Casos de dengue registraram aumento nos últimos meses no Estado do RioDivulgação
Publicado 07/12/2023 18:15 | Atualizado 07/12/2023 19:32
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Rio - A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) anunciou, na tarde desta quinta-feira (7), que identificou um caso de dengue pelo vírus tipo 4, que não circulava na cidade desde 2018. A paciente é uma mulher de 45 anos que apresentou os primeiros sintomas no dia 26 de novembro.
De acordo com a SMS, a sorotipagem foi confirmada pelo Laboratório Central de Saúde Pública Noel Nutels (Lacen-RJ), da Secretaria de Estado de Saúde (SES). Em 2023, até o momento, foram realizadas mais de 6 mil identificações virais de dengue, com 5.532 identificações do tipo 1, 820 do tipo 2 e apenas este caso do 4.

A SMS ressaltou que mantém a vigilância constante dos casos e ações de controle do mosquito transmissor ao longo de todo o ano, com intensificação dos trabalhos nos meses de verão, quando, devido à sazonalidade da doença, o número de caso tende a aumentar.
Até o sábado passado (2), foram visitados 10.173.646 imóveis para prevenção e controle do vetor e 2.018.614 recipientes que poderiam servir de criadouros de mosquitos foram tratados ou eliminados.
"No combate ao mosquito transmissor é importante também que toda população faça a sua parte para evitar possíveis focos nas residências", informou o órgão.
Ao DIA, o infectologista José Pozza, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), explicou que a volta de um sorotipo pode acontecer depois de um tempo porque aumenta o número de pessoas que são vulneráveis a eles, pois ainda não tiveram contato com o mesmo tipo. Pozza destacou que as autoridades e a população devem ficar atentas porque existe a chance de uma variante que não circulava causar uma nova epidemia.
"Essas variantes elas ficam aparecendo de tempos em tempos. O que geralmente acontece: você tem uma epidemia por aquele sorotipo, muitas pessoas se infectam e ficam resistentes a aqueles sorotipos. Muitas das vezes ele circula por mais dois, três anos e simplesmente some porque ele já infectou uma quantidade grande de pessoas. Algumas pessoas não tiveram contato com esse sorotipo ainda. Algumas nasceram nesse período, outras pessoas que não eram do Rio vieram para morar aqui. O que acontece muitas das vezes é que essa periodicidade de reaparecimento das variantes causa novos surtos porque é um subtipo que não circulava a vários anos. Ele volta a aparecer e a gente tem uma população suscetível. O risco não é pelo sorotipo em si. O risco é pelo período em que ele está sem circular e que faz com que a gente tenha um número maior de pessoas suscetíveis a ele por esse tempo grande da última circulação dele", explicou.
A doutora Tânia Vergara, infectologista membro da Sociedade Brasileira de Infectologia, disse que o tipo 4 não é mais grave que as outras variantes da dengue, mas como não circula na cidade desde 2018, há uma preocupação em pegar parte da população que é vulnerável.
"Não é que seja mais grave, mas como não circula desde 2018 vai pegar grande parte da população vulnerável. O risco de ter formas mais graves de dengue aumenta quando a pessoa tem a segunda infecção. Acende o alerta porque volta a circular e já encontra os sorotipos que vinha circulando", explicou.
Salto de 97% em casos no Estado do Rio
O número de casos de dengue no Estado do Rio teve um salto de 97% considerando o mês de novembro de 2023 com relação ao mesmo período do ano passado: são 2.808 registros contra 1.424 em 2022. O aumento foi ainda maior nos meses anteriores. Em outubro de 2022, apenas 1.444 casos foram notificados em todo o estado, contra os 4.530 deste ano, o que representa um aumento de 213% de acordo com dados da Secretaria Estadual de Saúde (SES).
Em setembro, o crescimento dos casos da doença em todo o estado também foram alarmantes. Enquanto 2022 registrou somente 1.045, em 2023, o número subiu para 4.218, um aumento de mais de 300%. O número fica ainda mais assustador quando se tratam dos casos gerais durante todo o ano, com aumento de 272,6% entre os dois anos. Em 2023, já foram registrados 87.104 casos da doença, contra 23.396 de 2022.
Segundo a SES, neste ano houve, até o último dia 30 de novembro, 42.551 casos de dengue notificados em todo o estado, dos quais 22.356 foram confirmados em exames laboratoriais. Houve 24 óbitos até esta data. O maior número absoluto de casos prováveis é observado na Capital e na região Noroeste Fluminense. Não há casos registrados do sorotipo 3.

Ainda segundo a SES, embora algumas cidades apresentem alta taxa de incidência (calculada pela proporção entre número de casos e o total da população) da doença, com um número de casos acima do esperado para o período do ano, a taxa encontra-se abaixo dos índices verificados historicamente nos períodos de epidemia.
A dengue é a arbovirose (doença causada por vírus transmitido por mosquitos) urbana mais relevante nas Américas, principalmente no Brasil. Por isso, desde 2010, o enfrentamento e a divulgação de cuidados para prevenção à doença são impulsionados no penúltimo sábado de novembro, quando é celebrado o Dia Nacional de Combate à Dengue.
Cuidados
O Ministério da Saúde orienta que a população procure o serviço de saúde mais próximo da residência assim que surgirem os primeiros sintomas de dengue. Para combater a proliferação do mosquito e a doença, é necessário eliminar todo local de água parada, pois é lá que o mosquito transmissor coloca os seus ovos, destaca a pasta.

Também é importante evitar acúmulo de lixo, não estocar pneus em áreas descobertas, não acumular água em lajes ou calhas, colocar areia nos vasos de planta e cobrir bem tonéis e caixas d’água.
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