Publicado 13/06/2023 19:37 | Atualizado 13/06/2023 20:26
Rio - O Tribunal de Justiça do Rio determinou, nesta terça-feira (13), que as redes sociais de Kérollen Cunha e Nancy Gonçalves sejam bloqueadas. Somando YouTube, Instagram e TikTok, as duas possuem quase 17 milhões de seguidores. As influenciadoras estão sendo investigadas por entregar uma banana e um macaco de pelúcia para crianças negras em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio.
Na decisão, a juíza Juliana Cardoso Monteiro de Barros também pede que o conteúdo investigado pela Polícia Civil seja retirado das plataformas de maneira urgente.
"Destaca vídeo amplamente divulgado na imprensa em que uma das requeridas distribuiu banana e um macaco de pelúcia a crianças negras, inferindo a prática de racismo, objeto de investigação pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância, sendo necessária a apuração pelo Ministério Público quanto a possíveis infrações ao ECA, em razão dos vídeos expondo crianças, adolescentes e idosos a situações vexatórias e degradantes", escreveu a magistrada da Vara da Infância, da Juventude e do Idoso da Comarca de São Gonçalo.
"A primeira requerida (Nancy) é microempresária individual, proprietária da empresa Kerollen e Nancy, cujo objeto é a atividade de pós-produção cinematográfica, de vídeos e de programas de televisão, o que levanta a suspeita de que os vídeos com conteúdos discriminatórios e vexatórios possam ter sido 'monetizados', gerando lucros às requeridas", ressaltou a juíza.
Kérollen e Nancy estão sendo investigadas por racismo pela Delegacia de Crimes Raciais e de Delitos de Intolerância (Decradi) e, na segunda-feira, prestaram depoimento. Elas chegaram na especializada acompanhadas de uma advogada e não quiseram falar com a imprensa.
Em um vídeo publicado nas redes sociais, as influenciadoras, que são mãe e filha, abordaram crianças na rua e pediram para que elas escolhessem entre presente e dinheiro. Em duas situações, quando as crianças negras escolhem pelo presente, uma recebe uma banana e outra um macaco de pelúcia.
O caso veio à tona após a advogada Fayda Belo, especialista em direito antidiscriminatório, denunciar a situação nas redes sociais. Em um vídeo, ela classifica as atitudes como "racismo recreativo", que se trata da prática disfarçada de humor, quando alguém usa de "discriminação contra pessoas negras com intuito de diversão".
Em nota publicada nas redes sociais há uma semana, as influenciadoras afirmaram que "não havia intenção de fazer qualquer referência a temáticas raciais ou a discriminação de minorias".
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