Publicado 30/08/2023 19:55
Rio - O Instituto Estadual do Ambiente (Inea) definiu, nesta quarta-feira (30), o valor da multa aplicada contra a empresa Burn Indústria e Comércio Ltda, apontada como responsável pelo despejo de material inadequado no Rio Queimados, que provocou a interrupção do abastecimento de água a 11 milhões de pessoas de oito municípios fluminenses, na última segunda-feira (26). Ao todo, a empresa deverá pagar aproximadamente R$ 10,7 milhões. De acordo com o orgão ambiental, a infração foi definida a partir da análise laboratorial da espuma que atingiu a Estação de Tratamento de Água (ETA) do Guandu.
Segundo o instituto, a quantidade permitida pelo Conama (Conselho Nacional do Meio Ambiente) é de 0,5 mg por litro, aproximadamente o equivalente a menos de uma gota numa caixa d’água de mil litros. Porém, quando a captação do Guandu foi fechada, a concentração estava em 0,6 mg por litro. Horas depois, houve um pico e fez com que chegasse a 1,0 mg por litro. Na galeria de águas pluviais, o quantitativo foi ainda maior.
A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA), responsável pelas investigações, vai pedir a interdição das atividades produtivas da empresa Burn Indústria e Comércio Ltda, situada no Distrito Industrial de Queimados, pela prática do crime de poluição hídrica.
Procurada, a Burn negou que haja relação entre a sua fábrica e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. Confira a nota na íntegra:
"A Burn esclarece que não há nenhuma relação entre a sua fábrica de Queimados, na Baixada Fluminense, e a presença de material químico na bacia do Rio Guandu. A unidade opera com tecnologia de ponta e de padrão internacional, seguindo os mais rigorosos procedimentos de controle, onde o manuseio da matéria-prima é automatizado e em ambiente de circuito fechado, ou seja, sem qualquer escoamento ou ligação com a rede pluvial.
Além disso, tem todas as licenças necessárias e destinação ambientalmente correta de seus resíduos, estando sob monitoramento e controle permanentes dos órgãos ambientais competentes. Cabe ressaltar que a fábrica está a 11 quilômetros de distância do sistema do Guandu seguindo o fluxo do rio, e adota uma série de iniciativas sustentáveis, como sistema de reuso de água da chuva, iluminação por fontes renováveis e selo EU Reciclo. A empresa também contratou laboratório especializado para coleta e análise da água e está colaborando com as investigações, à disposição das autoridades."
Dias antes da paralisação na captação de água, no entanto, um morador denunciou anonimamente ao Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) sobre o aparecimento de espuma branca em galerias de esgoto e ruas em Queimados. A denúncia, que mostrava foto da espuma espalhada por pontos da cidade, apontava a Burn como a responsável pelo ocorrido. Diante dos fatos, no dia 11 de agosto, a 2ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva do Meio Ambiente, em Nova Iguaçu, instaurou, um inquérito civil contra a empresa.
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