Publicado 08/08/2023 16:41 | Atualizado 08/08/2023 19:27
Rio - O corpo do ex-vereador Jair Barbosa Tavares, o Zico Bacana, será sepultado na manhã desta quarta-feira (9) no Cemitério de Irajá, na Zona Norte do Rio. O homem, de 53 anos, foi assassinado a tiros nesta segunda-feira (7) em uma padaria de Guadalupe, também na Zona Norte da cidade. A família acusa o tráfico de drogas da região de ter cometido o crime.
Zico estava sentado no estabelecimento quando criminosos chegaram e atiraram em sua direção. O ex-vereador foi baleado na cabeça e levado por populares para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, Zona Oeste, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
De acordo com informações do 41º BPM (Irajá), os suspeitos estavam em um veículo não identificado. O grupo parou na frente da padaria, por volta das 17h20, na esquina da Rua Eneas Martins com a Francisco Portela, e realizaram os disparos. O crime aconteceu a poucos metros da casa do ex-vereador.
Jorge Tavares, irmão de Zico, e Marlon Correia dos Santos também morreram no ataque. Ambos foram socorridos e encaminhados para o mesmo hospital onde Jair foi levado, mas morreram antes de dar entrada na unidade. Marlon foi atingido por um tiro nas costas e outro no pé. Ainda não é de conhecimento da polícia se ele estava ou não acompanhado de Zico na ocasião do ataque. Uma quarta pessoa, que seria o segurança do ex-vereador, ficou ferida.
O velório de Jair está marcado para às 7h, na Capela 8, Santo Cristo, do Cemitério de Irajá. Já o sepultamento será realizado às 11h. O garçom Marlon dos Santos, de 35 anos, será enterrado também nesta quarta-feira (8) no Cemitério de Ricardo de Albuquerque. Ainda não há informações sobre o enterro de Jorge Tavares, irmão de Zico.
Família acusa tráfico de homicídio
Familiares dos irmãos Jair e Jorge Tavares estiveram, na manhã desta terça-feira (8), no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para reconhecimento e liberação dos corpos. De acordo com Joyce Tavares, filha de Jorge e sobrinha do ex-vereador, a família e seu tio sofriam ameaças "todos os dias".
Em meio a muitas lágrimas, a familiar contou que seu tio se recusava a sair do bairro e o deixar entregue à criminalidade, mesmo correndo risco de vida e sob ameaças de criminosos.
"Eles foram mortos ontem covardemente numa padaria. Eles foram nascidos e criados ali [no bairro], se recusavam sair do bairro. Ele [Zico] falava: 'Minha sobrinha, se eu sair daqui, Guadalupe acaba, vai ter que todo mundo ir embora porque os bandidos querem tomar conta disso aqui. Enquanto eu estiver vivo, vou lutar porque eu, como policial, ainda tenho voz'. Ele chamava a polícia porque a gente estava vivendo coagido. Eu tive que sair da minha casa, porque os bandidos foram na minha porta”, expôs.
A mulher ainda relatou que seu tio sofria ameaças diárias, com requintes de crueldade, dos traficantes da região e que, mesmo assim, não sentia medo de continuar no local.
“Meu tio sofria ameaça todo dia, a gente sofria ameaça, eles falavam que iam arrancar a cabeça do meu tio que iam matar, iam fazer acontecer e ele lutava em prol do bairro. Ele estava aí, tem nas redes sociais, lutando para ter esgoto, saneamento, ajudava a população. Podem ir lá em Guadalupe e perguntar aos moradores o que que ele fazia”, disse.
“Meu tio sofria ameaça todo dia, a gente sofria ameaça, eles falavam que iam arrancar a cabeça do meu tio que iam matar, iam fazer acontecer e ele lutava em prol do bairro. Ele estava aí, tem nas redes sociais, lutando para ter esgoto, saneamento, ajudava a população. Podem ir lá em Guadalupe e perguntar aos moradores o que que ele fazia”, disse.
Em seu relato, Joyce assumiu que a família tem certeza que o crime foi orquestrado pelo tráfico local, já que, após o anúncio da morte dos três, os criminosos realizaram um baile com música alta e até mesmo soltaram fogos.
“Tenho certeza que foi o tráfico de drogas. Eles fizeram baile ontem, tocaram músicas altas, soltaram fogos. Eles comemoraram. Eles são lá de trás, do gogó [os traficantes que atuam na região], todo mundo sabe, só que tem medo. Agora como vão ficar meus parentes lá? Eu tenho os tios, tenho os primos, primas, está todo mundo com medo, todo mundo silenciado”, comentou.
“Tenho certeza que foi o tráfico de drogas. Eles fizeram baile ontem, tocaram músicas altas, soltaram fogos. Eles comemoraram. Eles são lá de trás, do gogó [os traficantes que atuam na região], todo mundo sabe, só que tem medo. Agora como vão ficar meus parentes lá? Eu tenho os tios, tenho os primos, primas, está todo mundo com medo, todo mundo silenciado”, comentou.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Questionada sobre as acusações da familiar, a Polícia Civil destacou apenas que os agentes da especializada realizam diligências para apurar a autoria e a motivação do crime.
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