmo assim, o grupo continuou com as intimidações.
No mesmo dia, quando chegou em casa, o aluno começou a receber mais ameaças em suas redes sociais e também em um grupo de mensagens da escola. Nas mensagens de ódio, os agressores diziam que o menino não deveria mais retornar para a escola, pois seria agredido fisicamente por eles.
Assustado e com medo, a vítima relatou o fato para sua mãe, que procurou a direção do colégio estadual imediatamente. A mãe conta que conversou com a diretora, mas que não recebeu apoio. "A direção estava despreparada, não resolveram nada. Escreveram o ocorrido em uma ata e pediram uma reunião com os responsáveis, mas até agora nada. Meu filho está há mais de uma semana sem ir para a escola, só perdendo aula. A direção também me negou uma cópia da ata e me mandou fazer um boletim de ocorrência", conta.
A responsável denunciou o caso à delegacia de Campo Grande e tenta obter as imagens das câmeras de segurança da escola. A mãe diz que os vídeos podem ajudar na identificação dos envolvidos. "É o primeiro ano do meu filho nessa escola, ele não conseguiu reconhecer todo o grupo, só conhece uns três deles, que são da mesma sala que ele. A escola é bem grande, ao todo, são seis turmas só do primeiro ano", diz a mãe.
Ela lembra ainda das opções que a direção deu à ela enquanto solicitava alguma ação mais eficaz. "Eles me falaram que eu tinha duas opções: mandar meu filho para a aula assim mesmo ou mudar ele de escola. Eu não penso em tirar ele de lá porque ele já se enturmou, fez amigos, mas ele ainda sente medo. Eu quero que esses adolescentes sejam punidos de alguma maneira. Eles estão sem limites, não respeitam ninguém. Se eu só trocar ele de escola vai acontecer com outro aluno ou pior, pode acontecer alguma coisa mais grave ainda", desabafou.
O caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande) como calúnia e ameaça. Na próxima semana, a distrital vai ouvir a diretora do Colégio Estadual Hélio Pelegrino e também os responsáveis pelos alunos envolvidos no crime. O adolescente ameaçado já prestou depoimento na delegacia e aguarda o desfecho das investigações.
Procurada, a Secretaria de Educação do Estado do Rio de Janeiro disse que todos os responsáveis dos alunos envolvidos já compareceram à escola e foram ouvidos. Disse ainda que o Conselho Tutelar acompanha o caso e a secretaria avalia a abertura de uma sindicância. "A Seeduc repudia toda forma de agressão e não compactua com qualquer tipo de violência e discriminação", disse por meio de nota.
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