operação Trapiche foi deflagrada com objetivo de interromper os preparativos para os ataquesReprodução
Publicado 13/11/2023 19:28
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Rio - Michael Messias preso, neste domingo (12), em Copacabana, na Zona Sul do Rio, suspeito de participar do esquema de recrutamento de brasileiros para o grupo terrorista Hezbollah, contou em depoimento que esteve duas vezes no Líbano e que as viagens foram pagas por Mohamad Khir Abdulmajid, principal investigado na operação da PF que apura ameaças terroristas.

Aos policiais, o homem contou que é músico e foi procurado por Mohamad para fazer apresentações de pagode no Líbano. Além disso, Michael negou ter envolvimento com o Hezbollad. No entanto, a corporação não acredita na versão dada.

Os alvos dessa ação da PF são os chamados "intermediários recrutadores", que são supostamente contratados no Brasil para buscar brasileiros interessados em integrar células do Hezbollah nas áreas de logística e inteligência para a prática de atentados.

Segundo as investigações, Mohamad e um libanês naturalizado brasileiro, também procurado pela Interpol, são os responsáveis pelo esquema de recrutamento.
Operação Trapiche
Na última quarta-feira (8), outros dois homens suspeitos de envolvimento no esquema foram presos em São Paulo durante a operação Trapiche, deflagrada pela PF. De acordo com a corporação, o recrutamento para atentados no país pelo Hezbollah seriam cometidos contra prédios da comunidade judaica no Brasil, incluindo sinagogas.

Segundo as primeiras informações divulgadas pela PF, os presos e outros brasileiros investigados planejavam ataques a prédios da comunidade judaica no Brasil. Os investigadores afirmaram, ainda, que sinagogas estavam sendo monitoradas e fotografadas e relataram o recrutamento de pessoas para atuar com grupos terroristas que atuam no Oriente Médio. O inquérito foi aberto a partir de um alerta dos serviços de inteligência dos Estados Unidos e de Israel.
A PF cumpriu ainda 11 mandados de busca e apreensão em São Paulo, Minas Gerais e no Distrito Federal. Um dos homens foi detido ao desembarcar no aeroporto de Guarulhos, vindo do Líbano e o outro capturado perto de um hotel onde estava hospedado, no centro da capital paulista. Segundo a Polícia Federal, os suspeitos seriam financiados pelo grupo terrorista para recrutar brasileiros para as ações.

A operação Trapiche foi deflagrada com objetivo de interromper os preparativos para os ataques e impedir o trabalho de cooptação de pessoas para a execução dos atentados. Os presos podem ser enquadrados na Lei do Terrorismo pelos crimes de construir ou integrar organização terrorista e preparar atentados. Se condenados, as penas somadas chegam a 15 anos e seis meses. Esses delitos são considerados hediondos e inafiançáveis. Para eles, não há possibilidade de anistia ou indulto.
Mohamad Khir Abdulmajid
Mohamad Khir Abdulmajid é o principal investigado na operação que apura o recrutamento de brasileiros pelo grupo terrorista Hezbollah. As informações foram divulgadas pelo 'Fantástico', da TV Globo.
Foi informado, ainda, que o criminoso, procurado pela Interpol, é sírio, naturalizado brasileiro, e veio para o Brasil em 2008. Segundo a corporação, em 2021, ele começou a ser investigado pela PF por contrabando. Ao logo das investigações, os delegados desconfiaram que a venda de produto ilegal tinha como objetivo financiar atos terroristas.
Em um trecho da representação policial da operação Trapiche, um dos delegados responsáveis pelo caso afirma que Mohamad seria no mínimo simpatizante, senão apoiador e integrante do grupo Hezbollah.
Hezbollah
O Hezbollah surgiu em 1982, durante a guerra civil do Líbano. O grupo islâmico xiita foi criado para defender os muçulmanos dos ataques das milícias cristãs, que contavam com o apoio de Israel. Seus fundadores foram clérigos muçulmanos que buscavam a expulsão das tropas israelenses do território libanês.

O Hezbollah prega o fim do Estado de Israel e conta com o apoio do Irã. Atualmente, seu poderio militar supera o do próprio exército do Líbano. Após os ataques do Hamas de 7 de outubro, o Hezbollah ameaçou iniciar uma guerra contra os judeus em território israelense. Apontado como autor ou financiador de vários atentados, o grupo é classificado pelos Estados Unidos e por vários países da Europa como “organização terrorista”.

No Brasil, já surgiram denúncias da atuação do Hezbollah na região da Tríplice Fronteira, principalmente na cidade paranaense de Foz do Iguaçu. O grupo teria empresas de fachada, usadas para o recrutamento de futuros militantes e a lavagem de dinheiro, que seria utilizado em ações terroristas.
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