Jovem alega que tia do ex-namorado a cortou com prestobarba enquanto o homem a seguravaArquivo Pessoal
Publicado 25/08/2023 16:52
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Rio - A designer Andressa Maria de Melo Campista, de 24 anos, que acusa o ex-namorado, a mãe e a tia do homem de agressão e cárcere privado, conseguiu, junto à Justiça do Rio, uma medida protetiva contra os suspeitos dos crimes. A jovem segue recebendo tratamento psicológico e tomando medicamentos.
A juíza Luciana Fiala Siqueira de Carvalho determinou, nesta terça-feira (22), que o trio está proibido de se aproximar da vítima com menos de 250 metros de distância. Os suspeitos também não podem se comunicar com Andressa. A magistrada ainda encaminhou a jovem a um programa de proteção às mulheres. A partir da decisão, a designer começou a ser acompanhada por uma equipe da Patrulha Maria da Penha.  
Em sua justificativa, Luciana destacou que a violência contra as mulheres tem relação com a desigualdade de gênero e tem que ser encarada como um problema de ordem pública. Sobre o caso de Andressa, as provas apresentadas no processo são suficientes para determinar uma medida protetiva a seu favor.
"A violência contra as mulheres está presente em todas as classes sociais, etnias e faixas etárias. Constitui um dos fatores estruturantes da desigualdade de gênero, deixando de ser vista como um problema de âmbito privado ou individual para ser encarada como um problema de ordem pública. Nesse contexto, verifica-se que os elementos trazidos aos autos são mais que suficientes para caracterizar verdadeiro risco à integridade física da vítima a ponto de se conceder as medidas pleiteadas, cujo caráter é excepcional", escreveu.
Caso os suspeitos ignorem as determinações, eles podem ser presos preventivamente. O caso segue sendo investigado pela 13ª DP (Ipanema). Segundo a Polícia Civil, os envolvidos serão chamados para prestar depoimento e outras diligências seguem para esclarecer os fatos.
Agressões e cárcere privado
Andressa usou os stories do Instagram, nesta quarta-feira (23), para dar detalhes sobre o caso. Ela disse que morou junto com o companheiro e as duas mulheres por apenas sete dias. Neste tempo, a jovem relatou que ficava presa no quarto e que só podia sair por 30 minutos.
"Tinha direito apenas a duas saídas de, no máximo, trinta minutos. Se eu excedesse, eu tinha problemas. Elas regravam minha quantidade de comida, não deixava que eu tomasse banho todos os dias e 'trabalhava' de graça como designer para e empresa da mãe", escreveu.
Durante esses dias, Andressa disse que quis ir embora, mas foi impedida pelo companheiro, provocando uma discussão, na última sexta-feira (18). Por isso, a tia do homem teria mandado que ele a prendesse e começado a cortar o corpo dela com um aparelho descartável de barbear, enquanto a humilhava. A vítima chegou a ser levada a um hospital, mas negou as agressões por medo e ameaças que sofria.
"Ela dizia: 'Se gritar, seu cachorro morre.' Sangrou muito e pedi para que me levassem ao médico, mas ela impôs uma condição: tomar 20mg de Zolpidem para simular loucura de suicídio. Chegando no hospital, o médico desconfiou porque pessoas que querem se suicidar fazem com gilete e não com prestobarba (que é algo seguro). Estava claramente configurado como tortura. Eu neguei toda a suspeita do médico por medo. Se eu denunciasse meu cachorro morreria. 'Ah, mas fez isso só por causa de um cachorro?' Dorothy é minha filha. Jamais fugiria e a deixaria morrer. 'Ah, mas porque não fugiu nos tempos de passeio de 30 minutos?' Simples, ameaças de matar meus familiares", escreveu.
Andressa explicou que voltou para a casa e começou a gritar com a tia do homem por causa do ocorrido, o que teria provocado outro episódio de agressão. A mulher teria obrigado o sobrinho a segurar a jovem à força, colocado remédio em sua boca e a agredido com socos e tapas na cara. A mãe do companheiro teria falado pra chamar uma ambulância e demonstrar preocupação afirmando que era suicídio.
"Neste momento de distração dos três sobre o que fazer eu consegui pegar o meu cachorro e gritar por socorro. Desci as escadas do condomínio gritando por socorro. Um casal vizinho me socorreu me colocando no carro. Nesse momento que o remédio fez seu efeito total e eu não lembro de mais nada. Lembro de estar descalça, sangrando e vagando na rua procurando o meu cachorro. Minha mãe foi me buscar em Copacabana", disse.
A mulher foi socorrida e encaminhada ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, Zona Norte, de onde recebeu alta na segunda-feira (21). Ela ainda chegou a atendida no Instituto Municipal Philippe Pinel, em Botafogo, na Zona Sul do Rio. No local, a psiquiatra que a atendeu destacou que a jovem não possui comportamento suicida.
Andressa disse ainda que o suspeito devolveu seu gato e seu cachorro, mas o cão estava ferido, com uma das patas enfiada em um ferro. A cadela foi para a veterinária e já se recuperou.
"No entanto, está traumatizada. Ninguém pode se aproximar de mim que ela avança. No momento, estou realizando tratamento psicológico e medicamentos. Nunca deixem o medo calar vocês. Eles alegam que eu que queria me matar. Quem quer se matar não grita por socorro. Se fosse o caso, eu não pediria socorro. Se fosse o caso, eu não estaria cheia de hematomas pelo corpo", finalizou.
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