Funeral póstumo em homenagem aos entes falecidos pode contar com celebrante, música, flores e fotosDivulgação
Publicado 29/06/2023 09:04 | Atualizado 30/06/2023 09:26
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Rio - Familiares de vítimas da covid-19 que morreram durante a pandemia vão ter a oportunidade de realizar um funeral póstumo. O Crematório e Cemitério da Penitência, no bairro do Caju, Zona Portuária do Rio, criou um projeto para dar chance às pessoas de se despedirem de seus entes queridos.

O projeto, nomeado “Despedida póstuma covid-19”, foi criado este ano com a necessidade de exumar os corpos enterrados em 2020, após três anos determinados pela lei para esse serviço. Antes de iniciar o processo, foi necessário contatar as famílias sobre o que fazer com os restos mortais.

Durante esses contatos, funcionários do cemitério perceberam que muitas famílias sentiam ter deixado algo incompleto. Nos anos de pandemia, as vítimas da doença eram enterradas com caixão lacrado, de forma rápida e sem velório para que parentes e amigos pudessem se despedir.

Segundo dados levantados pelo cemitério, cerca de três mil velórios associados à doença foram registrados no local até março de 2022, quando as autoridades sanitárias anunciaram a retomada dos funerais e, todos eles, sem a chance de familiares realizarem o rito de despedida.

Com a necessidade de ajudar essas famílias a se despedirem de forma digna, o cemitério criou o projeto onde oferece cerimônias personalizadas e individuais, cujo valor varia de acordo com o pacote de serviços escolhido pela família.

Após três anos, a despedida

A professora Vilma Madalena de Assis Souza, de 67 anos, foi uma das primeiras interessadas no Projeto e que só agora pode fazer a despedida simbólica da sua mãe Maria Madalena Cardoso de Assis, vítima de um AVC, seguido de complicações da covid, aos 81 anos, em junho de 2020: “Eu sofri muito esse tempo todo revivendo aquela cena da minha mãe sendo sepultada em um caixão lacrado, sem velório e sem qualquer homenagem.”

A decoração escolhida por Vilma teve flores do campo, com canções clássicas alternadas com as católicas executadas por um violinista e as fotos que remontam a trajetória de uma vida. “Esperei esses três anos para dar a ela um sepultamento digno, não só por ela, mas por toda a família que sofreu muito. A exumação e a cremação seguida do rito de despedida me deixou leve, aliviada, com a sensação de dever cumprido”, conta.

A professora e os filhos, Thiago de Assis Souza, 40, e Wanderlei de Figueiredo Felício, 41, já sabem qual será o destino das cinzas de Dona Maria Madalena. “Combinamos de, em breve, irmos juntos a uma cachoeira perto de Resende, que é um lugar que ela gostava muito, e vamos espargir as cinzas dela na natureza que ela amava. Depois disso, vamos conseguir deixar o pesadelo no passado e permitir aflorar as melhores memórias da minha mãe”, disse.

As cerimônias custam a partir de R$ 1,3 mil, sendo esta a mais simples, que oferece projeção de vídeo com as fotos e homenagens aos entes queridos, livro de presença, música e um representante ecumênico para celebrar a despedida. É possível levar ainda o seu próprio celebrante.

Em outros pacotes de serviços, os familiares ainda podem escolher o tipo de capela, se será com ou sem cremação, se contará ou não com a presença de um músico, de missa, flores, distribuição de lembranças, assinatura em um livro de presença e projeção de fotos e imagens.
No Brasil, mais de 703 mil pessoas morreram vítimas da covid-19 desde 2020. No estado do Rio, o número de óbitos chegou a 77.291.
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