O jovem Guilherme Lucas Martins Matias morreu após ser baleado por PM ao sair de baile funkReprodução
Publicado 07/08/2023 12:07 | Atualizado 07/08/2023 13:55
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Rio - O motorista que dirigia o veículo que foi alvejado no domingo (6), no Morro do Santo Amaro, provocando a morte de um jovem, afirmou que não havia blitz e que um policial militar atirou sem dar ordem de parada. O motoboy Guilherme Coutinho Martins da Silva, 30, voltava de um baile funk na comunidade que fica no Catete, na Zona Sul, junto com o irmão, o fiscal Matheus Coutinho Martins da Silva, o primo Jean Lucas Rodrigues e os amigos, o ator Paulo Rhodney do Nascimento de Jesus e o frentista Guilherme Lucas Martins Matias, quando o carro em que estavam foi alvo de cerca de dez disparos na frente e na traseira. 
Segundo o motoboy, eles voltavam da comemoração do aniversário de Guilherme Lucas e entraram na contramão da Rua do Fialho. No momento em que subiam a via, eles viram um PM, que atirou sem realizar uma abordagem. Assustado com os tiros, o motorista acelerou. "Vimos o policial, porém ele atirou sem dar ordem (de parada), ele só atirou. Acelerei quando ele atirou, foi minha reação. Num primeiro momento, eu só pensava em tirar eles dali", contou ele, que afirmou que os ocupantes só viram um policial e não dois, como informado em depoimento. 
Na oitiva na 5ª DP (Centro), um dos PMs contou que ao ver o carro na contramão, foi para o meio da pista e fez sinal para que parasse, o que não teria acontecido. O depoimento diz ainda que o motorista acelerou o veículo contra o agente, que conseguiu sair da frente. Ele relatou ainda que o passageiro do banco do carona estava com uma pistola apontada em sua direção e que, por isso, fez sete disparos contra o automóvel. A versão também foi negada por Guilherme, que afirmou que nem o primo Jean Lucas, que estava ao seu lado, nem qualquer outro ocupante estava armado. 
"Não tinha arma alguma, eles estão mentindo. Ele atirou na frente, depois atrás, ouvi uns dez (tiros), todos na direção do carro, nenhum tiro de advertência, nenhum tiro nos pneus, só disparo fatal. Ele (o PM) disse que tinha arma, por que não teve disparo de dentro do veículo? Mentiroso!", declarou o motoboy, que pediu por justiça. "Eu espero que ele seja preso e pague pelo que fez. Não somos bandidos, não temos envolvimento, somos trabalhadores", desabafou. 
O motorista chegou a dirigir até o Morro da Coroa, em Santa Teresa, no Centro, onde eles moram, e socorreu Guilherme Lucas para o Hospital Municipal Souza Aguiar, na mesma região, mas o jovem não resistiu aos ferimentos. Além dele, o fiscal foi baleado no quadril e o ator no joelho. Eles foram levados por moradores da comunidade para a mesma unidade de saúde e receberam alta ainda no domingo (6). O motoboy e Jean Lucas não ficaram feridos. 
Procurada, a Polícia Militar informou que o comando determinou a instauração de um procedimento apuratório interno para averiguar as circunstâncias da ação e que as câmeras corporais utilizadas pelos policiais já foram recolhidas e os envolvidos na ocorrência prestaram depoimento na 5ª DP. "A 1ª Delegacia de Polícia Judiciária Militar (1ª DPJM) acompanha o caso", completou a corporação. A Polícia Civil disse que a arma do PM envolvido na ação foi apreendida e as câmeras corporais solicitadas para perícia. 
"Ninguém aqui é bandido, ninguém aqui deve nada para ninguém. Não tinha pistola, são todos trabalhadores. Essa versão deles não se sustenta, nós fazemos questão das imagens das câmeras (corporais), que é para provar. O que mata é que eles cometem um erro grosseiro e ainda querem justificar, falando que tinha arma no carro, que era bandido. Como sempre, querem justificar que viram arma, que deram tiro. Mentira", afirmou o pai de Guilherme e Matheus, Cosme Martins da Silva. 
Por conta da morte do frentista, na tarde de ontem, uma manifestação ocupou uma faixa do elevado Trinta e Um de Março, na altura da saída do túnel Santa Bárbara, sentido Centro, em Laranjeiras, na Zona Sul. A Rua Pinheiro Machado também ficou interditada por cerca de uma hora, na altura do Viaduto Jardel Filho. Guilherme Lucas tinha 26 anos e deixa um filho de 4. Ainda não há informações sobre o local e horário do sepultamento da vítima.
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