Publicado 23/07/2023 06:00 | Atualizado 24/07/2023 17:06
Rio – Um prédio gigantesco abandonado aos pés do Cristo Redentor, destoando da natureza e da paisagem da Mata Atlântica que o cerca completamente. Dentro da Floresta da Tijuca, uma das maiores áreas verdes urbanas do mundo, está o 'Hotel Esqueleto', batizado assim pelos cariocas por ser apenas a estrutura do que era para ter sido um empreendimento grandioso.
Construído na década de 1950 para ser um hotel de luxo, o Gavea Tourist Hotel teve, por um tempo, a boate Sky Terrace nos últimos andares ainda em construção, e, por uma noite, recebeu uma grande festa de réveillon, em 1965, que comemorou o quarto centenário do Rio. Agora, 70 anos após a paralisação de suas obras, ele será um empreendimento turístico cinco estrelas, para o qual foi projetado.
Com design modernista e localização de tirar o fôlego, a Estrada das Canoas, em São Conrado, Zona Sul, o futuro hotel se chamará Gávea Boutique & Extended Stay Hotel, com previsão de abertura para 2026 e valores de diárias que vão variar entre R$ 2 mil a um pouco mais de R$ 8 mil.
A retomada e conclusão das obras serão feitas pela empresa Gavea Residence & Incorporações SPE, uma sociedade criada em 2021 com o propósito específico de viabilizar a iniciativa.
Mas no Rio de Janeiro até os imóveis inacabados têm muita história para contar. O projeto inicial foi concebido pelo arquiteto Décio da Silva Pacheco e incluía um teleférico para o deslocamento dos hóspedes e elevadores suíços. As obras começaram pelas mãos da Companhia Califórnia de Investimentos, quando ainda não havia sido criado o Parque Nacional da Tijuca. O Maciço da Tijuca, formado pelas Paineiras, Corcovado, Tijuca, Gávea Pequena, Trapicheiro, Andaraí, Três Rios e Covanca, só foi se transformar em Parque Nacional em 1961 e, sete anos depois, em Parque Nacional da Tijuca, com uma área de 33 km².
A concepção do hotel aconteceu nos chamados Anos Dourados, que compreenderam os anos 1950 e o plano desenvolvimentista do então presidente Juscelino Kubitschek (1956-1961), um período de intensas transformações sociais, econômicas, urbanas e comportamentais. Entre os destaques, o incentivo dado por JK à indústria automobilística e à consolidação da urbanização.
Como a malha rodoviária se expandia, lugares antes inacessíveis, como São Conrado, passaram a fazer parte da rota. Fora que a cidade do Rio de Janeiro ainda era a capital do Brasil e Getúlio Vargas, em 1932, havia regulamentado os desfiles de escolas de samba, difundindo a folia como símbolo de brasilidade e atraindo turistas de todo o mundo para o Rio. À época, o presidente encomendava de compositores renomados letras com conteúdo que enaltecesse a moral brasileira. É o que explica o historiador Rafael Mattoso.
"O hotel foi construído explorando a natureza do Rio e o atrativo de ser uma cidade cultural, com a novidade dos desfiles de Carnaval, que impulsionava o Rio como capital turístico internacional, além do Cristo Redentor, que também era um novo atrativo. Projetos em meio à natureza estavam em voga naquela época, o bondinho do Pão de Açúcar havia sido criado em 1912 com essa ideia", afirma. "O Rio de Janeiro, principalmente durante os governos do presidente Getúlio Vargas, entre 1930 e 1945, e depois de 1951 a 1954, se preocupava em divulgar o país. Logo, estimulava por meio do Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP) o sentimento ufanista, principalmente com relação às belezas naturais. Neste contexto, tivemos a visita de Walt Disney no Rio, em 1941", completa.
Uma série de outros tipos de música estimulavam o turismo, com a venda da imagem do Brasil externamente, com interpretações ufanistas, falando das maravilhas do cenário nacional e do exotismo da mata e da floresta que o Brasil tinha para exportar.
"A história do turismo no Brasil começa a se desenvolver nos anos 1950, e em 1966 tem a criação da Embratur, Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo, um serviço autônomo do Ministério do Turismo do Brasil, ainda dentro do contexto de investimentos no turismo na época da construção do Gávea Tourist Hotel", esclarece Rafael.
A arquitetura moderna brasileira também adquiria prestígio internacional, através de profissionais como Lucio Costa, Affonso Eduardo Reidy, Jorge Moreira e Oscar Niemeyer, que construiu sua casa na Estrada das Canoas, a mesma do hotel, em 1951.
O projeto do hotel adotava os princípios da arquitetura moderna, como planta sobre pilotis em colunas em forma de 'V', pavimento livre e terraço ocupado. Ele contemplava 16 pavimentos sobre os pilotis, 480 unidades habitacionais, com vestíbulo, bar, sala, armário para roupa usada e varanda. O hotel ainda teria restaurante e serviços para o lazer nos 30 mil m² de área construída. Com estrutura pronta, o Gavea Tourist Hotel foi lançado em 1953, no modelo de venda de cotas de participação com direito a uso, e tinha até mesmo um letreiro luminoso com o nome do hotel, que era visto à distância.
Em 1959, a sua inauguração passou a ser noticiada, mas ela nunca chegou a aconteceu. Houve adiamentos e ações para acalmar os ânimos dos cotistas, como a instalação da boate Sky Terrace e a festa de réveillon. Em 1972 as obras foram paralisadas e, em 1977, houve a decretação da falência da California Investimentos, com o abandono do prédio, tornando-se um jazigo arqueológico na Floresta da Tijuca.
Pouca coisa ou quase nada restou além da estrutura. Com o tempo, a construção foi invadida, pichada e sofreu roubos e furtos, como dos elevadores suíços. Pessoas passaram a frequentar o prédio para fazer atividades radicais, como rapel, e apreciar a vista do topo dos seus 272 degraus, que dá para o mar de São Conrado e a Pedra da Gávea, além de fazerem fotos para as redes sociais. Outros tipos de investidas foram feitas na exploração do lugar. O rapper Filipe Ret, por exemplo, filmou um clipe no prédio abandonado e a vigilância contratada pela administração anterior estava cobrando irregularmente uma espécie de ingresso para pessoas acessarem o imóvel.
Briga judicial
Foram 11.531 cotas vendidas na época da construção do hotel, que asseguravam hospedagem de 15 dias por ano no Gávea Tourist Hotel. Com a paralisação das obras, a Califórnia Investimentos transferiu o prédio para o nome de duas pessoas físicas que, no mesmo dia, repassaram para o Grupo Lume, de grande poder econômico da época.
A luta judicial começou então, na década de 70, com o advogado Fredímio Trotta e cerca de 500 cotistas para anular as escrituras de venda para as duas pessoas físicas e depois o repasse para o grupo Lume. De lá para cá, foram mais de 40 ações na justiça, de toda a natureza. Em 1991, a defesa dos cotistas chegou a pedir o afastamento do juiz responsável pelo caso por suspeição de imparcialidade, e ganhou a causa.
João Frederico Trotta, que junto com o seu irmão Fredímio Biasotto Trotta, é o atual advogado da causa após o falecimento do pai, afirma que, com a falência da California Investimentos, não havia dinheiro para arrecadar na massa falida. Ou seja, não havia massa falida. Posteriormente, houve a anulação das vendas e o conjunto arquitetônico voltou para o patrimônio da massa falida. Então, em 1980, o grupo financeiro Haspa adquiriu o controle acionário da massa falida para tentar ficar com o prédio inacabado do Gávea Tourist Hotel.
João Frederico Trotta, que junto com o seu irmão Fredímio Biasotto Trotta, é o atual advogado da causa após o falecimento do pai, afirma que, com a falência da California Investimentos, não havia dinheiro para arrecadar na massa falida. Ou seja, não havia massa falida. Posteriormente, houve a anulação das vendas e o conjunto arquitetônico voltou para o patrimônio da massa falida. Então, em 1980, o grupo financeiro Haspa adquiriu o controle acionário da massa falida para tentar ficar com o prédio inacabado do Gávea Tourist Hotel.
Para tanto, tentou algumas medidas judiciais, inclusive em nome da Califórnia Investimentos, em que fez um depósito judicial de cerca de R$ 2 milhões (em valores atuais), alegando que seria suficiente para pagar todos os credores, mesmo estando os seus créditos ainda ilíquidos, e pediu a extinção das obrigações da massa falida, para encerrar a falência. O então juiz titular da 5ª Vara Cível da Capital deferiu esse pedido da Haspa, extinguindo as obrigações da Califórnia. Contra a sentença, o advogado Fredímio Trotta recorreu ao Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro. O TJ reformou a decisão de 1ª instância, destacando no documento "a generosa desatenção do juiz", já que os créditos se encontravam ilíquidos, sem garantias aos credores.
Posteriormente, a Haspa ingressou com outra ação requerendo o levantamento desse valor, em razão da reforma da sentença. A defesa conseguiu, então, que o valor fosse mantido no patrimônio da massa falida e destinado ao pagamento dos cotistas e credores.
Posteriormente, a Haspa ingressou com outra ação requerendo o levantamento desse valor, em razão da reforma da sentença. A defesa conseguiu, então, que o valor fosse mantido no patrimônio da massa falida e destinado ao pagamento dos cotistas e credores.
Após intensa briga judicial, a construção foi vendida em 2011 em um pregão judicial, para ressarcimento dos cotistas do Gavea Tourist Hotel, alguns vivos, mas a maioria já como herdeiros. O prédio foi vendido com licença de obras em vigor, uma conquista adquirida pela defesa dos cotistas para impulsionar a venda, aprovada pela prefeitura e pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Após a venda judicial, o novo proprietário tinha prazo para seguir como licença residencial, mas quis que o projeto fosse de um hotel e chegou a contratar Paulo Casé, arquiteto de vanguarda e urbanista famoso por construir hotéis como o Marriot, na Avenida Atlântica, e o Le Méridien, atual Hilton, também em Copacabana.
A licença original foi concedida em 1953 para a construção de um hotel com 480 apartamentos. No início dos anos 60, foi concedido habite-se (documento que garante que a construção da propriedade foi concluída com êxito, permitindo que possa residir no local) parcial, exclusivo para a cobertura, onde funcionou uma boate. A licença original (para hotel) foi sendo renovada até a década de 70. Posteriormente, para viabilizar a venda do prédio inacabado na falência, e para dar segurança jurídica aos interessados, obteve-se uma nova licença, em nome dos cotistas junto à Prefeitura do Rio e ao Iphan, que permitia o término da construção com menos apartamentos - cerca de 230 -, e para fins residenciais.
Quando as obras paralisaram, o Iphan chegou a defender a ideia de que elas não poderiam ser concluídas, e que o prédio teria de ser demolido. Nesta ocasião, os cotistas e o advogado recorreram a decisão no Iphan de Brasília, e conseguiram que o Iphan em nível nacional reconhecesse o direito de concluir a obra, em 2004. Eles alegaram que não podia demolir o prédio, pois haviam cotas vendidas. Alfredo Sirkis, secretário municipal de urbanismo na ocasião, concluiu que o dano ambiental de demolir seria maior do que o de continuar com as obras.
Em 2011, o hotel foi vendido por R$ 30 milhões à F.J. Produções Ltda., de Brasília. Em dezembro de 2015, a Justiça do Rio decidiu que o valor da venda poderia ser dividido entre os cotistas, para o pagamento das indenizações.
De acordo com informações preliminares, o empresário Jamil Elias Suaiden, da F.J Produções, desejava construir, no lugar do imóvel abandonado, um hotel quatro estrelas, com 600 quartos e um centro de convenções, mas o projeto não teria sido possível porque o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) não autorizou a realização de alterações do desenho original, inviabilizando o início das obras. No entanto, o Iphan informou que o esqueleto de concreto não é o valor reconhecido no tombamento.
Novo empreendimento
Novo empreendimento
O projeto atual prevê 80 unidades de hotel-boutique, para hóspedes, e 150 unidades de acomodação "long stay", para residentes, hospedagem com período prolongado, e comodidades semelhantes às de um apartamento residencial.
A etapa inicial do retrofit e do reposicionamento do Gávea Tourist Hotel se baseia na recuperação estrutural, na revitalização geral das áreas e na recuperação do paisagismo. A expectativa pela Gávea Residence & Incorporações é concluir esta etapa inicial entre março e abril de 2024. A segunda etapa compreende os sistemas de infraestrutura, como elétrica, hidráulica, prevenção e combate a incêndio, e início do projeto de automação predial. Já a etapa 3 trata-se do projeto arquitetônico e interiores, bem como decoração.
O projeto aprovado na Prefeitura do Rio autoriza a reforma do edifício para finalidade exclusivamente hoteleira com 440 chaves.
A parte de acesso dos residentes (long stay) ao empreendimento conta até mesmo com cozinha gourmet completa e equipada e mini mercado. Ainda no térreo, haverá serviços como spa, salão de beleza, ambulatório e consultório para hóspedes e pet hotel.
Na cobertura, com mais de mil m², ficarão o restaurante e bar, abertos para não-hóspedes, mirante e uma academia de ginástica 24 horas com personal trainer à disposição e piscina aquecida. O conceito é definido como "um produto icônico e único. Concebido para hóspedes e residentes long stay que procuram vivências únicas de bem-estar com privacidade e segurança", com todos os serviços de hotel e serviços de mordomia, como compras de supermercado e motorista.
Os apartamentos de 32, 60, 70 e 75 m² terão varanda, sala de estar, cozinha, suíte com closet, banheiro com box e banheira separado.
"A localização é única, porém não é óbvia, então precisamos agregar mais valor à estadia dos nossos hóspedes. Vamos criar um beach club próprio na Praia de São Conrado, oferecendo, além de serviço de praia, uma área com toaletes, vestiários, bar, lounge e espaço para guarda de objetos, sobretudo para quem deseja morar no hotel. Teremos ainda serviço de van para os hóspedes no trajeto hotel-praia-hotel. Os valores de diária são compatíveis com o produto. Porém, nosso desafio é desenvolver o destino", afirma Marcos Cumagai, gestor e conselheiro do Gávea Residence & Incorporações SPE.
Projetos de sustentabilidade também estão no escopo do hotel, como viveiro de espécies nativas da Mata Atlântica, produção de adubo a partir do lixo orgânico e reutilização da água da chuva.
"São mais de 70 anos de história de um empreendimento inacabado, o qual assumi com o objetivo de recuperá-lo e devolvê-lo à sociedade como um negócio sustentável e de valia inestimável à região, para quem sabe, no futuro, transformar-se em mais um atributo turístico único da cidade do Rio de Janeiro", conclui Marcos.
Questões ambientais
A obra possui as licenças urbanística e ambiental, de acordo com a legislação vigente, segundo a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico, Inovação e Simplificação do Rio (SMDEIS), que ainda informou em nota que "trata-se de uma obra concluída, portanto possíveis impactos ocorreram na ocasião da construção. A construção está localizada em zona de amortecimento do Parque Nacional da Tijuca, ou seja, fora dos limites do Parque, e a licença não prevê remoção de vegetação. Vale ressaltar que a licença foi precedida de análise favorável do Parque".
Segundo o Parque Nacional da Tijuca, o Parque tem limites bem definidos por lei e, de acordo com a área do Parque, o hotel fica totalmente fora da Unidade de Conservação, mas não é uma zona de amortecimento. O Parque afirma ainda que não foi procurado pela prefeitura para tratar do empreendimento.
"As zonas de amortecimento precisam ser criadas por lei, e há mais de 60 anos, o Congresso Nacional não chegou a votar a zona de amortecimento do Parque Nacional da Tijuca. Por isso, não há uma. Quando o Parque Nacional da Tijuca foi criado, em 1961, ficaram dentro dele as seguintes florestas: Paineiras, Corcovado, Tijuca, Gávea Pequena, Trapicheiro, Andaraí, Três Rios e Covanca. Porém, popularmente, virou tudo uma coisa só: Floresta da Tijuca. Mas, a verdade é há várias florestas dentro do Parque, que ele protege. O Parque informa ainda que não foi procurado ultimamente pela prefeitura para tratar deste empreendimento".
O Parque protege a Floresta da Tijuca, mas não em toda a sua totalidade. Existem trechos de mata que estão fora do limite do Parque e, por isso, o Parque não tem a obrigação legal e nem permissão para atuar. Nestes casos, a responsabilidade é da prefeitura ou do Governo do Estado.
O ambientalista Mario Moscatelli afirma que na época que a edificação foi construída, o grau de consciência ambiental era ainda muito incipiente: "Nós vivíamos a época do milagre econômico e a natureza estava aí para ser usufruída, usada e abusada. O tema ambiental não era prioritário para a sociedade. Agora temos uma outra situação jurídica, mais limitante em relação a este tipo de construção. Se fosse uma obra atualmente a ser executava duvido que teria vida fácil, teria problemas para ser executada".
Rafael Mattoso chama a atenção para as fiscalizações daqui para frente. "A obra já está feita, então vejo essa questão como uma que precisa de um certo cuidado para seguir. A empresa tem que ter um plano de manejo, saber como explorar sem danos para área, ver o que é viável e o que não é, para que tenhamos um turismo sustentável. Não dá para pensar em ampliar acesso de automóvel, por exemplo, ou fazer mais obras. Até para garantir a vista tem que tirar a mata que está em volta. Temos que pensar de forma crítica. O turismo pode impactar em uma área, a regulamentação e a fiscalização deste empreendimento estarão acontecendo? Questões que fazem refletir até que ponto podemos usufruir do meio ambiente para o viés de turismo, uma reflexão bem atual e contemporâneo para se fazer”, afirma.
"As zonas de amortecimento precisam ser criadas por lei, e há mais de 60 anos, o Congresso Nacional não chegou a votar a zona de amortecimento do Parque Nacional da Tijuca. Por isso, não há uma. Quando o Parque Nacional da Tijuca foi criado, em 1961, ficaram dentro dele as seguintes florestas: Paineiras, Corcovado, Tijuca, Gávea Pequena, Trapicheiro, Andaraí, Três Rios e Covanca. Porém, popularmente, virou tudo uma coisa só: Floresta da Tijuca. Mas, a verdade é há várias florestas dentro do Parque, que ele protege. O Parque informa ainda que não foi procurado ultimamente pela prefeitura para tratar deste empreendimento".
O Parque protege a Floresta da Tijuca, mas não em toda a sua totalidade. Existem trechos de mata que estão fora do limite do Parque e, por isso, o Parque não tem a obrigação legal e nem permissão para atuar. Nestes casos, a responsabilidade é da prefeitura ou do Governo do Estado.
O ambientalista Mario Moscatelli afirma que na época que a edificação foi construída, o grau de consciência ambiental era ainda muito incipiente: "Nós vivíamos a época do milagre econômico e a natureza estava aí para ser usufruída, usada e abusada. O tema ambiental não era prioritário para a sociedade. Agora temos uma outra situação jurídica, mais limitante em relação a este tipo de construção. Se fosse uma obra atualmente a ser executava duvido que teria vida fácil, teria problemas para ser executada".
Rafael Mattoso chama a atenção para as fiscalizações daqui para frente. "A obra já está feita, então vejo essa questão como uma que precisa de um certo cuidado para seguir. A empresa tem que ter um plano de manejo, saber como explorar sem danos para área, ver o que é viável e o que não é, para que tenhamos um turismo sustentável. Não dá para pensar em ampliar acesso de automóvel, por exemplo, ou fazer mais obras. Até para garantir a vista tem que tirar a mata que está em volta. Temos que pensar de forma crítica. O turismo pode impactar em uma área, a regulamentação e a fiscalização deste empreendimento estarão acontecendo? Questões que fazem refletir até que ponto podemos usufruir do meio ambiente para o viés de turismo, uma reflexão bem atual e contemporâneo para se fazer”, afirma.
A notícia da conclusão do empreendimento chega com o lançamento do Governo do Estado do Rio de Janeiro, nesta quarta-feira (19), do projeto "O Rio de Janeiro continua lindo. E perto!", para promover a cidade como destino no Brasil. Desenvolvido pela Secretaria de Turismo, o objetivo é promover o maior número de turistas no estado. A campanha tem início no próximo dia 2 de agosto, e percorrerá oito cidades do Brasil que historicamente são as maiores emissoras de visitantes para a Cidade Maravilhosa: Belo Horizonte, Ribeirão Preto, Goiânia, Brasília, Porto Alegre, Curitiba, Rio de Janeiro, São Paulo e Gramado.
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