Calor e ar seco atraíram cariocas para a Praia de IpanemaCléber Mendes / Agência O Dia
Publicado 25/09/2023 19:48 | Atualizado 25/09/2023 21:17
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Rio - O calor que atingiu o Rio no domingo (24), com temperatura máxima perto dos 41°C, deixou o primeiro fim de semana da primavera carioca com cara de verão. A mudança de cenário da estação é efeito da junção de dois fatores climáticos que vêm influenciando diretamente na elevação das temperaturas a nível global.
"O primeiro é o aquecimento global, que aumenta os gases estufa na atmosfera e que cada vez retém mais calor no planeta. Com isso, as temperaturas globais médias ficam mais altas. E nesse ano ainda temos o El Niño, que aquece naturalmente as águas equatoriais do Pacífico. E como essa bacia é grande, há esse aumento no clima de forma global. Por isso, estamos tendo um ano um pouco mais quente", disse ao DIA a doutora em oceanografia da Uerj, a professora Luciana Figueiredo Prado.
De acordo com a especialista, 2023 é um ano de recordes de temperatura no país e a alta acompanha uma tendência que se mantém ano após ano. 
"Se formos pensar do ponto de vista do clima global, temos observado ao longo das últimas décadas sempre uma nova quebra de recorde nas temperaturas médias globais. Quando olhamos para esse valor, o ano de 2023 já está bem acima da média, aparecendo como o ano mais quente desde o início dos registros em 1850", disse.
Luciana explica ainda que com essa elevação da média a tendência é termos cada vez mais características extremas em estações de transição, como é o caso da primavera. 
"Cada vez mais, conforme o tempo vai passando, vamos observando mais características de verão, que é o que estamos nos aproximando mais. Então, é normal ocorrerem períodos quentes durante a primavera. O que está acontecendo é que nessa primavera estamos acompanhando períodos quentes com temperaturas mais acima da média", comenta. 
Efeitos do calor na saúde
Com o aumento da temperatura, aumentam também os riscos para a saúde da população. O professor universitário de educação física da Unisuam, Ricardo Gonçalves Cordeiro, explica que nessas condições, com termômetros acima dos 40°C, há um risco elevado e muitas vezes ignorado de hipertermia e desidratação. 
"As altas temperaturas (acima de 30°) causam algumas repercussões na saúde do corpo humano. E essas temperaturas chegando e batendo os 40°, as consequências são ainda piores. Principal fator é que começamos a tentar dissipar o calor com mecanismos fisiológicos que temos por meio de ordens do Sistema Nervoso Central e Hormonal, para redução da temperatura interna do corpo, com o aumento da vaso dilatação da pele. O produto final desse processo é o suor, que leva água, sódio, potássio e outros sais minerais importantes para o nosso corpo. Uma hipertermia e desidratação podem ser gerados nesse processo", explica.
 
Segundo o professor, também há riscos de problemas cardíacos e no sistema nervoso central por conta da saída de sódio e de potássio. "Sempre devemos beber água, principalmente entre 10h e 17h que são os horários com as maiores temperaturas. Ao fazer atividades físicas, devemos repor os sais minerais e eletrólitos por meio de bebidas isotônicas", orienta. 
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