Thiago Pampolha, vice-governador do RioMarcelo de Jesus / Divulgação
Publicado 17/10/2023 14:25 | Atualizado 17/10/2023 15:56
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Rio - O vice-governador do Rio de Janeiro, Thiago Pampolha, disse nesta terça-feira (17) que a tragédia ambiental na Amazônia, com a seca no Rio Negro, deve servir de alerta para o Rio de Janeiro, apesar da riqueza natural aparentemente infindável do Estado, e para todo o país.
"Nossos dias estão contados, estão caminhando para o fim. Esta é uma frase dura, difícil de ouvir e mais difícil ainda de falar. Mas, se não encararmos (as mudanças climáticas) com realidade, se não constrangermos a sociedade, se não dermos esse foco aos nossos pensamentos e ações, não vamos reverter a realidade que as mudanças climáticas estão impondo", disse o vice-governador.

A declaração foi feita na abertura da 8ª Conferência Cidades Verdes, na manhã desta terça-feira, no Centro de Convenções Firjan, centro do Rio. O evento, produzido pelo Instituto Onda Azul em parceria com a Firjan (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), reúne até amanhã mais de 40 gestores e especialistas para discutir “O futuro da água e da energia nas cidades sustentáveis”.

Pampolha citou crises de abastecimento que aconteceram no passado e as tragédias das chuvas, como as de 2022 em Petrópolis, como consequências das mudanças climáticas na geografia acidentada do Estado. "Se a gente já tem uma Mata Atlântica desafiada pela milícia, pelas construções irregulares e pela falta de compreensão, de entendimento ou de educação da população, pela ambição e pela especulação imobiliária, também temos os efeitos que as mudanças climáticas nos impõem", afirmou.

"É hora de arregaçarmos as mangas. Precisamos dos especialistas, de muitos estudos, mas com foco na ação", disse Pampolha, que também é secretário de Ambiente e Sustentabilidade. Ele afirmou que o Rio se prepara para sediar o encontro do G-20 no ano que vem e jogar luz sobre as iniciativas em andamento que precisam de apoio internacional. Citou a limpeza feita em mais de 400 rios e o investimento de R$ 250 milhões para evitar efeitos das inundações. "O Fundo da Mata Atlântica traz um horizonte não só de restauração florestal, mas de desenvolvimento verde, gerando empregos verdes, oportunidade de resgate de carbono, enfrentamento de gargalos na área de sustentabilidade visando ao desenvolvimento", disse Pampolha.

O enfrentamento da exclusão social foi o tema central do presidente da Cedae, Aguinaldo Ballon, na abertura do Cidades Verdes. "A coleta de resíduos pode ser seletiva em um ponto de uma cidade, mas em outros sequer há coleta de lixo, condições de saneamento. Se a gente quer pensar em um ambiente sustentável e em cidades verdes, precisamos ter uma sociedade mais justa, olhar para os indivíduos", disse Ballon. "A Cedae precisa de um ambiente sustentável para captar água de qualidade. Nossa preocupação é ter um ambiente ecologicamente preservado."

Ballon citou o grande número de famílias que dependem do Bolsa Família para sobreviver e não têm condições de pagar contas de água, luz ou gás. Tampouco têm condições de garantir uma educação formal adequada para fazer um uso correto de água e energia, ter a consciência de como seus hábitos impactam o meio ambiente. "A exclusão social deve permear nossas discussões sempre, em todo e qualquer planejamento", disse Ballon. Ele citou a importância de garantir a segurança hídrica para toda a população e citou a construção da nova estação de tratamento do Guandu para ampliar o abastecimento da Baixada Fluminense, dentro de um programa de segurança hídrica que envolve mais de R$ 5 bilhões de recursos públicos e privados.

O presidente do Instituto Onda Azul, André Esteves, homenageou o idealizador do Cidades Verdes, o pioneiro Alfredo Sirkis, que morreu em 2020. Sirkis dizia que as cidades são a natureza transformada, para o bem e para o mal. Que este evento contribua para que essa transformação seja para o bem", disse Esteves. A abertura do evento contou também com o presidente do Conselho Empresarial de Infraestrutura da Firjan, Mauro Viegas Filho, e com a pesquisadora da UFRJ Aspásia Camargo. Os oito painéis de apresentações e debates estão sendo transmitidos ao vivo pelas mídias sociais do Instituto Onda Azul e seus parceiros.

O Onda Azul é uma organização da sociedade civil sem fins lucrativos que atua na gestão de projetos socioambientais. A Conferência pretende alinhar os eixos do desenvolvimento sustentável nas metrópoles às práticas ESG, envolvendo poder público, iniciativa privada, academia, mídia, parlamento e sociedade civil. De olho no impacto das mudanças climáticas nas cidades e nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 6 e 7, o debate tratará de objetivos, metas, desafios e oportunidades da Agenda 2030, o plano de ação assinado pelos 193 países-membros da Organização das Nações Unidas (ONU) em prol de um mundo melhor.

O tema desta terça-feira, primeiro dia da conferência, é “O Futuro da Água”, com painéis sobre universalização do acesso, gestão integrada de recursos hídricos e os impactos das mudanças climáticas. Entre os palestrantes das quatro mesas estão o presidente da Cedae, o vice-presidente da Anamma (Associação Nacional de Municípios e Meio Ambiente), Antônio Marcos Barreto, a subsecretária de Recursos Hídricos e Sustentabilidade do Estado, Ana Asti, os diretores da Rio+Saneamento, Leonardo Righetto, e da Iguá, Leonardo Soares, o presidente do Instituto de Pesquisa do Jardim Botânico, Sérgio Besserman, e o diretor do Instituto Rio Metrópole, Bruno Sansson.

Na quarta-feira, segundo e último dia, os debates serão sobre "Energia e Mobilidade", com destaque para a revolução do hidrogênio verde e as mudanças nos transportes públicos para reduzir emissões de carbono. Entre os palestrantes estão Luciano Paez, secretário municipal do Clima de Niterói, os professores Paulo Emílio Valadão de Miranda (Coppe/UFRJ), Gláucia Vieira (Universidade Federal do Tocantins) e Amanda Schutze (FGV-SP), e o coordenador sênior de Energia no Instituto Clima e Sociedade (iCS), Roberto Kishimani.

O evento será encerrado por Ilan Cuperstein, diretor para a América Latina do C40 Cities - Grupo de Grandes Cidades para Liderança do Clima.
A 8ª Conferência Cidades Verdes conta com patrocínio da Eletronuclear, da Cedae e da Semove (Federação das Empresas de Mobilidade do Estado do Rio de Janeiro). Tem apoio de instituições de excelência como a Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, da Universidade Federal do Rio de Janeiro), a Anamma, a ONG internacional Iclei (Governos Locais para a Sustentabilidade) e o C40.

Você pode conferir a programação completa e se inscrever gratuitamente para acompanhar o evento no site https://www.inscricoescidadesverdes.eco.br/


Serviço -  8ª Conferência Cidades Verdes
Centro de Convenções da Firjan
Avenida Graça Aranha 1 – Centro – Rio de Janeiro
Dias: 17 e 18 de outubro
Hora: 8h30 às 17h30

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