Publicado 16/08/2023 15:34
Rio - A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) informou, na terça-feira (15), que encontrou fragmentos de projétil no corpo da menina Eloáh Passos, de 5 anos, morta com um tiro no peito enquanto brincava dentro de casa, no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio. O material passou por perícia e, agora, será comparado com os projéteis usados por policiais militares que estavam na ação policial realizada na comunidade.
A Polícia Civil quer saber se o tiro que matou a criança partiu da Polícia Militar ou de criminosos que atuam na região. Eloáh morreu dentro do próprio quarto, no último sábado (12). Ela foi socorrida por um mototaxista e uma vizinha para o Hospital Municipal Evandro Freire, também na Ilha, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.
Versões da família e da PM
Ao DIA, o tio de Eloah, Michael Abe, 43, disse que não havia troca de tiros no momento em que a sobrinha foi ferida. A família afirma que o disparo partiu de policiais militares que atuavam na região. "Não teve troca de tiros, não teve operação e não teve confronto. Teve foi uma polícia despreparada. O tiro nunca ia vir de cima como estão falando. Tá difícil, da forma que foi... Ela tinha cinco anos", disse ele.
Já a PM afirma que, enquanto reforçavam o patrulhamento na comunidade, os policiais foram atacados a tiros e manifestantes fecharam as vias no entorno, atiraram pedras contra as viaturas e as equipes. O Batalhão de Rondas Especiais e Controle de Multidão (Recom) e o Grupamento Aeromóvel (GAM) atuou na ação.
A manifestação estava acontecendo por causa da morte do adolescente W.E, de 17 anos, também baleado e morto no Dendê durante uma ação policial. Segundo a mãe de W.E, ele completaria 18 anos na segunda-feira (14) e ela já havia comprado todo o material para fazer o bolo de aniversário. Sobre a morte do adolescente, a equipe do 17º BPM disse teve a atenção voltada para dois homens em uma moto, na Rua Paranapuã. A corporação disse ainda que o ocupante da moto era o adolescente W. E e que o mesmo estava com uma pistola e atirou contra os policiais, gerando um confronto.
Policiais afastados
Devido a morte da menina e do adolescente, o comandante do 17º BPM, tenente-coronel Fábio Batista Cardoso, foi afastado da administração da unidade. A corporação explicou que a decisão foi tomada para "dar uma maior lisura e transparência à averiguação dos fatos referentes às ações ocorridas na manhã deste sábado (12), na Ilha do Governador, Zona Norte da cidade".
Segundo a Polícia Militar, dois policiais que estavam na hora e local da morte de Eloáh também foram afastados preventivamente das suas funções. As câmeras corporais acopladas aos agentes também foram recolhidas e passam por perícia. Outras imagens de câmeras de segurança também são analisadas pela DHC.
Segundo a Polícia Militar, dois policiais que estavam na hora e local da morte de Eloáh também foram afastados preventivamente das suas funções. As câmeras corporais acopladas aos agentes também foram recolhidas e passam por perícia. Outras imagens de câmeras de segurança também são analisadas pela DHC.
Governador do Rio repercutiu as mortes
O governador Cláudio Castro (PL) quebrou o silêncio nesta terça-feira (15) sobre as mortes da criança de 5 anos e de dois adolescentes, de 13 e 17 anos, em apenas uma semana no município do Rio em decorrência de ações policiais. Castro lamentou as perdas e disse que é preciso ter humildade para reconhecer quando erros acontecem no protocolo da Polícia Militar.
"Esse é um dos nossos piores momentos como governantes. Ninguém acorda de manhã para trabalhar querendo saber no fim do dia que uma criança perdeu sua vida. Eu já reiterei várias vezes que eu não comemoro a morte de ninguém, nem de traficante, nem de ninguém. É preciso ter coragem para defender quando está certo e humildade para reconhecer quando alguma coisa fora do protocolo acontece", disse o governador.
Castro destacou também que a punição não vai devolver as vidas dos menores de idade. "Essas punições não vão devolver a vida de ninguém, mas é o nosso papel no processo de correção. Continuar o treinamento", disse.
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