Terreirão do Samba terá gestão privada e ganhará obras de repaginação

A empresa que vencer a licitação ficará a cargo da administração e gestão do espaço; sambistas pedem que identidade do local seja mantida

Fotos do Terreirão do Samba, no Centro, nesta Sexta-feira (18).Pedro Ivo/ Agência O Dia
Publicado 18/08/2023 11:03
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Rio - O Terreirão do Samba Nelson Sargento, ao lado do Sambódromo, no Centro do Rio, passará por obras de repaginação e deverá funcionar durante o ano todo. As ações estão previstas no edital de licitação para concessão do espaço, divulgado nesta sexta-feira (18) pela prefeitura.
A Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos, órgão da prefeitura que está à frente da iniciativa, afirma que a concessionária que vencer a licitação ficará a cargo das obras, administra�75 31.066406-4.625 5.289062-9.242187 5.953125-17.167968 1.984375-7.925782-3.964844-33.457032-12.335938-63.726563-39.332031-23.554687-21.011719-39.457031-46.960938-44.082031-54.890626-4.617188-7.9375-.039062-11.8125 3.476562-16.171874 8.578126-10.652344 17.167969-21.820313 19.808594-27.105469 2.644532-5.289063 1.320313-9.917969-.664062-13.882813-1.976563-3.964844-17.824219-42.96875-24.425782-58.839844-6.4375-15.445312-12.964843-13.359374-17.832031-13.601562-4.617187-.230469-9.902343-.277344-15.1875-.277344-5.28125 0-13.867187 1.980469-21.132812 9.917969-7.261719 7.933594-27.730469 27.101563-27.730469 66.105469s28.394531 76.683594 32.355469 81.972656c3.960937 5.289062 55.878906 85.328125 135.367187 119.648438 18.90625 8.171874 33.664063 13.042968 45.175782 16.695312 18.984374 6.03125 36.253906 5.179688 49.910156 3.140625 15.226562-2.277344 46.878906-19.171875 53.488281-37.679687 6.601563-18.511719 6.601563-34.375 4.617187-37.683594-1.976562-3.304688-7.261718-5.285156-15.183593-9.253906zm0 0"/>
  • Fotos do Terreirão do Samba, no Centro, nesta Sexta-feira (18).Pedro Ivo/ Agência O Dia
    Publicado 18/08/2023 11:03
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    Rio - O Terreirão do Samba Nelson Sargento, ao lado do Sambódromo, no Centro do Rio, passará por obras de repaginação e deverá funcionar durante o ano todo. As ações estão previstas no edital de licitação para concessão do espaço, divulgado nesta sexta-feira (18) pela prefeitura.
    A Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos, órgão da prefeitura que está à frente da iniciativa, afirma que a concessionária que vencer a licitação ficará a cargo das obras, administração e gestão do local por 25 anos. O órgão reforça, ainda, que o espaço não será vendido para a iniciativa privada.

    A programação organizada pela empresa vencedora deverá ser, obrigatoriamente, no mínimo de 50% de samba, e que na época da folia, também terá que ser exclusivamente vinculada ao Carnaval. Nestes eventos, os novos gestores deverão, ainda, se comprometer com uma cobrança de ingressos a preços acessíveis. No último Carnaval o valor foi de R$ 20.
    Pelas imagens, é possível ver que o espaço apresenta estrutura precária, com muros pichados e pinturas descascadas. O período de obras é previsto em 18 meses a partir do momento em que iniciarem as intervenções - após assinatura do contrato. A licitação foi marcada para 21 de setembro.
    Ao DIA, o jornalista Anderson Baltar, especializado em samba e Carnaval e fundador da rádio Arquibancada, comentou sobre a importância de manter a cultura do samba no espaço depois da concessão. "O Terreirão tem que ser rediscutido, o espaço é importante, sobretudo de acesso cultural e para população de menor poder executivo. Deve ser encontrado uma forma dele ser sustentável, já foram feitas tentativas anteriores que não deram certo, então acima de tudo deve ser um projeto que contemple o espaço e garanta a cultura do samba no Rio de Janeiro, que é uma cidade que se ressente de bons espaços do samba, porque se você for, por exemplo, em Buenos Aires, veremos casas de tango abertas o dia inteiro, já aqui, muit�ão e gestão do local por 25 anos. O órgão reforça, ainda, que o espaço não será vendido para a iniciativa privada.

    A programação organizada pela empresa vencedora deverá ser, obrigatoriamente, no mínimo de 50% de samba, e que na época da folia, também terá que ser exclusivamente vinculada ao Carnaval. Nestes eventos, os novos gestores deverão, ainda, se comprometer com uma cobrança de ingressos a preços acessíveis. No último Carnaval o valor foi de R$ 20.
    Pelas imagens, é possível ver que o espaço apresenta estrutura precária, com muros pichados e pinturas descascadas. O período de obras é previsto em 18 meses a partir do momento em que iniciarem as intervenções - após assinatura do contrato. A licitação foi marcada para 21 de setembro.
    Ao DIA, o jornalista Anderson Baltar, especializado em samba e Carnaval e fundador da rádio Arquibancada, comentou sobre a importância de manter a cultura do samba no espaço depois da concessão. "O Terreirão tem que ser rediscutido, o espaço é importante, sobretudo de acesso cultural e para população de menor poder executivo. Deve ser encontrado uma forma dele ser sustentável, já foram feitas tentativas anteriores que não deram certo, então acima de tudo deve ser um projeto que contemple o espaço e garanta a cultura do samba no Rio de Janeiro, que é uma cidade que se ressente de bons espaços do samba, porque se você for, por exemplo, em Buenos Aires, veremos casas de tango abertas o dia inteiro, já aqui, muitas vezes um turista ou um morador procura um espaço para curtir o samba e não encontra."

    Baltar ainda demonstrou preocupação com a programação não ser 100% samba. "Acho que deveria ser mais, para que o samba tivesse o espaço dele. Outros gêneros já têm espaço demais na cidade, e o samba muita das vezes fica em segundo plano".
    O cantor, compositor e cavaquinista da Velha Guarda da Portela, Serginho Procópio, também falou sobre a importância do espaço e a necessidade de melhorias na infraestrutura.
    "No meu modo de pensar, aquele espaço merece um pouco mais de carinho e cuidado realmente e se essa privatização oferecer o conforto necessário ao espaço, eu não tenho nada contra. O local precisa de conservação. Ali tem muita história para gente do samba, principalmente o espaço da Praça Onze, onde ficava a casa da tia Ciata, que foi muito importante para nossa cultura do samba, que foi muito perseguido naquela época", disse.

    Serginho reforçou, ainda, a importância de manter o segmento presente no local. "Aquela é uma área de resistência e muita história a respeito. Que continue sendo o espaço do samba com atrações ligadas ao samba. Não tenho nada contra outros ritmos, mas ficará muito estranho um espaço chamado Terreirão do Samba oferecer na sua maioria outros tipos de eventos que não sejam ligados ao nosso ritmo. Não podemos esquecer também, que aquele espaço é onde se apresentam sambistas antigos que quase não têm espaço na mídia ou em outros locais para se apresentarem durante o Carnaval. Muitos deles lendas e histórias deste segmento. É preciso respeitar todas essas tradições para se fazer uma boa gestão”, finalizou.
    Melhorias
    Entre as melhorias previstas com a concessão estão a reformulação do palco; a adequação às normas de segurança, a requalificação urbana do entorno, e a previsão de uso de estruturas móveis para oferta de serviços como alimentos. O edital ainda prevê uma programação anual de eventos que privilegie o samba e manifestações culturais derivadas.

    "Este é um equipamento cultural simbólico da cidade e nós queremos reforçar o calendário anual de eventos para celebrar o samba no Rio. A concessionária ficará responsável pelos investimentos estruturais e pela gestão do espaço e o edital reforça a obrigatoriedade de a maioria da programação ser focada no ritmo mais carioca que existe", explicou o presidente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), Gustavo Guerrante.

    O investimento privado é estimado em R$ 10 milhões na readequação e manutenção do espaço ao longo do período de contrato. A empresa vencedora pagará, no mínimo, uma outorga fixa de R$ 275 mil.
    Tentativas

    Essa é a terceira vez que a prefeitura anuncia uma iniciativa para transferir a gestão do Terreirão para o setor privado. Em 2021, a então presidente da Riotur, Daniela Maia, chegou a anunciar um chamamento público para empresas interessadas. Mas a iniciativa não foi à frente. Ideia semelhante chegou a ser lançada durante o governo do ex-prefeito Marcelo Crivella. 

    Outra área que recentemente passaria para a iniciativa privada seria o Centro de Tradições Nordestinas, em São Cristóvão. O edital chegou a ser lançado em abril deste ano, mas foi suspenso após reunião da prefeitura com feirantes que ficaram descontentes com a ação. 
    Local histórico
    O Terreirão do Samba é um equipamento cultural que tem como objetivo preservar o gênero musical mais importante do Rio de Janeiro. Inaugurado em 1991, o espaço leva o nome Nelson Sargento, compositor, artista plástico e eterno presidente de honra da Mangueira. O palco do equipamento é batizado com o nome de João da Baiana, um dos pioneiros do samba.
    Na mesma região, no início do século XX, ficava a casa da lendária Tia Ciata, figura histórica e uma das principais influências dos primórdios do samba. O fato explica o simbolismo e a importância do espaço para todos os sambistas.
    O local é conhecido por abrigar shows antes, durante e depois do Carnaval. Desde sua fundação, ele é administrado pela Riotur. Na gestão Crivella, porém, chegou a ficar um tempo sob gestão da Secretaria de Cultura.

    Localizado no Centro, com acesso principal pela Rua Benedito Hipólito, próximo ao Sambódromo, é servido por diversos modais de transporte público (metrô, ônibus e VLT), possuindo uma área de 11.160m², com área de intervenção direta ampliada de 13.560m² contemplando as vias do entorno.
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    Os comentários não representam a as vezes um turista ou um morador procura um espaço para curtir o samba e não encontra."

    Baltar ainda demonstrou preocupação com a programação não ser 100% samba. "Acho que deveria ser mais, para que o samba tivesse o espaço dele. Outros gêneros já têm espaço demais na cidade, e o samba muita das vezes fica em segundo plano".

    O cantor, compositor e cavaquinista da Velha Guarda da Portela, Serginho Procópio, também falou sobre a importância do espaço e a necessidade de melhorias na infraestrutura.
    "No meu modo de pensar, aquele espaço merece um pouco mais de carinho e cuidado realmente e se essa privatização oferecer o conforto necessário ao espaço, eu não tenho nada contra. O local precisa de conservação. Ali tem muita história para gente do samba, principalmente o espaço da Praça Onze, onde ficava a casa da tia Ciata, que foi muito importante para nossa cultura do samba, que foi muito perseguido naquela época", disse.

    Serginho reforçou, ainda, a importância de manter o segmento presente no local. "Aquela é uma área de resistência e muita história a respeito. Que continue sendo o espaço do samba com atrações ligadas ao samba. Não tenho nada contra outros ritmos, mas ficará muito estranho um espaço chamado Terreirão do Samba oferecer na sua maioria outros tipos de eventos que não sejam ligados ao nosso ritmo. Não podemos esquecer também, que aquele espaço é onde se apresentam sambistas antigos que quase não têm espaço na mídia ou em outros locais para se apresentarem durante o Carnaval. Muitos deles lendas e histórias deste segmento. É preciso respeitar todas essas tradições para se fazer uma boa gestão”, finalizou.
    Melhorias
    Entre as melhorias previstas com a concessão estão a reformulação do palco; a adequação às normas de segurança, a requalificação urbana do entorno, e a previsão de uso de estruturas móveis para oferta de serviços como alimentos. O edital ainda prevê uma programação anual de eventos que privilegie o samba e manifestações culturais derivadas.

    "Este é um equipamento cultural simbólico da cidade e nós queremos reforçar o calendário anual de eventos para celebrar o samba no Rio. A concessionária ficará responsável pelos investimentos estruturais e pela gestão do espaço e o edital reforça a obrigatoriedade de a maioria da programação ser focada no ritmo mais carioca que existe", explicou o presidente da Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), Gustavo Guerrante.

    O investimento privado é estimado em R$ 10 milhões na readequação e manutenção do espaço ao longo do período de contrato. A empresa vencedora pagará, no mínimo, uma outorga fixa de R$ 275 mil.
    Tentativas

    Essa é a terceira vez que a prefeitura anuncia uma iniciativa para transferir a gestão do Terreirão para o setor privado. Em 2021, a então presidente da Riotur, Daniela Maia, chegou a anunciar um chamamento público para empresas interessadas. Mas a iniciativa não foi à frente. Ideia semelhante chegou a ser lançada durante o governo do ex-prefeito Marcelo Crivella. 

    Outra área que recentemente passaria para a iniciativa privada seria o Centro de Tradições Nordestinas, em São Cristóvão. O edital chegou a ser lançado em abril deste ano, mas foi suspenso após reunião da prefeitura com feirantes que ficaram descontentes com a ação. 
    Local histórico
    O Terreirão do Samba é um equipamento cultural que tem como objetivo preservar o gênero musical mais importante do Rio de Janeiro. Inaugurado em 1991, o espaço leva o nome Nelson Sargento, compositor, artista plástico e eterno presidente de honra da Mangueira. O palco do equipamento é batizado com o nome de João da Baiana, um dos pioneiros do samba.
    Na mesma região, no início do século XX, ficava a casa da lendária Tia Ciata, figura histórica e uma das principais influências dos primórdios do samba. O fato explica o simbolismo e a importância do espaço para todos os sambistas.
    O local é conhecido por abrigar shows antes, durante e depois do Carnaval. Desde sua fundação, ele é administrado pela Riotur. Na gestão Crivella, porém, chegou a ficar um tempo sob gestão da Secretaria de Cultura.

    Localizado no Centro, com acesso principal pela Rua Benedito Hipólito, próximo ao Sambódromo, é servido por diversos modais de transporte público (metrô, ônibus e VLT), possuindo uma área de 11.160m², com área de intervenção direta ampliada de 13.560m² contemplando as vias do entorno.
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