Tiro que matou torcedor do Flamengo partiu de dentro de vagão, diz famíla

Rio - Familiares de Reinaldo Baptista da Silva Júnior, de 35 anos, torcedor do Flamengo morto horas antes do clássico entre Flamengo e Vasco, pelo Campeonato Brasileiro, neste domingo (22), relataram que o disparo que o atingiu foi feito de dentro de um vagão. Reinaldo estava na plataforma da estação de trem de Cosmos, na Zona Oeste do Rio, quando foi baleado durante um confronto de organizadas dos dois clubes - a confusão deixou outras quatro pessoas feridas.

Nesta segunda-feira (23), parentes de Reinaldo estiveram no Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro do Rio, para liberar o corpo. A mulher do flamenguista contou que ele seguia para a partida com um primo e, inicialmente, foi informada de que havia sido baleado de raspão no braço por torcedores vascaínos. Entretanto, soube depois que, por volta das 11h, o companheiro foi atingido por uma pessoa de dentro de um vagão. O tiro atingiu o tórax, perfurou o coração e saiu pelas costas da vítima.

Reinaldo foi socorrido por volta das 13h e chegou a ser reanimado no Hospital Municipal Rocha Faria, em Campo Grande, mas morreu por volta das 14h, segundo a família. De acordo com a mulher, ele ia para os jogos do time com frequência e era simpatizante de torcida organizada, mas não costumava participar de brigas. Ontem, a Raça Rubro-Negra, que cumpre punição e está impedida de entrar nos estádios, publicou uma nota de pesar. "O G.R.M.C. Raça Rubro-Negra lamenta profundamente a morte de Reinaldo Batista, conhecido como Dinho, integrante da 12° região (Sapê). Prestamos solidariedade aos amigos e parentes, e deixamos aqui a nossa última homenagem. Torcer, lutar".

Ainda segundo a companheira, o torcedor trabalhava na área da construção civil, estava animado para a torcida e era apaixonado pelo Flamengo. Reinaldo deixa a mulher e um filho de 3 anos que, segundo ela, tem chorado e perguntado pelo pai. Ainda não há informações sobre o sepultamento. Além do flamenguista, outros quatro torcedores ficaram feridos. Allifh José Ferreira, 30, e Alessandro de Souza, 27, foram baleados, enquanto um terceiro ferido, identificado como Caio, 25 anos, esfaqueado. A outra vítima não foi identificada. 

Os feridos também foram socorridos para o Hospital Municipal Rocha Faria e, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), os quatro feridos já receberam alta hospitalar. A Delegacia de Homicídios da Capital (DHC) instaurou um inquérito para a apurar as circunstâncias da morte de Reinaldo. "Diligências estão em andamento para apurar a autoria do crime e esclarecer os fatos", informou a Polícia Civil, em nota. 

Horas antes da partida no estádio do Maracanã, na Zona Norte, torcedores rivais protagonizaram uma briga nas proximidades da estação de Cosmos. Vídeos que circulam nas redes sociais mostraram grupos com pedaços de madeira e ferro cantando ao lado de um trem. Muitos caminham com o rosto coberto, assustando passageiros no interior do vagão. Outras imagens mostram usuários agachados para tentar escapar dos disparos e é possível ouvir o desespero de crianças que estavam na composição, enquanto os criminosos trocam tiros e acendem rojões. Confira abaixo. 

As unidades operacionais da Polícia Militar que atuaram no esquema especial de policiamento para o jogo conduziram 76 pessoas para delegacias da cidade, após confrontos entre grupos ligados à torcidas organizadas. Em Rocha Miranda, o 9º BPM (Rocha Miranda) prendeu três homens e apreendeu 21 cabos de madeiras. Em Paciência, os agentes do 27º BPM (Santa Cruz) conduziram mais três pessoas e apreenderam nove cabos de madeira. No Alto da Boa Vista, o 6º BPM (Tijuca) apreendeu três cabos de madeira e um soco inglês.

Na malha ferroviária, 70 pessoas foram conduzidas ao Juizado Especial do Torcedor, suspeitos de participarem de brigas que deixou o torcedor morto e quatro feridos. Com o grupo foram apreendidos dezenas de cabos de madeira e rojões. Os detidos estavam em uma composição da SuperVia, que foi abordada por equipes do 14° BPM (Bangu), 40° BPM (Campo Grande) e do Batalhão Especial de Policiamento em Estádios (BEPE), em Bangu, na Zona Oeste, após informações dos setores de inteligência da corporação que apontavam que torcedores do Vasco seguiam em direção ao Maracanã, quando o trem passou pela estação ferroviária do bairro de Cosmos.

De acordo com a Polícia Militar, após os eventos na estação de Bangu, o policiamento foi reforçado e o trem seguiu viagem depois da identificação dos acusados de envolvimento em confrontos entre membros de torcidas organizadas. A corporação destacou ainda que a ocorrência aconteceu a cerca de 60 km do Estádio do Maracanã e que não houve nenhum registro de confusão no entorno do local da partida entre as duas equipes.