Orquidário do Jardim Botânico do Rio de JaneiroCléber Mendes / Agência O Dia
Publicado 12/06/2023 07:00 | Atualizado 13/06/2023 08:41
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Rio - Não é só a primavera que vive das flores. Embora o outono seja uma estação conhecida pelo desfolhar de árvores e plantas, existem muitas espécies de orquídeas que aguardam a chegada das temperaturas mais baixas para exibirem suas vistosas florações e exalarem perfumes. No Jardim Botânico do Rio, no bairro de mesmo nome, na Zona Sul, há exemplares que florescem diretamente na rocha, nos troncos de árvores ou na terra, com aromas que podem ser água sanitária, de melancia e até fubá. A coleção está aberta para visitação no Jardim das Orquídeas (área externa) e na estufa de vidro, com placas informativas.
Curadora da coleção do Jardim Botânico, a especialista em orquídeas Delfina de Araújo fala sobre as peculariaridades das espécies. "Não há diferenças de características entre orquídeas que florescem na primavera ou no outono, por exemplo. Cada uma tem uma época certa de florir. Algumas têm floração o ano inteiro, mas a maioria floresce em uma das quatro estações, seja no outono, verão, inverno ou primavera. É questão da época boa, a necessidade de a orquídea se reproduzir naquela época", explica.
Ainda segundo a especialista, a época de floração também pode atrasar ou adiantar dependendo de fatores como a forma de plantio e o clima da região.
As plantas são divididas nas coleções "orquídeas nativas" (originárias do Brasil), "exóticas" (que não são do Brasil, mas que se adaptaram bem ao ambiente) e "híbridas" (não têm nacionalidade, são fruto de cruzamento artificial feito pelo homem a partir de duas plantas compatíveis), uma característica importante da família, já que as orquídeas híbridas são sempre férteis.
Entre as mais perfumadas, destacam-se os exemplares Maxillaria desvauxiana e Maxillaria setigera, que têm aroma de melancia, ambas nativas. A flor da Maxillaria desvauxiana, de coloração vinho, se abre entre folhas verdes. Já a Maxillaria setigera mistura três cores, a branca, a amarela e a vinho.
Mais uma espécie com cheiro adocicado é a híbrida Miltassia (fruto de cruzamento das Brassia e Mltonia), cuja principal característica de suas flores é o formato que lembra a aparência de uma aranha. A Brassia, outro exemplar híbrido, mas com odor que remete a fubá, é também uma chamada 'orquídea aranha', por conta da forma do seu ramo.
Outra floração típica desta época do ano é a Rhyncholaeliocattleya Rita Lee, uma homenagem à cantora, feita pelo advogado carioca Fernando Setembrino, que criou o híbrido em 2011. Com flores lilases claras e uma mácula amarela e púrpura, a planta chama a atenção por exalar perfume.
Já para quem aprecia odores fortes, a Bryobium hyacinthoides, uma planta asiática com cheiro de água sanitária, e a Zygopetalum crinitum subsp. Pabstii, nativa do Brasil, são bons exemplos. Esta última é uma orquídea de flores "estampadas", sendo a parte superior com pintas marrons e a inferior com listras roxas. Ela é originária do Espírito Santo e está em perigo na natureza, por ter sido muito colhida na natureza quando recentemente descoberta.
No setor das micro-orquídeas, uma lupa fica disponível para o público apreciar as mais minúsculas, cujos tamanhos variam de 1 a 2 milímetro. A flor da Dracula lotax, espécie exótica originária do Peru e do Equador, por exemplo, só consegue ser visualizada com o recurso do acessório.
A Epidendrum denticulatum é um exemplo que nasce na pedra, os chamados afloramentos rochosos, frequentes nas regiões Sul e Sudeste. Na cidade do Rio, além do Jardim Botânico, as Epidendrum denticulatum ocorrem no Morro da Urca, Pão de Açúcar e na Pedra de Itaúna. No Jardim Botânico, ele está no Jardim das Orquídeas, que recria vários habitats da planta para reprodução e dá um panorama da família orquidácea, com diversidade de cores, formas, tamanhos e aromas.
"No Jardim das Orquídeas, temos ainda setores como 'Madagascar', 'Oceania', 'Mata Atlântica' 'Mata Amazônica' e 'Cerrado'. Procuramos criar microambientes, de modo que o visitante chegue aqui e tenha uma visão geral do que é a família das orquídeas”, explica Delfina.
Reinaugurado em 1º de maio de 2022, o orquidário do Jardim Botânico conta com cerca de 9 mil espécimes, como são chamados os indivíduos, da família Orchidaceae (orquídeas).
A historiadora e guia de turismo Rafaela Medina, de 49 anos, é frequentadora desde criança e sempre se anima com a visita. "Fui criada no Jardim Botânico e o Orquidário sempre chamou a minha atenção. Quando criança, as cores e formatos das diferentes espécies de orquídeas despertavam muito a minha curiosidade. Com o passar dos anos fui entendendo a importância histórica e também científica daquele lugar mágico. Como guia de turismo posso afirmar que é um dos atrativos mais procurados pelos visitantes".
Famoso por encantar visitantes de todas as idades, o Jardim Botânico também é um instituto de pesquisa e um museu a céu aberto. A missão de cultivar as orquídeas, que formam a sua coleção científica, é de pesquisadores do local e de alunos da Escola Nacional de Botânica Tropical (ENBT/JBRJ). 
Informações sobre horários de funcionamento e preço de ingressos estão disponíveis no site do Jardim Botânico.
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