Publicado 06/06/2023 09:02 | Atualizado 06/06/2023 14:20
Rio - A Polícia Civil prendeu 18 integrantes de uma quadrilha que aplicava o golpe do falso consórcio na venda de veículos inexistentes. A ação foi realizada pela 58ª DP (Posse) e localizou os suspeitos em um escritório na Avenida Presidente Vargas, uma das principais do Centro do Rio, na tarde desta segunda-feira (5). Os agentes encontraram a empresa de fachada Icon, usada para passar credibilidade às vítimas, em funcionamento no momento da prisão.
Os suspeitos anunciavam os veículos na internet por um preço mais baixo, com promessa de crédito pré-aprovado e entrega em uma semana, após o pagamento de uma entrada entre 10% e 15%. Somente entre os meses de junho de 2022 e 2023, a quadrilha fez de cem a mil vítimas. A estimativa é de que o prejuízo tenha chegada a R$ 1 milhão.
As investigações descobriram ainda que eles vinham atuando no Centro do Rio desde junho do ano passado, mas operando em um escritório na Avenida Rio Branco, sob o nome de Onix, que depois passou a ser Agib. Ambas funcionavam em salas grandes de um prédio comercial e os falsos funcionários usavam até mesmo uniformes, o que dificultava que as vítimas identificassem o golpe.
Após firmarem os contratos, os falsos vendedores permaneciam em contato com as vítimas, mas depois que o prazo acabava e os carros não eram entregues, eles encaminhavam os clientes para outra empresa que seria responsável por resolver os problemas dos compradores. Com uma série de reclamações, a quadrilha mudava de nome e endereço, mas continuava aplicando os golpes.
"(A quadrilha) vai gerando um grupo enorme de vítimas, uma pressão enorme de cobranças. Quando chega a um determinado limite, simplesmente desaparece, fecha as portas e monta a mesma estrutura em outro lugar, com outro nome, as mesmas pessoas. Quem está de fora, ou até mesmo as próprias vítimas, não identificam que Onix, Agib e Icon é o mesmo bando de bandidos que está dando golpe", explicou o titular da 58ª DP, José Mário de Omena.
No momento da prisão, um cliente negociava a compra de um carro modelo Fiat Argo por R$ 40 mil e pagaria uma entrada de R$ 7,8 mil. Na tabela Fipe, ele foi avaliado em R$ 49 mil. Antes da venda ser realizada, entretanto, a vítima pediu para ver o veículo, mas os suspeitos alegaram que usariam o dinheiro para adquirir o automóvel. A negociação acabou sendo interrompida pela chegada da polícia.
No escritório, foram apreendidos telefones, computadores e documentos, entre eles, contratos que somados chegavam à marca de R$ 5 milhões. A Polícia Civil ainda vai apurar a falsa venda de imóveis pela quadrilha. Os presos vão responder pelos crimes de associação criminosa, falsidade ideológica, propaganda enganosa e estelionato.
"A internet é um mundo aberto, você pode ser tudo. As pessoas que vão fazer negócio, certifiquem-se da saúde financeira da empresa efetiva, dos bens a serem adquiridos com documentos, se tem reclamação. Na própria internet você tem vários sites que você acaba identificando, quando começa a fazer um monte de vítima. Só no primeiro apanhado, tinham 51 reclamações no Reclame Aqui. É uma empresa que vende ideia, não tem um bem para te entregar", alertou o delegado.
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