Jardim Botânico do Rio celebra 215 anos nesta terça-feira (15)Divulgação
Publicado 13/06/2023 13:49
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Rio - O Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) comemora 215 anos de fundação nesta terça-feira (13). Para celebrar a data, a programação começou com uma visita ao Espaço Chico Mendes, que foi revitalizado e ganhou uma nova placa em homenagem ao líder ambientalista. O Espaço, inaugurado pela ministra Marina Silva em sua primeira gestão, em 2003, visa preservar a memória da luta dos povos da Amazônia - seringueiros, indígenas, ribeirinhos. A área foi escolhida pela presença de seringueiras (Hevea brasiliensis) ali plantadas desde o início do século XX.
Chico Mendes nasceu em um seringal no Acre e tornou-se seringueiro ainda criança. Deu início à luta dos seringueiros contra o desmatamento criminoso na Amazônia a partir de 1975, por meio do sindicato que liderou até ser assassinado, aos 44 anos.

Segundo a paisagista do JBRJ Ana Rosa de Oliveira – autora do projeto paisagístico com o arquiteto Bernardo Zortea, a placa de vidro instalada no Espaço deixa ver o pequeno 'seringal' do Jardim Botânico, ao mesmo tempo em que sobrepõe a essa paisagem a imagem do homenageado e outros marcos simbólicos.

Em seguida, o Jardim Botânico do Rio homenageou o servidor João Carlos Silva, falecido em janeiro deste ano, dando seu nome ao Centro de Responsabilidade Socioambiental (CRS), que ele criou e liderou por 34 anos. O trabalho de João e de sua equipe mudou para melhor as vidas de milhares de jovens de mais de quatro mil famílias atendidas pelos projetos do Centro desde 1989.

Para celebrar o aniversário, também será inaugurado às 15h30 o Canteiro de Plantas Frutíferas do Brasil, no espaço onde antes estava localizado o estacionamento da Diretoria de Pesquisas, na Rua Pacheco Leão, 915. Foram plantadas 22 mudas de várias espécies, sendo três classificadas na categoria Em Perigo (EN) de conservação e duas consideradas novas para a ciência. O novo canteiro, com 480 metros quadrados, tornou-se possível com a transferência do estacionamento para área reintegrada e faz parte do plano de expansão do arboreto do Jardo Botânico.

Dentre outras espécies que passam a compor o canteiro, estão a jabuticaba-de-folhas-grandes (Plinia grandifolia), jenipapo (Riodocea pulcherrima), categorizada como Em Perigo, pitanguinha-de-mattos (Eugenia mattosii), cabeludinha-vermelha (Myrciaria glomerata), guabiroba-peluda (Campomanesia hirsuta) e butiá-roxo (Butia purpuracens), as duas últimas também Em Perigo.

O arboreto do Jardim Botânico do Rio apresenta um importante acervo de plantas frutíferas brasileiras pouco divulgadas aos visitantes. Ao criar o canteiro de árvores frutíferas, a instituição pretende fomentar ações para sua divulgação, conservação e preservação das espécies. O projeto paisagístico do canteiro também é assinado por Ana Rosa.

Segundo o coordenador de Coleções Vivas do JBRJ, Marcus Nadruz, estima-se que a produção comercial de frutas em nível mundial inclua cerca de 40 espécies. "Esse número é irrisório quando comparado a várias outras, em sua grande maioria com pouco ou nenhum valor econômico, ainda selvagens ou semicultivadas e menos conhecidas", ressalta o pesquisador.

Ainda para Nadruz, o Brasil é um país privilegiado pela diversidade de suas frutas nativas. A Amazônia e a Mata Atlântica, destaca ele, apresentam centenas de espécies frutíferas, constituindo autênticos pomares. "Poucas de nossas frutíferas têm sido coletadas e domesticadas como fizeram com os maracujás, as jabuticabas, os abacaxis e as goiabas. Algumas estão em processo de domesticação e cultivo, como o cupuaçu, o abiu. Mesmo entre as espécies conhecidas, há frutíferas de qualidade excepcional, que necessitam ser cultivadas e difundidas para garantir a preservação da variação intra e interespecífica", afirma o pesquisador.

A comemoração dos 215 anos do Jardim Botânico do Rio se encerra com uma confraternização no saguão do Herbário, às 16h.
A criação do Jardim Botânico do Rio de Janeiro
O Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ) foi fundado em 13 de junho de 1808. A decisão foi do então príncipe regente português D. João de instalar no local uma fábrica de pólvora e um jardim para aclimatação de espécies vegetais originárias de outras partes do mundo. Hoje o Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio de Janeiro - nome que recebeu em 1995 -, é um órgão federal vinculado ao Ministério do Meio Ambiente e constitui-se como um dos mais importantes centros de pesquisa mundiais nas áreas de botânica e conservação da biodiversidade.
O primeiro desafio da criação do jardim foi aclimatar as chamadas especiarias do Oriente: baunilha, canela, pimenta e outras. Durante o reinado de D. João VI, houve um especial incentivo à plantação da Camellia sinensis, da qual se produz o chamado chá preto.
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