Publicado 11/06/2023 16:28
Rio - O amor está no ar com a chegada do Dia dos Namorados (12) e não há limites de idade para o início de um relacionamento. O sentimento pode começar a dar os primeiros sinais com a presença de gestos simples, como a troca de olhares, um sorriso e uma conversa carinhosa. Essa fórmula pode ser aplicada em diversas ocasiões, seja entre um casal de idosos do programa Academia Carioca ou entre jovens da Rede de Adolescentes e Jovens Promotores da Saúde (RAP).
O casal de aposentados Luzia Soares e Francisco Amorim, de 76 e 79 anos, respectivamente, se conheceu nas aulas do Academia Carioca do Centro Municipal de Saúde Mário Vitor, em Campo Grande, na Zona Oeste.
Mesmo morando há mais de 40 anos no mesmo bairro, seus caminhos nunca haviam se cruzado. Entre as aulas e o grupo de caminhada, veio a aproximação e, de lá pra cá, já contabilizam mais de sete anos juntos, transpirando cumplicidade e companheirismo.
Francisco se emociona quando fala sobre a importância do programa, que além da atividade física, promove encontros e convívio social. "A academia é vida. Já vi pessoas com depressão sair daqui rindo e brincando. Vale a pena! Tem que se envolver, participar. Você pode estar aposentado, mas faça algo. Não fique só na frente da televisão. Vem pra cá", afirma.
Luzia ressalta como se sentia sozinha e como as amizades do programa foram importantes nesse processo. "Quando a minha casa estava cheia, ficava tudo bem, mas quando a minha família ia embora, eu ficava triste e chorava. Meus amigos me consolavam, inclusive o Francisco. E da amizade surgiu essa união, uma parceria onde um cuida do outro. Eu o amo muito!", diz a aposentada. Francisco completa: "Te amo do fundo do meu marcapasso".
O amor não é diferente no cenário mais jovem, talvez um pouco mais pueril e inocente. Willian da Conceição e Yasmin Azevedo, de 22 e 21 anos, moradores de Realengo, na Zona Oeste, são surdos e se conheceram ainda crianças, na escola que frequentavam. O interesse amoroso começou pelas redes sociais e não demorou para que o relacionamento, que já dura dois anos e quatro meses, acontecesse.
A estudante participa do RAP da Saúde desde 2016, quando começou a aprender mais sobre saúde e a dividir o conhecimento com outras pessoas com a mesma condição que a sua, além de participar e divulgar o curso de libras da localidade. Willian chegou recentemente, em 2022, mas se destacou durante as oficinas de formação e também já faz a diferença na rede.
"Eu tinha muitos preconceitos sobre o uso de preservativos, violência, amamentação e sexualidade. As oficinas de formação me ajudaram a mudar", conta Willian, destacando os desafios que enfrentou quando chegou ao RAP.
Com a nova percepção e visão de mundo, o jovem passou a se destacar no programa, se tornou multiplicador e, atualmente, é um dinamizador (líder de um dos grupos). E já no próximo semestre ele irá assumir mais um desafio: a sua própria turma de libras.
Yasmin e Willian viviam em um universo restrito, sem muitos amigos ou pessoas para conversar. Atualmente, estão sempre se comunicando e são referências para outros moradores da localidade. Eles utilizam as redes sociais para melhorar a comunicação entre os surdos, com postagens sobre o curso de Libras e a comunicação por sinais.
Sobre os planos para o futuro, o casal já começa a pensar em morar junto e construir a sua própria família. Willian quer estudar Português-Libras e recebe todo o estímulo da rede para que consiga realizar o sonho de ingressar em uma faculdade pública. Yasmin também pensa nos próximos passos e tem demonstrado interesse pela área de medicina veterinária.
A região de atuação do casal é na área que compreende os bairros de Bangu, Padre Miguel, Realengo, e bairros vizinhos. O RAP da Saúde da localidade é formado por 22 jovens, sendo sete deles surdos. O polo de surdos foi criado para discutir a equidade comunicativa dentro das unidades, promovendo a interação entre o grupo e maior alcance das informações.
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