Publicado 30/07/2023 19:27 | Atualizado 30/07/2023 21:45
Rio - Conhecido por ser um dos coletivos culturais mais atuantes em prol da herança afro-brasileira, grupo Tambores de Olokun foi impedido de promover uma oficina de percussão, na tarde deste sábado (29), Aterro do Flamengo, Zona Sul do Rio. A denúncia é do Alexandre Garnizé, fundador do grupo, que alega ter sido tolhido de continuar uma aula, após abordagem de uma viatura do programa Segurança Presente.
Segundo Alexandre, que também é músico e historiador, ele e 25 alunos foram parados pelos agentes, por volta das 16h, com a justificativa de que moradores estariam reclamando do som alto. A Escola de Ritmos Batuquebato, outro grupo que estava próximo ao grupo Tambores de Olokun e que também iria tocar percussão no local, foi abordado pelos policiais e orientado a encerrar as atividades. O Segurança Presente, no entanto, nega que tenha impedido as atividades.
O líder do Tambores contou ao DIA que um policial o informou que várias denúncias de moradores foram feitas no sábado (29), solicitando que a oficina parasse com o barulho. Essa não foi a primeira vez que o grupo teria sido impedido de tocar no Aterro. Desde que eles começaram a ocupar o espaço para realizar manifestações culturais, moradores do bairro têm se queixado da presença do coletivo.
"Essas denúncias partem de uma população que se acha rica. A gente já sofria assédio por telefone. Eu já recebi mensagem de uma pessoa falando que ia me matar e, na época, eu denunciei o caso na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), e foi descoberto que se tratava de uma pessoa que tinha o costume de ficar disparando mensagens de ódio nas redes", revela Alexandre.
Para o fundador, trata-se de um caso de racismo e intolerância religiosa. "São sempre as mesmas denúncias, vindo de uma pessoa que mora ali. Isso é crime de racismo, preconceito por parte de pessoas que falam que isso que fazemos é 'coisa de preto macumbeiro'. O Rio de Janeiro se tornou uma cidade tóxica", lamenta.
"Essas denúncias partem de uma população que se acha rica. A gente já sofria assédio por telefone. Eu já recebi mensagem de uma pessoa falando que ia me matar e, na época, eu denunciei o caso na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), e foi descoberto que se tratava de uma pessoa que tinha o costume de ficar disparando mensagens de ódio nas redes", revela Alexandre.
Para o fundador, trata-se de um caso de racismo e intolerância religiosa. "São sempre as mesmas denúncias, vindo de uma pessoa que mora ali. Isso é crime de racismo, preconceito por parte de pessoas que falam que isso que fazemos é 'coisa de preto macumbeiro'. O Rio de Janeiro se tornou uma cidade tóxica", lamenta.
July Tilie, da Escola de Ritmos Batuquebato, também foi abordada pelos policiais e explicou que os agentes pareciam estar constrangidos de terem que parar a apresentação do grupo. "Eu pedi para eles me explicarem o que estava acontecendo, e eles foram gentis. Estavam um pouco constrangidos de terem parado nossa apresentação de forma brusca, e explicaram que precisavam seguir as ordens. Quando questionei qual lei infringimos e qual o problema de utilizarmos o espaço público, alegaram que era perturbação do sossego. Explicaram que essa reclamação pode ser feita a qualquer hora do dia, a partir do momento que algum morador se sentir incomodado com barulho", diz.
A Escola de Ritmos tem atividades regulares na Fundição Progresso, e esse foi o primeiro ensaio aberto que eles fizeram nesse ano, com todos os alunos. "Tivemos de parar nossa apresentação, mais de uma hora antes do previsto por conta dessa intervenção", reclamou.
Revoltado com a situação, Alexandre Garnizé afirma que não vai parar com as aulas, pois está respaldado pela lei. Ainda segundo Alexandre, o grupo já havia se reunido com a Secretaria de Cultura do município para tratar sobre a realização das aulas em dias de semana e aos sábados.
A oficina é realizada toda terça, quarta e sexta, das 19h às 21h. E, aos sábados, das 16h às 18h, no Aterro. "Eu vou voltar a dar aulas lá porque não tem lei que me proíbe de tocar tambor. Meus ancestrais já sofreram com isso para que hoje eu possa ter essa liberdade", diz.
A oficina é realizada toda terça, quarta e sexta, das 19h às 21h. E, aos sábados, das 16h às 18h, no Aterro. "Eu vou voltar a dar aulas lá porque não tem lei que me proíbe de tocar tambor. Meus ancestrais já sofreram com isso para que hoje eu possa ter essa liberdade", diz.
Procurada, a assessoria do programa Segurança Presente informou que a base no Aterro do Flamengo recebeu denúncias de moradores sobre o caso e prontamente foi até o local. Ainda segundo o órgão, os agentes pediram para que o som fosse abaixado, mas que em nenhum momento impediu a realização das atividades. Um segundo grupo também estava montando os instrumentos no Aterro, mas não continuaram com o som.
A Secretaria de Cultura do município do Rio ainda não se manifestou sobre o caso. O espaço está aberto para manifestação.
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