Waelinton Gonçalves dos Santos está preso por um crime que teria sido cometido pelo irmão Reprodução/Redes sociais
Publicado 30/06/2023 20:26 | Atualizado 30/06/2023 21:44
Publicidade
Rio - A mulher de um operário da construção civil tenta provar a inocência do marido que teria sido preso no lugar do próprio irmão, no último dia 16 de maio, no local de trabalho, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Waelinton Gonçalves dos Santos, de 33 anos, está preso na cadeia pública Tiago Teles de Castro Domingues, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, por roubo, tentativa de roubo, porte ilegal de arma e homicídio, todos praticados no Rio Grande do Norte.
No entanto, de acordo com Diego Moreira Saldanha, advogado que defende o operário, os crimes foram cometidos por Vando Gonçalves dos Santos, que mora em Natal. Em todos os delitos, o irmão de Waelinton teria mentido o nome aos policiais, se identificando como se fosse o operário.
Waelinton e a mulher, Michele dos Santos, se conheceram no Rio Grande do Norte e se mudaram para o Rio de Janeiro em busca de melhores condições de vida. Desde então, ele não retornou mais para a cidade de origem. O casal tem duas filhas menores e agora, com o marido preso, Michele tenta na Justiça provar a inocência do companheiro.
"Meu marido está preso, sendo acusado por crimes que nunca cometeu. Eu nesse momento estou muito revoltada porque um inocente está preso, ao mesmo tempo estou triste pela situação das minhas filhas que sentem muito a falta do pai, a ponto de não querer dormir achando que o pai vai chegar. Isso dói meu coração. Ele é uma pessoa boa, sempre procurando dar o melhor para a família", lamentou Michele. 
Entenda o caso
Em maio, após a prisão do operário, a família descobriu que ele estava respondendo por crimes cometidos entre outubro de 2014 e agosto de 2015, todos em tramitação no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte (TJRN). A defesa apresentou provas à Justiça que podem comprovar a inocência dele em todos os casos.
O primeiro crime trata-se de um roubo a uma farmácia em Natal, ocorrido em outubro de 2014. O suspeito que se apresentou como Waelinton ficou sete meses e quatro dias preso, sendo solto em maio de 2015. Pouco antes, em janeiro do mesmo ano, o operário se mudou para o Rio com a mulher. Em fevereiro de 2015, Waelinton estava trabalhando de carteira assinada em uma empresa de construção, também no Rio.
O segundo processo foi registrado no dia 24 de julho de 2015, por tentativa de roubo e posse ilegal de arma. O advogado do preso também apresentou provas que mostram que dez dias antes desse crime Waelinton havia mudado de emprego, também de carteira assinada, em uma empresa com sede em São Conrado, na Zona Oeste do Rio.
Em busca por informações dessa ocorrência, a defesa dele descobriu que nesse crime o homem que disse chamar Waelinton foi baleado, passou por uma cirurgia na barriga e depois fugiu do hospital sem ser formalmente identificado. "Juntamos aos autos do processo fotos recentes do rapaz que demonstram não possuir qualquer cicatriz na região da barriga, além de ter carteira de trabalho assinada. O próprio Ministério Público reconheceu a possibilidade de que o rapaz não estivesse no Rio Grande à época dos fatos", afirmou o advogado.
No dia 28 de agosto, mais um crime, dessa vez um homicídio no Rio Grande do Norte, foi imputado ao operário. Dois dias antes, Waelinton havia se casado no cartório com Michele, no Rio. "Como uma pessoa que tinha acabado de casar, estava em lua de mel, saiu do Rio de Janeiro e matou uma pessoa? Como uma pessoa que foi baleada no dia 24 de Julho de 2015 e passou por uma cirurgia, estava em nova empresa no Rio de Janeiro onze dias depois? O próprio delegado no inquérito policial fez essa pergunta", disse o defensor.
Ainda de acordo com o advogado, a defesa já conseguiu junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) dois alvarás de soltura. Porém, há ainda outros dois processos em andamento na Justiça do Rio Grande do Norte.
"Fico me perguntando como o estado consegue errar desta forma? Como a polícia, o Ministério Público e o Poder Judiciário conseguem fechar os olhos para tanta ilegalidade? O erro começou no inquérito policial e, embora tivesse materialidade de crime, foram incapazes de identificar o verdadeiro autor dos fatos e um abismo foi chamando outro abismo. A polícia foi incapaz de promover um inquérito sem vícios, o Ministério Público ofereceu denúncia e o juiz recebeu", criticou Diego Saldanha.
Enquanto espera a decisão da Justiça, Michele tenta cuidar das duas filhas sozinha. "Eu só peço que a justiça seja feita. Ele é único provedor da família, eu estou praticamente sozinha com minhas duas filhas". Michele, atualmente, está morando com a família do cunhado.
A reportagem procurou o TJRN para maiores informações sobre os processos que tramitam contra Waelinton, mas até o momento não teve resposta. O Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) confirmou que o operário foi preso em maio por conta de processos em andamento no Rio Grande do Norte. 
Publicidade
Leia mais