Publicado 03/09/2023 17:43
Rio - O incêndio no Museu Nacional completou cinco anos neste sábado (2) e, com o objetivo de mostrar à população o trabalho que tem sido feito nesse período, a direção da instituição preparou uma festival para apresentar as pesquisas atuais e peças históricas preservadas. Na Quinta da Boa Vista, em frente ao museu, diversas atividades foram oferecidas ao público ao longo deste domingo (3). Em conversa com o DIA, o diretor Alexander Kellner falou sobre o evento e a expectativa para reabertura do Museu Nacional, em abril de 2026.
"Nosso objetivo é mostrar à população que o museu está vivo, além das pesquisas que estamos fazendo desde o incêndio, sem interrupção. Em ocasiões como essa, podemos apresentar ao público o que é o Museu Nacional, para que a gente serve e o que a gente faz entre nossos campos e escritórios", disse sobre o festival Museu Nacional Vive.
Alexander também confirmou o cronograma para a reabertura do Museu Nacional. A previsão é de que a maior parte da instituição seja reaberta até abril de 2026, com 3 mil metros quadrados de área expositiva e educativa, além de toda a área histórica. A conclusão total das obras deve acontecer em 2028. Antes dessas datas, o diretor pretende atrair o público com visitação em pequenos setores.
"No dia 6 de junho de 2024, queremos abrir um pedacinho do museu já para visitação. Mas não é a abertura do museu, não confundam. É um cantinho onde as pessoas vão poder entrar e ver o carinho que estamos tendo com a restauração do prédio, ver a escada monumental montada com uma grande baleia, se tudo der certo", contou.
Kellner afirmou que a reconstrução do Museu Nacional tem recebido apoio do atual Governo Federal, o que não teria acontecido na gestão anterior. Neste ano, o ministro da Educação, Camilo Santana, visitou o museu em duas oportunidades. A direção, agora, tenta agendar uma terceira visita para que ele se inteire dos projetos e das necessidades para a reabertura.
"Nós sofremos muito durante o governo passado, tentamos contato com a Secretaria de Turismo - na época, o ministério havia sido rebaixado a uma secretaria - e simplesmente não fomos atendidos e nem ouvidos. Estamos cheios de esperança por causa da mudança de atitude do governo perante à instituição do Museu Nacional", afirmou.
Enquanto a reabertura não acontece, o festival Museu Nacional Vive tratou de chamar o público para conhecer ou rever peças históricas preservadas pela instituição. Além das tendas científicas, o evento contou com apresentações musicais e brincadeiras voltadas ao público infantil.
A estudante Maria Antônia Rodrigues, de 19 anos, estava em uma das tendas para ensinar sobre seu projeto de estudo acerca de corais. Ela acredita que essa exposição é necessária para incentivar a conservação e atrair futuros pesquisadores.
"Acho que esse evento é fundamental porque conseguimos divulgar conhecimento e gerar identificação até para poder conservar. Principalmente para as crianças, trazê-las para faculdade. Acho que o museu precisa ser muito bem cuidado pelas autoridades públicas. Tem que ter monitoramento. Foi um acidente o que aconteceu, mas poderia ter sido evitado. Perdemos muita coisa importante e não pode se repetir", comentou Maria Antônia.
Se a intenção era atrair crianças, o objetivo foi alcançado. A aposentada Maria das Graças, de 78 anos, foi uma das visitante que levou seu neto, de 10 anos. Eles estavam passeando pela Quinta da Boa Vista e resolveram dar uma olhada na exposição.
"Esse evento está sendo ótimo! Estava passeando com meu neto e decidi vir aqui. Tem pessoas que não conhecem nem esse espaço, quanto mais o museu. As pessoas precisam se conscientizar sobre a importância do Museu Nacional e da sua preservação", afirmou.
Visitando a exposição, o professor Celso Sampaio, de 63 anos, enxergou no festival a oportunidade de atrair ainda mais público ao Museu Nacional. Além disso, também ressaltou que a sociedade e o Poder Público devem apoiar a instituição como forma de preservação da cultura.
"Acho que esse evento é fundamental, principalmente nesse momento de recuperação e resgate de tudo que foi perdido no incêndio. Poder conhecer as peças, aumentar a curiosidade e, quando tiver tudo pronto, as pessoas poderem visitar o museu. O Museu Nacional já era bastante frequentado e tenho expectativa de que seja ainda mais em 2026. A sociedade precisa se apropriar dos museus, ter maior acesso e divulgação. Já o governo e a iniciativa privada precisam ver o museu como garantia do resgate e da manutenção da cultura", destacou.
A consciência de manutenção do Museu Nacional por parte da sociedade também foi abordada pelo diretor Alexander. Ele conta que há uma expectativa para que a preservação da história seja alvo de maiores investimentos como forma de mostrar ao mundo que não pode haver mais acidentes como houve no dia 2 de setembro de 2018.
"Hoje, precisamos muito ter essa consciência da manutenção do Museu Nacional. O museu pegou fogo por falta de manutenção. Hoje, temos uma sinalização do governo e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) que vai ter uma dotação orçamentária todo ano para a manutenção e funcionamento do Museu Nacional. Então, isso é segurança, limpeza, brigadista, manutenção preventiva, controle de pragas e muito mais. Isso está sendo sinalizado porque precisamos mostrar ao mundo que vamos fazer diferente", ressaltou.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.