O alvo da ação, é um jovem de 19 anos, que foi presoDivulgação
Publicado 04/07/2023 08:11
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Rio - A Polícia Civil realizou, na manhã desta terça-feira (4), nas cidades de Cachoeiras de Macacu, na Região Metropolitana, e Teresópolis, na Região Serrana, a segunda fase da Operação Dark Room para cumprir três mandados de busca e apreensão e um de prisão contra o criador do principal grupo do Discord, plataforma onde membros praticavam estupros virtuais, induzimento a automutilação e ao suicídio de crianças e adolescentes. O alvo da ação, um jovem de 19 anos, foi preso escondido na casa da avó, em Teresópolis. Na rede, ele usava o nickname (apelido) “King”, que significa rei em inglês.

De acordo com policiais civis da Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav), a plataforma Discord é um aplicativo de comunicação com suporte a mensagens de texto, voz, chamadas de vídeo e entre outros, concebido inicialmente para a comunidade gamer, mas que acabou se popularizando entre os jovens e adolescentes para outros fins, onde usuários com interesses comuns se reúnem em grupos do aplicativo, chamados de “servers” (servidores).

Ainda segundo o apurado pela Dcav, três servidores da plataforma eram utilizados por um mesmo grupo de jovens e adolescentes de várias regiões do país para cometerem atos de extrema violência contra animais e adolescentes, além de divulgarem pedofilia, zoofilia e fazerem apologia aberta ao racismo, nazismo e a misoginia.

Vídeos publicados na plataforma, e obtidos durante a investigação, mostravam ainda mutilações e sacrifícios de animais como parte de desafios impostos pelos criadores e administradores dos servidores como condição para membros ganharem cargos na comunidade, o que se traduzia principalmente em permissões e acesso às funções dentro do grupo. A maioria dessas ações era transmitida ao vivo em chamadas de vídeo para os integrantes dos servidores.

Adolescentes também eram chantageadas e constrangidas a se tronarem escravas sexuais dos líderes e eram vítimas dos estupros virtuais que eram transmitidos ao vivo por meio de chamadas de vídeo para os integrantes do servidor. Durante a sessão de sadismo as vítimas eram xingadas, humilhadas e obrigadas a se despir e se automutilar. Ao comando do seu “dono” faziam cortes com navalha nos braços, pernas, seios, genitália e tudo mais que mandassem fazer. Muitos espectadores daquilo que chamavam de “panela” riam e vibravam com a crueldade, uma prática conhecida como “LULZ” (trolar e rir do sofrimento alheio).
Grupos públicos nas redes sociais eram criados posteriormente para publicar os vídeos e expor as vítimas dos estupros virtuais, numa prática conhecida como “exposed”.

As vítimas, de várias regiões do Brasil, eram escolhidas no próprio Discord, em perfis abertos das redes sociais ou até mesmo indicadas por outros integrantes do grupo. Utilizando engenharia social e pesquisas em sites de bancos de dados de consulta de crédito e até de hospitais, os líderes obtinham e reuniam informações pessoais delas, numa prática conhecida como “DOXX”. A partir daí iniciavam uma série de chantagens até conseguirem exercer domínio sobre a vítima.

Na primeira fase da operação, que ocorreu no último dia 27, dois adolescentes foram apreendidos. O de 17 anos, capturado em Pedra de Guaratiba, na Zona Oeste, era considerado um dos principais líderes do grupo. Mais de 12 pessoas foram presas/apreendidas pela Polícia Federal e Polícias Civis dos estados desde o início da força-tarefa.
Os envolvidos podem responder pelos crimes de associação criminosa, estupro de vulnerável e de vender ou expor a venda e armazenar foto, vídeo ou outro registro com cena de sexo explícito ou pornografia infantojuvenil.
O que diz a Discord
De acordo com a plataforma, já foram removidos 98% das comunidades identificadas nos últimos seis meses por mostrar material com abuso de crianças no Brasil. 
"O Discord é amplamente utilizado pelas pessoas para ter interações positivas e encontrar pertencimento online. No Brasil, 99.9% das comunidades do Discord nunca violaram nossas políticas. Temos uma política de tolerância zero para atividades em nossa plataforma que sejam potencialmente prejudiciais à sociedade e estamos comprometidos em garantir que seja um lugar positivo e seguro para todos.
Por meio de nossos esforços em combater as ameaças à segurança infantil, nós proativamente removemos 98% das comunidades que identificamos nos últimos seis meses por mostrar material com abuso de crianças no Brasil.

Atualmente, mais de 15% de nossa equipe está focada no tema de segurança - isso significa que temos mais funcionários trabalhando em segurança do que em marketing. Isso mostra como o tema é prioritário para nós para termos uma plataforma segura para os usuários.

Temos cuidado especial com os usuários brasileiros e estamos ativamente buscando parcerias no Brasil com pessoas e entidades especializadas em temas de segurança infantil".
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