Palácio do Itamaraty no Rio de JaneiroMay Bandeira de Mello / Divulgação BNDES
Publicado 26/09/2023 08:28 | Atualizado 26/09/2023 10:21
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Rio - O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou apoio de R$ 16,3 milhões destinado à restauração do acervo de arquivos do Ministério das Relações Exteriores (MRE), situado no histórico complexo do Palácio do Itamaraty, no Centro do Rio. O investimento faz parte de um projeto de revitalização cultural, com um custo total de R$ 33,2 milhões. Empresas privadas e outras estatais vão contribuir para o montante.

As ações abrangem uma série de iniciativas, incluindo a restauração da infraestrutura física da Biblioteca localizada no complexo, a construção de um anexo para a guarda do acervo, a implementação de programas de formação e educação patrimonial, bem como a catalogação, conservação e digitalização de milhares de documentos, livros, fotografias e mapas.

A expectativa é que esse apoio resulte em um aumento significativo no número de visitantes ao local, proporcionando um maior acesso aos documentos e bens históricos ali preservados.
Tereza Campello, diretora Socioambiental do BNDES, expressou sua satisfação com a iniciativa. "O acervo é uma parte importantíssima da memória do Brasil que estava em risco, não só de incêndio, mas de deterioração. Estamos conseguindo interromper esse processo, salvar o acervo e devolvê-lo para a população, pesquisadores e historiadores."

Além disso, as ações visam transformar o Palácio do Itamaraty em um importante centro cultural do Rio de Janeiro, contribuindo para o processo de revitalização da região, em especial do território conhecido como Pequena África, que já está sendo alvo de intervenções do BNDES.
Tereza Campello ressaltou o valor histórico do acervo, com documentos únicos que serão revelados ao público: "O complexo tem acervo sobre a escravidão. Alguns documentos da biblioteca são únicos no mundo, com nomes dos escravos, registros que em nenhum outro lugar foram preservados. Então, uma parte da memória virá à luz e vai fazer parte dessa entrega."

A Biblioteca Histórica do Itamaraty possui aproximadamente 140 mil itens, incluindo obras raras e coleções especiais, como a que pertenceu ao Barão do Rio Branco. O arquivo, com cerca de 3.226 metros lineares de documentos, é considerado um dos cinco mais importantes do Brasil, segundo o Arquivo Nacional, destacando-se também entre instituições similares na América Latina.

O acervo abrange documentos da Secretaria dos Negócios Estrangeiros da Coroa Portuguesa quando da transferência para o Brasil em 1808, documentos relacionados à independência do país, como uma carta patente de Dom João VI a Dom Pedro I de 1825, e o Tratado de Paz, Amizade e Aliança entre o Reino de Portugal e o Império do Brasil, do mesmo ano. O acervo relacionado à escravidão inclui documentos de 1812 a 1869, destacando-se 164 processos de aprisionamento de navios negreiros, que são únicos no mundo.

A Mapoteca Histórica do Itamaraty, com cerca de 30 mil itens, é considerada a mais importante da América Latina, abrangendo toda a história da cartografia ocidental desde o século XVI, e contém exemplares representativos das principais escolas cartográficas. Destaca-se entre os documentos o mapa-múndi de 1512, considerado o primeiro mapa em que aparece o nome "Brasil" para designar o território da então colônia portuguesa na América.

Vale entender ainda que o Palácio, na Avenida Marechal Floriano, é o principal espaço do governo federal no Rio para receber delegações estrangeiras, e sediará a cúpula dos chefes de Estado do G20 a partir de 2024.

Tombado como patrimônio histórico em 1938, o Palácio já foi sede do Governo Republicano (1889-1898) e do Ministério das Relações Exteriores (1899-1970). Atualmente, abriga o Escritório de Representação do MRE no Rio de Janeiro (ERERIO), o Arquivo Histórico, a Mapoteca, o Museu Histórico e Diplomático, além de ser a sede do Centro de História e Documentação Diplomática e da Fundação Alexandre de Gusmão.
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