RIOgaleão afirmou que portaria possibilita que o Rio explore todo o seu potencial turístico e econômicoDivulgação
Publicado 11/08/2023 14:31
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Rio - Entidades dos setores de viagens, turismo e hospedagem veem com otimismo a assinatura da portaria que assegura a migração de voos do Aeroporto Santos Dumont, no Centro do Rio, para o Tom Jobim, o Galeão, na Ilha do Governador, a partir do próximo ano. A medida foi adotada como forma de aumentar a operação no terminal internacional, que tem a maior pista comercial do país e pode receber 37 milhões de usuários por ano, mas que em 2022 teve menos de 6 milhões, o que representa apenas 20% da capacidade.
O tema vinha sendo discutido há meses entre os Governos Federal e do Estado e a Prefeitura do Rio, depois que a Infraero aumentou o número de voos do Santos Dumont, que recebeu mais de 10 milhões de passageiros no ano passado e ficou no limite da operação, provocando um esvaziamento do Galeão, que é administrado pela concessionária Changi, de Cingapura. A portaria foi assinada nesta quinta-feira (10) pelo ministro de Portos e Aeroportos, Márcio França.
O empresário e presidente da Associação Rio Vamos Vencer, ligada aos setores do turismo, cultura e imobiliário, Marcelo Paes Fernandez Conde, afirmou que o Santos Dumont não tem condições de segurança ou técnicas para a quantidade de voos, mas tem recebido volume excessivo de passageiros, quando deveria realizar apenas viagens de ponte aérea e de menor distância. 
"É uma visão pequena achar que o Santos Dumont resolve os nossos problemas. É um aeroporto que tem uma pista perigosíssima, os aviões são modernos, mas a pista, se chove muito, ela não pode ser usada, o avião tem que ir com menos carga, com menos passageiros. E aí, (os passageiros) não vão para o Rio, vão para outros lugares e, muitas vezes, não vêm para o Brasil, também, porque o aeroporto de Guarulhos está lotado. É o Brasil que perde. O Governo se deu conta de que se tiver que crescer rápido, onde é que você vai oferecer a uma companhia estrangeira vir, onde uma companhia brasileira pode botar 30, 40 voos de uma hora para outra? Só no Galeão", disse Marcelo.
Ainda de acordo com Conde, o esvaziamento do Galeão provocou danos ao turismo de todo o país. "O Galeão é um equipamento que pode transportar 40 milhões de passageiros, sem problemas, e hoje chegou a 6 milhões, prejudicando e muito o turismo não só no Rio de Janeiro, como no Brasil. Com o crescimento pós-pandemia, você precisa de aeroportos com disponibilidade e, felizmente, temos o Galeão. Eu estou muito otimista de que o Governo fez isso na hora certa e que vai ter muita prosperidade com a ampliação de voos do Galeão", completou.
De acordo com o presidente do Sindicato Patronal dos Meios de Hospedagem do Município do Rio (HotéisRIO), Alfredo Lopes, a medida é fundamental para o crescimento do turismo e da economia fluminense e que já vinha sendo solicitada por todo o segmento do turismo e das empresas ligadas à importação, exportação e transporte de cargas.
"Essas medidas que visam uma gestão compartilhada entre os dois aeroportos, colocando em cada um exatamente qual é a sua função e dentro da sua capacidade, é fundamental para o crescimento do turismo e da economia do Rio, lembrando que os aviões também têm carga. Eu acho que essa readequação será muito boa para os usuários, para a economia e para as próprias empresas aéreas, que vão poder operar com mais organização e podendo atender e ampliar as operações, através da chegada de novos voos internacionais aqui no Rio de Janeiro", pontuou Lopes.
Para o presidente da Associação Brasileira de Agência de Viagens do Rio (Abav/RJ), Luiz Strauss, o Rio de Janeiro tem condições para que os dois aeroportos estejam operando dentro da capacidade adequada, a médio prazo, mas o Galeão precisa de atenção para voltar a ser um dos maiores do país.
"O Galeão realmente precisa de uma atenção melhorada para não sucumbir, era para ser o segundo melhor aeroporto do Brasil e ficou essa atmosfera de decadência. Com esse anúncio, dá segurança para os investidores deste setor, as companhias aéreas a voltarem com seus voos e proporem novos voos. E também não se fala do que vem na 'barriga' do avião, as cargas, mas isso (a portaria) também proporciona a regularização e o aumento dessa demanda, que acabou sucumbindo pela falta de voos internacionais", afirma Luiz.

Ainda segundo Strauss, com a retomada de voos, o poder público pode fazer investimentos para melhorar a segurança nos acessos do aeroporto que estão conflagrados pela violência, como a Linha Vermelha: "Se não houver demanda e se não houver funcionamento, nada vai se melhorar, então, abre-se também a oportunidade da melhoria desses aspectos. Se tiver demanda de situação negativa, o Governo vai colocar atenção e vai melhorar. Se tiver problema de infraestrutura no Galeão, que deveria estar um pouco melhor, havendo demanda, todos vão somar esforços para melhorar. Tendo mais ofertas, vai aumentar a possibilidade de captação de grandes eventos internacionais e isso acaba melhorando e dando a oportunidade do Rio voltar a competir de igual para igual".
A portaria estabelece que as operações do Santos Dumont vão ficar limitadas para voos distantes até um raio de 400 quilômetros, apenas para Congonhas, em São Paulo, e Vitória, no Espírito Santo. As viagens para Brasília, no primeiro momento, também vão sair do Aeroporto Internacional. Além disso, o termina já começa a ter sua capacidade reduzida em outubro, com as companhias aéreas diminuindo de 30% a 50% a oferta de voos, para alcançar, até o final de 2023, o número máximo anual de 10 milhões de passageiros.
Procurado, o RIOgaleão afirmou que a coordenação dos aeroportos oficializada pelas autoridades públicas possibilita que o Rio de Janeiro explore todo o seu potencial turístico e econômico, contribuindo também com o desenvolvimento do Brasil. "Aeroportos fortes e bem conectados funcionam como verdadeiros motores da economia, trazendo turismo e negócios para suas regiões de influência. Esse é um passo muito importante que a cidade está dando para voltar a operar como um dos principais hubs de aviação civil do país", diz a nota.
Em nota, a Latam informou que "está ciente da publicação sobre as mudanças da aviação comercial no Rio de Janeiro e informa que as alterações em sua malha aérea serão comunicadas oportunamente pela companhia aos seus clientes". Já a Azul informou que "não vai comentar o assunto neste momento" e que "qualquer mudança em sua malha será comunicada em ocasião oportuna". A reportagem do DIA procurou as demais companhias aéreas, mas ainda não obteve resposta. O espaço está aberto para manifestação.


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