Publicado 28/09/2023 14:40
Rio - Localizada na Rua Dona Mariana, em Botafogo, na Zona Sul do Rio, a casa onde morou o jurista e político Afonso Arinos de Mello Franco (1905-1990), que criou a primeira lei contra a discriminação racial no país, será vendida para o Ministério da Cultura por R$ 10 milhões. A ideia é transformar o imóvel no Museu da Literatura Brasileira, que será administrado pela Fundação Casa de Rui Barbosa. O desfecho positivo se deu após intensa mobilização de moradores de Botafogo e de outros bairros.
Inicialmente, a Prefeitura do Rio pretendia leiloar o casarão, com lance mínimo estipulado em R$ 9,1 milhões, no dia 17 de outubro. O anúncio causou revolta em moradores, agentes culturais a na própria família de Arinos, que não queriam ver a casa vendida para a iniciativa privada.
Inicialmente, a Prefeitura do Rio pretendia leiloar o casarão, com lance mínimo estipulado em R$ 9,1 milhões, no dia 17 de outubro. O anúncio causou revolta em moradores, agentes culturais a na própria família de Arinos, que não queriam ver a casa vendida para a iniciativa privada.
De acordo com o neto do jurista, Cesário Mello Franco, fazer da casa um anexo da Casa Rui Barbosa, órgão federal que fica na Rua São Clemente, também em Botafogo, sempre foi uma vontade declarada de Afonso Arinos. "Ele sempre me pediu para fazer da casa dele uma extensão da Casa Rui Barbosa, era algo que ele sempre quis. Eu já tinha gravado um depoimento para a associação do Museu da Literatura Brasileira, que é da Casa Rui Barbosa, e quando saiu a notícia desse leilão, eles me ligaram e falaram que tentariam fazer algo. A gente se juntou e com a ajuda de muita gente, conseguimos", disse o escritor em entrevista ao DIA.
Cesário chegou a criar um abaixo-assinado e estava organizando uma manifestação para sexta-feira (29). A jornalista Cris Costa, que também entrou na luta contra o leilão, divulgou a força-tarefa em sua página nas redes sociais, @viverbotafogo, que fala sobre o bairro. A petição online recolheu mais de 3,8 mil assinaturas contra a venda do imóvel em apenas 3 dias.
"Eu venho conversando com o Cesário desde o ano passado e pensando juntos de que forma a gente conseguiria salvar o casarão. A gente também tinha organizado uma manifestação para sexta feira, tínhamos confeccionado uma faixa e estávamos engajados para manter o legado do Afonso Arinos. Nesse meio tempo, a Casa Rui Barbosa se dispôs a criar um museu e tornar o casarão um ambiente cultural do povo", afirmou Cris.
Segundo a jornalista, o bairro tem sido tomado por construtoras e o principal medo dos apoiadores da causa era que, o casarão se tornasse um condomínio. "A gente não queria que mais um condomínio de luxo fosse construído em Botafogo. A Dona Mariana é um corredor cultural riquíssima de casarões antigos, e precisa ser resgatado. Botafogo não quer mais prédios retrofit, quer manter seus casarões históricos, sua arquitetura única, privilegiar e resgatar a sua cultura por meio de investimentos e ações inteligentes. Dar vida e destinação aos seus imóveis históricos", ressaltou a jornalista.
Regina Chiaradia é presidente da Associação de Moradores de Botafogo e também se mobilizou para manter o legado cultural. "A nossa luta chamou atenção da Casa Rui Barbosa que se interessou, mas tudo foi feito em função da nossa divulgação e campanha para salvar o local. Com isso, a gente passa acreditar na população porque quando ela se mobiliza, coisas acontecem. Agora, o legado de Afonso Arinos vai ser colocado em prática porque a venda da casa apagaria tudo que ele gostaria que a população tivesse acesso", afirmou.
Cesário chegou a criar um abaixo-assinado e estava organizando uma manifestação para sexta-feira (29). A jornalista Cris Costa, que também entrou na luta contra o leilão, divulgou a força-tarefa em sua página nas redes sociais, @viverbotafogo, que fala sobre o bairro. A petição online recolheu mais de 3,8 mil assinaturas contra a venda do imóvel em apenas 3 dias.
"Eu venho conversando com o Cesário desde o ano passado e pensando juntos de que forma a gente conseguiria salvar o casarão. A gente também tinha organizado uma manifestação para sexta feira, tínhamos confeccionado uma faixa e estávamos engajados para manter o legado do Afonso Arinos. Nesse meio tempo, a Casa Rui Barbosa se dispôs a criar um museu e tornar o casarão um ambiente cultural do povo", afirmou Cris.
Segundo a jornalista, o bairro tem sido tomado por construtoras e o principal medo dos apoiadores da causa era que, o casarão se tornasse um condomínio. "A gente não queria que mais um condomínio de luxo fosse construído em Botafogo. A Dona Mariana é um corredor cultural riquíssima de casarões antigos, e precisa ser resgatado. Botafogo não quer mais prédios retrofit, quer manter seus casarões históricos, sua arquitetura única, privilegiar e resgatar a sua cultura por meio de investimentos e ações inteligentes. Dar vida e destinação aos seus imóveis históricos", ressaltou a jornalista.
Regina Chiaradia é presidente da Associação de Moradores de Botafogo e também se mobilizou para manter o legado cultural. "A nossa luta chamou atenção da Casa Rui Barbosa que se interessou, mas tudo foi feito em função da nossa divulgação e campanha para salvar o local. Com isso, a gente passa acreditar na população porque quando ela se mobiliza, coisas acontecem. Agora, o legado de Afonso Arinos vai ser colocado em prática porque a venda da casa apagaria tudo que ele gostaria que a população tivesse acesso", afirmou.
Ao que parece, o casarão e a Fundação Casa de Rui Barbosa foram feitos mesmo um para o outro. A impressão é que Afonso Arinos já pensava que, no futuro, a fundação precisaria de um espaço para implementar o museu, que foi criado em arquivo há 50 anos por Carlos Drummond de Andrade. Atualmente, o Arquivo Museu de Literatura Brasileira, um dos setores da Rui Barbosa, possui mais de 150 arquivos de documentos, objetos, peças, pinturas e fotografias.
Segundo a chefe do Arquivo Museu de Literatura Brasileira, Maria de Andrade, a busca por um espaço para implementar o acervo já vinha sendo feita há anos. "Por conta da limitação de espaço físico, esse museu não pôde ser implementado e concretizado. Então, foi vivendo como arquivo e realizada algumas exposições pontuais", explicou.
Maria afirmou que, quando souberam da notícia do leilão, perceberam que era o ideal, já que salvaria a casa de um destino descaracterizado de sua função cultural e também seria um centro de produção literária para a fundação.
"O próximo passo é trabalhar nessa implementação do museu de literatura nas melhores condições. Estamos articulando as parceiras necessárias para isso acontecer e pretendemos fazer logo. O casarão também tinha uma biblioteca muito importante, do próprio Afonso Arinos, que foi removida da casa e uma das urgências é realocar a biblioteca", explicou Maria.
Afonso Arinos de Mello Franco é considerado um dos mais importantes parlamentares do Brasil. Jurista, ex-ministro das Relações Exteriores, senador e deputado federal foram alguns cargos que ocupou durante sua vida. Fez historia com a primeira lei contra a discriminação racial no país, em 1951. A partir do ano de 1947, quando eleito deputado federal pela primeira vez por Minas Gerais, até à sua morte, exerceu cinco mandatos parlamentares, durante 24 anos. Em homenagem ao jurista, uma avenida na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, leva seu nome.
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