Publicado 14/06/2023 08:55
Rio - A Polícia Civil e o Ministério Público (MPRJ) realizaram, na manhã desta quarta-feira (14), a operação Casa de Papel, com o objetivo de cumprir quatro mandados de prisão contra pessoas denunciadas por estelionato e 46 de busca e apreensão em endereços ligados aos criminosos. Segundo as investigações, os golpistas anunciavam na internet imóveis alugados como se fossem próprios e sumiam depois que recebiam um sinal. Durante a ação, um homem foi preso em um escritório no Centro do Rio. Drogas, granadas, carregadores, munição, dinheiro em espécie, telefones e radiotransmissores foram apreendidos.
De acordo com o MPRJ, 20 pessoas foram denunciadas por envolvimento com estelionato e associação criminosa em um esquema de fraude na compra de imóveis. Os mandados foram cumpridos na Barra da Tijuca, Recreio e Bangu, na Zona Oeste; no Centro do Rio; em Duque de Caxias, São João de Meriti e Belford Roxo, na Baixada. Os pedidos da Promotoria foram deferidos pelo juízo da 3ª Vara Criminal de Caxias.
A ação foi realizada por meio da 3ª Promotoria de Investigação Penal Territorial de Duque de Caxias, com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e de agentes da 62ª DP (Imbariê).
De acordo com a denúncia do MPRJ, o grupo utilizava as empresas Cooperativa Habitacional Fênix e Mesbla Investimentos e Consultoria Ltda. de fachada, para dar credibilidade ao golpe. Em um dos casos, a vítima foi atraída por um anúncio nas redes sociais referente a um imóvel em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no valor de R$ 35 mil. Ao entrar em contato com o número de telefone informado no anúncio, a vítima foi orientada a comparecer em um escritório no bairro de Ipanema, na Zona Sul do Rio, para obter mais informações sobre a possibilidade de financiamento.
Devidamente organizados em suas funções, os criminosos induziram a vítima a contratar um financiamento para a aquisição do imóvel. Acreditando na veracidade da proposta, a pessoa contratou um empréstimo no valor de R$ 35 mil, a serem pagos em 48 parcelas de R$ 600, além de R$ 1.500 referentes à taxa de admissão na cooperativa. Após realizar o pagamento e apresentar o comprovante para uma das supostas funcionárias da cooperativa, a vítima chegou a fazer uma visita ao imóvel, ocasião em que conheceu uma mulher que se apresentou como proprietária do imóvel.
A vítima somente percebeu que havia caído em um golpe após o prazo de 30 dias para a imissão de posse do imóvel.
Foram denunciados por estelionato o sócio-diretor da Cooperativa Habitacional Fênix, e sócio administrador da Mesbla Investimentos e Consultoria. Embora não participassem ativamente das funções da associação criminosa, emprestaram seus nomes para que pudessem ser constituídas, assim colaborando com o crime. Além dos gestores da Cooperativa Casa Habitacional Fênix e a sócia-presidente. Já pelo crime de organização criminosa foram denunciados a gerente geral, sete gerentes das empresas, dois chefes das equipes de telemarketing, duas ex-chefes de equipes, e dois membros do Conselho de Administração.
De acordo com o delegado titular da 62ªDP (Imbariê), Moysés Santana, a investigação começou há seis meses, a partir do registro de ocorrência feito por uma das vítimas.
"O modus operandi dessa associação criminosa é captando imóveis de pessoas que publicam seus bens à venda nas redes sociais. Eles pegam essas informações, como imagens e dados dos proprietários, e publicam novamente, muita das vezes em perfis fakes, colocando a venda como se fossem da imobiliária. O grupo até aluga imóveis para levar as vítimas e passar credibilidade, quando na verdade eles estão vendendo bens que não são deles. Logo após o início da negociação, quando recebiam, eles sumiam e não entregavam o imóvel", explicou.
Ainda segundo o delegado, a quadrilha já aplicou mais de 300 golpes. O prejuízo é estimado em R$ 10 milhões.
Quadrilha dividia funções
De acordo com as investigações, as 20 pessoas indiciadas pela Polícia Civil e denunciadas pelo MPRJ tinham várias funções na associação criminosa. Os quatro 4 alvos dos mandados de prisão são os líderes e os demais integram o grupo, tanto captando clientes, quanto estabelecendo negociação. Enquanto outros são chefes de equipe.
“Além desses 20, haviam dezenas de outras pessoas que eram contratadas para serem telemarketing e muitos nem sabiam do golpe. Elas recebiam chips de telefones em nome de terceiros e trabalhavam apenas no wifi, dentro de escritórios alugados”, explicou o delegado.
O delegado contou também que a quadrilha costumava mudar de escritório com frequência para dificultar suas identificações. Os líderes do grupo ainda ofereciam treinamento para que a equipe pudesse seduzir cada vez mais os clientes.
“Os criminosos são especializados e treinados nessa modalidade de crime. Os chefes davam treinamento para as equipes para que pudessem cada vez mais seduzir os clientes e cobravam metas de cada um na venda de imóveis. A maior parte das vítimas são pessoas com baixa escolaridade, que buscam imóveis mais acessíveis, com preços menores, e acabam sendo seduzidas pela facilidade de compra. Esse crime destrói a vida de muitas pessoas, muitas pegavam todo patrimônio que tinham para apostar na compra de um imovel próprio”, lamentou.
“Além desses 20, haviam dezenas de outras pessoas que eram contratadas para serem telemarketing e muitos nem sabiam do golpe. Elas recebiam chips de telefones em nome de terceiros e trabalhavam apenas no wifi, dentro de escritórios alugados”, explicou o delegado.
O delegado contou também que a quadrilha costumava mudar de escritório com frequência para dificultar suas identificações. Os líderes do grupo ainda ofereciam treinamento para que a equipe pudesse seduzir cada vez mais os clientes.
“Os criminosos são especializados e treinados nessa modalidade de crime. Os chefes davam treinamento para as equipes para que pudessem cada vez mais seduzir os clientes e cobravam metas de cada um na venda de imóveis. A maior parte das vítimas são pessoas com baixa escolaridade, que buscam imóveis mais acessíveis, com preços menores, e acabam sendo seduzidas pela facilidade de compra. Esse crime destrói a vida de muitas pessoas, muitas pegavam todo patrimônio que tinham para apostar na compra de um imovel próprio”, lamentou.
Ainda sobre os agentes telemarketing, as investigações apontam que a maioria não sabia do esquema. “Eles eram contratados sem muitas informações e apenas estabeleciam o primeiro contato com as vítimas, pois quando era iniciada a negociação, era passado para o primeiro e segundo escalão da associação criminosa. Os funcionários eram contratos por site de vaga de emprego e recebiam uma comissão no fim de mês, não tinham vínculo empregatício”, complementou o delegado.
A Polícia Civil ainda busca identificar outros membros da quadrilha. Os materiais apreendidos serão analisados.
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