Local onde eram realizados os procedimentos estéticos na clínicaReprodução
Publicado 22/11/2023 08:57
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Rio - Policiais da Delegacia do Consumidor (Decon) prenderam em flagrante, nesta terça-feira (21), o médico peruano Jaime Javier Garcia Caro, de 44 anos, e o peruano Jean Paul Perez Barraza, de 29 - que se passava por anestesista - em uma clínica de estética irregular em Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense. O local foi interditado.

O local funcionava sem licença sanitária e, mesmo assim, eram realizados procedimentos estéticos de alta complexidade. Fiscais do Conselho Regional de Odontologia (CRO) e da Vigilância Sanitária de Nova Iguaçu (Suvisa) também participaram da ação.

No momento em que os agentes chegaram na clínica, a dupla estava iniciando uma cirurgia de lipoaspiração em uma paciente de 29 anos, que já havia sido sedada por Jean Paul. Ao perceber a chegada dos policiais, o peruano tentou sair da sala, retirando o jaleco que vestia, onde tinha bordado o seu nome e a especialidade de anestesiologista, mas acabou sendo detido.

Segundo as investigações, Jean Paul não possui inscrição no Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj).

Na sala ao lado, policiais encontraram uma outra paciente, de 44 anos, que havia acabado de se submeter a uma lipoaspiração com a dupla e repousava ainda sob os efeitos do anestésico. Ambas reconheceram Jean Paul como sendo o anestesista do procedimento estético a que se submeteram.

Na Clínica Iguaçu Plásticas Day também eram realizados procedimentos como mamoplastia e mastopexia, mas não possuía qualquer estrutura para eventuais intercorrências com os pacientes, como desfibrilador, equipamentos de UTI e ambulância.

Ainda segundo a Polícia Civil, como medida de precaução, uma ambulância do Samu foi solicitada para levar a paciente que estava na mesa de cirurgia até a emergência do hospital HGNI (Hospital Geral de Nova Iguaçu) para ser submetida a avaliação médica.

Enquanto os policiais estavam na clínica, uma outra mulher, que também havia realizado lipoaspiração dias antes, chegou ao local se queixando de fortes dores e com inflamação nos pontos.

A clínica passava por reformas e o local se apresentava completamente insalubre para os pacientes. No local, foram encontrados medicamentos e anestésicos conservados em geladeiras junto a alimentos e bebidas para o consumo dos funcionários.

A ação foi desencadeada com base no monitoramento de perfis que oferecem procedimentos estéticos de alta complexidade a preços populares nas redes sociais. Após identificarem algumas inconsistências em um dos anúncios, os agentes iniciaram uma investigação preliminar onde constataram que o mesmo endereço havia sido alvo de uma outra operação no ano passado, onde foram encontrados vários materiais impróprios para o consumo e a clínica acabou interditada.

Jaime Javier e Jean Paul foram presos em flagrante e encaminhados ao sistema prisional, onde ficarão à disposição da Justiça.
O que diz a defesa
Ao DIA, o advogado William Pena entende que as prisões foram prematuras e que ambos os clientes não devem continuar presos após a audiência de custódia. De acordo com a defesa, Jean é residente formado em direito e não estava trabalhando com anestesia no momento da cirurgia. Ele teria apenas dado um remédio para a paciente a pedido do cirurgião.
"Nunca morreu ninguém lá. A nível criminal eu acho isso tudo um absurdo porque se está errado um procedimento não é a polícia que tem que julgar isso. Não houve nenhuma perícia. Eu acho que a equipe pecou. Eles invadiram armados. É um centro cirúrgico. Isso não é apropriado. Espera o médico terminar o procedimento e fala com ele. Se está errado ou não, a gente discute depois. Baseado na nossa constituição e por eles serem primários, eles não vão ficar presos. Eu não acredito que eles fiquem presos por suposições que ainda não foram apuradas. Acho que a gente tem que ter paciência e esperar ser feita todas as diligências. É prematuro até falar nesse momento. Nada impede que eles respondam o processo em liberdade. Se houve um crime, tem que apurar primeiro na fase de inquérito. Vão queimar a vida do médico sem necessidade. Tudo isso em um momento oportuno vai ser esclarecido", disse o advogado.
Pena ainda ressaltou que há três meses a clínica conseguiu uma licença junto à vigilância sanitária de Nova Iguaçu para funcionamento. Para ele, a interdição aconteceu para eximir o órgão de responsabilidade.
"A casa não estava inabilitada. A empresa estava em uma reforma, cumpriu as exigências da vigilância sanitária e tinha licença da vigilância sanitária de Nova Iguaçu. Eles interditaram para tirar a responsabilidade deles. Para tirar o deles da reta. Agora, administrativamente cabe a prefeitura fiscalizar. O que me causa estranheza em tudo isso é que há 90 dias ele conseguiu alvará e liberação da própria vigilância sanitária", completou.
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