Publicado 21/06/2023 18:07 | Atualizado 21/06/2023 18:35
Rio - A servidora pública aposentada Rosangela Zidan, de 68 anos, acusada de racismo pela produtora de uma peça de teatro, prestou depoimento na tarde desta quarta-feira (21) na 14ª DP (Leblon) e negou as acusações. Ela esteve acompanhada do filho, que também foi ouvido. Ambos pretendem entrar com uma queixa por calúnia e difamação contra a produtora.
A denúncia foi realizada por Patrícia Ferreira da Silva Mendes, de 52 anos. Segundo ela, Rosangela teria se estressado porque o nome dela e o do filho não estavam em uma lista para uma peça que foi realizada no sábado (17), no Teatro Casa Grande, no Leblon, Zona Sul do Rio. Enquanto aguardava a resolução do problema, a idosa teria dito que pessoas como Patrícia, que é negra, não podiam ter cargo de autoridade e que deveriam ser colocadas em um navio e enviadas de volta para a África.
Em seu depoimento, Rosangela confessou que estava nervosa e reclamando da demora, mas negou as acusações e disse que apenas chamou a produtora de chata e citou um palavrão. Ela afirmou que é servidora pública aposentada do Banco do Brasil, onde trabalhou por 25 anos com atendimento ao público, e que nunca teve nenhum tipo de reclamação sobre sua conduta ou respondeu algum processo.
Rosangela ainda disse que a produção só achou a lista com os nomes dela e o do filho após a peça começar e tiveram que pagar R$ 30, valor do ingresso com desconto, para entrar. A reserva dos dois tinha sido realizada por uma outra pessoa.
A aposentada completou que foi à delegacia antes mesmo de ser intimada, mas que não tem testemunhas que possam corroborar com o que alegou.
Família pretende registrar queixa por calúnia e difamação
Matheus Zidan, que estava com a mãe no momento das supostas ofensas, também prestou depoimento nesta quarta (21). Ele foi ouvido como testemunha no caso e após a oitiva afirmou que a família vai registrar uma queixa por calúnia e difamação contra Patrícia.
O homem, de 27 anos, teria dito para a mãe sobre a produtora as frases "A senhora sabe como é conversar com subalterno. A senhora sabe como é essa gente". Durante sua oitiva, Matheus negou a acusação, disse aos policiais que nunca usou a palavra "subalterno" na vida e que mal sabia seu significado. E se tivesse dito, outras pessoas na bilheteria teriam reagido e criado um tumulto, o que segundo ele não aconteceu.
Matheus disse que deixou a mãe em frente ao teatro e seguiu para a orla para estacionar o carro. Quando voltou, ele encontrou a mãe nervosa e indignada depois de saber que seus nomes não estavam na lista. O homem ainda afirmou que a produtora estava exaltada e que não demonstrou vontade para resolver o problema.
Ao DIA, Matheus afirmou que está correndo atrás de imagens e áudios que possam comprovar as suas alegações e da mãe.
"De fato, há um episódio de calúnia. Estamos atrás de câmeras e áudios gravados para provar que nada daquilo foi dito. Repudiamos qualquer atitude racista, tampouco calúnia e difamação", disse.
O caso segue sendo investigado pela 14ª DP (Leblon). Segundo a delegada titular Daniela Terra, o teatro já foi oficiado para enviar as imagens do momento quando as supostas ofensas aconteceram. A delegacia deve ter as gravações nesta quinta-feira (22).
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