Polícia não descarta participação de milicianos em ataque a entregador na Zona Norte

Rio - Milicianos podem ter relação com a tentativa de homicídio contra o entregador Thiago Pires, de 29 anos, em Todos os Santos, na Zona Norte do Rio, na última quinta-feira (7). O trabalhador foi agredido e baleado na cabeça enquanto fazia uma entrega na Rua Getúlio. Segundo o delegado Rodolfo Waldeck, titular da 23ª DP (Méier), nenhuma linha de investigação foi descartada até o momento. Waldeck também afirmou que a área onde o crime aconteceu não é controlada por milicianos. 

O depoimento da vítima poderá ser crucial para o andamento das investigações. Thiago passou por uma cirurgia para remover o projétil, que estava alojado em seu crânio, na madrugada desta sexta-feira (8), no Hospital Municipal Miguel Couto. Ele tem estado de saúde estável e já consegue falar com a família. No entanto, ainda não há previsão para que a vítima preste depoimento sobre o ocorrido.

A possibilidade de que milicianos podem ter ligação com o crime ganhou força após a mulher de Thiago, Alexsandra Silva, de 25 anos, reproduzir em depoimento o que o marido dela contou. Segundo ela, Thiago disse que quem o abordou se apresentou como policial. Inicialmente, Alexsandra também levantou a possibilidade dos criminosos estarem vestindo uniformes da Polícia Civil, mas o fato foi descartado pelo delegado da 23ª DP (Méier). Através de imagens de câmeras de segurança do local também é possível ver que os criminosos agiram usando calças jeans, casacos e bonés, além de estarem armados.

Ao DIA, Alexsandra disse que o marido não tinha inimigos e não era de brigar. "Só vivia pro trabalho e para a nossa família, então eu também estou querendo entender o porquê disso tudo, o motivo de tanta crueldade. Ele só estava trabalhando", lamentou a mulher. 

Thiago saiu da sala de cirurgia respirando e está internado sob observação, pois precisa drenar o sangue da cabeça. "O quadro evoluiu e Deus está no controle. O importante é que ele está vivo, falando e se alimentando", disse a mulher da vítima.

Thiago e Alexsandra estão juntos há 10 anos e têm três filhas - uma bebê de um ano, outra de 7 e uma de 12. De acordo com a companheira, o entregador levava o sustento para casa. No sábado (9), Alexsandra criou uma "vaquinha" virtual com o objetivo de arrecadar fundos para manter o sustento da família. As doações já passam de R$ 1,1 mil, mas a meta é atingir R$ 10.000. "Temos aluguel e três filhas. Ele é forte. Tenho fé que em breve estaremos juntos em casa".