Publicado 20/06/2023 16:56 | Atualizado 21/06/2023 07:36
Rio - A estação mais fria do ano tem início nesta quarta-feira (21) e os cariocas já começam a mudar os hábitos e a se preparar para enfrentar as temperaturas mais baixas durante os próximos três meses. No comércio, os casacos e agasalhos tomam conta das vitrines, antes ocupadas por roupas mais frescas e leves, enquanto as praias vão ficando mais vazias, já que os banhistas deixam de ir com a mesma frequência que nas temporadas mais quentes.
Segundo o meteorologista Caetano Mancini, da Tempo OK, os cariocas terão um inverno típico, enfrentando o período mais seco do ano, com a passagens, em média, de uma frente fria por semana, e ondas de frio menos intensas, por conta da temperatura mais quente no Oceano Atlântico e do fenômeno El Niño, que promove aquecimento anormal das águas do Pacífico e altera temporariamente a distribuição de umidade e calor no planeta, principalmente na zona tropical.
"Esse ano, a gente vê uma condição para passagem de frentes frias bem dentro do esperado, que é da ordem de uma frente fria por semana, a gente não vê isso prejudicado ou muito diferente do que está acostumado a ver. As ondas de frio, provavelmente, podem não ser tão significativas esse ano e a gente têm uma leve tendência de ter temperaturas um pouco acima da média para essa época, por conta do Oceano Atlântico, que está muito aquecido próximo da costa, e também, eventualmente, por conta da configuração do El Niño, sobretudo, a partir de agosto", explicou o meteorologista.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a tendência para o inverno deste ano no Rio de Janeiro é de temperaturas levemente acima da média em junho, com mínimas de 16ºC a 20ºC e máximas de 25º a 28ºC; dentro da normalidade em julho, com mínimas entre 15ºC e 19º C e máximas entre 24ºC e 27ºC; e acima da média em agosto, com as mínimas de 16ºC a 20ºC e máximas de 25ºC e 29ºC.
"A gente está esperando um inverno mais próximo da média, com uma leve tendência de ter temperaturas um pouco acima do esperado. Não vai ser um inverno quente, mas também não vai ser um inverno com cara de inverno paulista, um inverno frio. Vão ter ondas de frio, porque é típico da época do ano, então eventualmente, a gente pode ter algum episódio de declínio significativo, mas pode ser que esses episódios sejam ou menos frequentes ou menos intensos", continuou Mancini.
Ainda segundo o Inmet, as chuvas também vão ficar abaixo da média, podendo chover de 40mm a 60mm em junho e julho, enquanto em agosto, de 20mm a 40mm. "As águas próximas da costa estão muito aquecidas, então, eventualmente, isso pode vir a favorer a evaporação, também. Então, se a gente tem uma frente fria um pouco mais intensa, pode ser que em algum momento, a gente tenha uma chuva ou um pouco mais forte ou um pouco persistente. É a época do ano que menos chove no Rio de Janeiro, mas a gente pode ter algum período de maior persistência de chuva e nebulosidade em algum momento ao longo do inverno", completou o meteorologista.
Segundo o Instituto Nacional de Meteorologia, nos quatro primeiros dias do inverno, o céu ficará com muitas nuvens, mas não há previsão de chuva. Na quarta-feira, os termômetro podem marcar máxima de 26ºC e mínima de 14ºC, enquanto na quinta-feira (22), 27ºC de máxima e 15ºC de mínima. Já na sexta-feira (23) e no sábado (24), as máximas previstas são de 30ºC e 32ºC, enquanto as mínimas devem ficar em 16ºC e 18ºC, respectivamente.
Mudanças de inverno
Às vésperas do inverno, consumidores estiveram no Saara, no Centro, para garantir os itens necessários para se manterem aquecidos nos próximos meses. Moradora de Miguel Pereira, no Centro-Sul Fluminense, e fã da estação, a enfermeira Rosângela de Carvalho, de 53 anos, esteve no maior shopping a céu aberto do Rio, nesta quarta-feira, a procura de novos casacos para adaptar seu guarda-roupas para o frio.
"Eu gosto muito de inverno, sou de Miguel Pereira, lá é friozinho, aí já aproveitei para renovar o guarda-roupa, escolher uma coisa quentinha, mas também bonita. No inverno, a gente fica muito mais chique, coloca um casaco bem bonito, um echarpe, uma bota. A gente vai comprando roupas novas e acrescentando com o que sobrou do inverno do ano passado", afirmou Rosângela.
Assim como a enfermeira, a dona de casa Zelina dos Santos, de 56 anos, também gosta do inverno e garantiu mantas para aproveitar o melhor da estação."Já está muito frio, mas eu prefiro o inverno. Gosto de ficar em casa, comendo e bebendo, enrolada na manta quentinha, tomando uma coisa gostosa", contou a mulher.
Já a vendedora ambulante Najara da Lima Silva, de 72 anos, disse que o inverno é estação que menos gosta e comprou meias para reforçar seu estoque de agasalhos e conseguir enfrentar o frio, enquanto trabalha nas ruas do Rio. "Eu tenho uns 300 casacos de inverno, mas meia tenho poucas e quero estar bem preparada. Não gosto do inverno, porque eu trabalho na rua, então já estou me preparando. Já tenho bota, tenho touca, para não ficar resfriada e conseguir aguentar o inverno", contou.
Para o eletricista Manoel Silva de Souza, 43, que buscava roupas a caráter para toda a família, a melhor parte do inverno é aproveitar os Arraiás que acontecem em diferentes pontos do estado. "Estou comprando roupa de Festa Junina para mim e para as crianças, mas tem que ser uma coisa mais quentinha, está muito frio. Eu gosto mais do verão, mas gosto muito de festa junina, então o inverno está bom, também. Aproveito para curtir várias quadrilhas".
Apesar de não considerar o inverno no Rio tão rigoroso, o aposentado José Carlos, de 73 anos, contou que sempre se mantém aquecido nessa época do ano. Ele esteve no Saara para comprar cachecóis para um filho que vai viajar e aproveitou para garantir peças para si mesmo. "Estou comprando cachecol para o meu filho, que vai viajar, eu sou um cara precavido, então já estou procurando. O inverno do Rio é diferente, mas já estou agasalhado, sinto frio nos pés, nas mãos. Nessa época, é só luva, meia, cachecol. Mas o inverno no Rio é tranquilo, não é nenhum tormento".
Segundo o professor do quiosque Black Futvôlei, na Praia de Ipanema, na Zona Sul, Eli Pinheiro, de 56 anos, durante o inverno, os alunos diminuem a frequência das aulas ou procuram pela atividade em horários em que as temperaturas estão mais amenas.
"É clássico, tem as pessoas que vêm mesmo no inverno, mas a maioria tem aquela preguicinha por causa do friozinho, e não tem jeito, eles param por uns três, quatro meses e voltam depois. É ruim para o negócio, mas eu já doutrinei as pessoas que jogam um pouquinho mais, então, quando está frio, passam vir às 9h, quando abre um solzinho. Eu só falo assim: 'para de 'migué', sem preguiça, tem que ter disposição", brincou.
Já o assistente administrativo Maurício Veras, de 51 anos, que se exercitava no calçadão de Ipanema, afirmou que não pretende mudar seus hábitos com a chegada do período mais frio. "Sempre me exercito por aqui e, mesmo, com o inverno, pretendo continuar, não dá para ficar parado. De manhã cedo dá uma preguicinha, mas na hora do almoço, aproveito que o sol está mais quentinho e venho".
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