Hélio Turco morreu aos 87 anosTHIAGO MATTOS/DIVULGAÇÃO
Publicado 08/06/2023 11:09
Publicidade
Rio - O compositor e presidente de honra da Mangueira, Hélio Rodrigues Neves, mais conhecido como Hélio Turco, morreu nesta quinta-feira (8), aos 87 anos. O sepultamento será nesta sexta-feira (9), no Cemitério São João Batista, em Botafogo, na Zona Sul, às 10h30. O velório terá início às 8h.
O baluarte estava internado desde a última terça-feira (6) na UPA do Engenho Novo, na Zona Norte, com uma infecção. Segundo familiares, a causa do falecimento foi septicemia.
Nos últimos anos, ele estava com problemas de locomoção. No entanto, mesmo usando cadeira de rodas, marcou presença no desfile de 2023, no carro abre-alas.

Hélio é o maior campeão das disputas de samba-enredo da história da Estação Primeira de Mangueira, sendo autor de 16 canções escolhidas para embalar os desfiles da segunda maior campeã do carnaval carioca. Dentre estes, o compositor alcançou o campeonato com seis. Ele também se notabilizou por fazer as bandeirinhas de papel que eram distribuídas para o público das arquibancadas da Sapucaí. Gostava, também, de fazer pipas.
Para a presidente da Verde e Rosa, Guanayra Firmino, a perda do compositor é uma "perda inestimável". "É uma perda para a nossa escola, para a comunidade da Mangueira e para mim, que tive o prazer de ser próxima dele, pois moramos anos na mesma vila. Hélio Rodrigues Neves, o nosso Hélio Turco era além de um grande compositor, também amigo, engraçado, de conversas longas, sempre sobre Mangueira e seus personagens, que andava pela comunidade toda, todos conheciam e reverenciavam, fará muita falta", lamentou.

Ele assinou clássicos como "Yes, Nós Temos Braguinha", quando a Mangueira foi campeã em 1984, ano da inauguração do Sambódromo, e "Cem Anos de Lberdade, Realidade ou Ilusão?" (1988).

Em nota, a Mangueira lamentou a morte. "É com enorme pesar que a Estação Primeira de Mangueira informa o falecimento, aos 87 anos, de seu presidente de honra Hélio Rodrigues Neves, conhecido carinhosamente por todos como Hélio Turco. Sambista, compositor e baluarte da Verde e Rosa, seus sambas embalaram o sonho da Mangueira na Avenida por 16 vezes, conquistando 6 título, o que o tornou o compositor com maior número de conquistas da Escola. Em nome da presidenta Guanayra Firmino e toda sua diretoria, a Estação Primeira de Mangueira abraça com todo carinho seus familiares e amigos neste momento de grande dor."
Neta de Dona Zica e do compositor Cartola, Nilcemar Nogueira também lamentou. "Perdemos nosso presidente de honra. Perde o Brasil um grande sambista. Vai em paz, mestre querido", publicou a fundadora do Museu do Samba nas redes sociais.

História

Nascido no bairro do Grajaú, na Zona Norte do Rio, Hélio se mudou om 2 anos para o Morro da Mangueira. Mas, somente em 1952, viu um desfile da Estação Primeira de Mangueira pela primeira vez. Na época, ele tinha como função segurar as cordas que delimitavam o espaço para os desfiles.

Anos depois, já em 1958, Turco passou a integrar a ala dos compositores. Seu primeiro samba-enredo, "Brasil através dos tempos" (1959), foi ovacionado, assim como o último, "Se todos fossem iguais a você" (1992), em homenagem a Tom Jobim, que lhe rendeu o Troféu Cidade do Rio de Janeiro de melhor samba.

Em 1960, com o samba-enredo "Carnaval de todos os tempos" conquistou seu primeiro título como compositor. Uma de suas obras de maior sucesso, "100 anos de liberdade, realidade ou ilusão" (1988), tornou-se esse ano o Hino Oficial do Dia Nacional da Consciência Negra no Estado do Rio de Janeiro.

Apesar de ser o autor de grandes sucessos, Hélio dizia que os sambas lhe fizeram realmente chorar foram as duas obras que escreveu para a escola mirim da Mangueira do Amanhã.

O sambista se tornou presidente de honra da agremiação em 2021, ocupando o posto antes ocupado por Nelson Sargento, também compositor, que faleceu naquele ano.
Sua trajetória foi retratada no livro "Três Poetas do Samba-enredo - Compositores Que Fizeram História no Carnaval", da editora Cobogó. Assinada pela pesquisadora Rachel Valença, pelo jornalista Leonardo Bruno e pelo ator e diretor Gustavo Gasparani, a obra revisita as histórias de Hélio, do imperiano Aluísio Machado e do portelense David Corrêa.
Em suas redes sociais, nesta quinta-feira (8), Gasparani homenageou o bamba. "O genial Hélio Turco, nos deixou! Foi se juntar aos grandes e fazer festa no céu. Deixa um legado de melodias, poesias e balões inesquecíveis. Tive a honra de escrever um livro sobre a sua arte. Tantas alegrias ele nos deu, era o mínimo que eu poderia fazer."
Viúvo, Hélio Turco deixa três filhos e cinco netos.
Publicidade
Leia mais