Publicado 10/12/2023 00:00 | Atualizado 10/12/2023 01:18
O clima quente não apenas anuncia o início do verão, mas também mostra a necessidade de se proteger dos raios UV (ultravioleta). Neste mês dedicado à prevenção do câncer de pele, a campanha Dezembro Laranja destaca a importância da conscientização sobre os riscos e cuidados relacionados à doença.
De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, representando aproximadamente 30% dos registros da doença. Dados que reforçam a gravidade da situação.
"O câncer de pele é o mais comum devido à sua íntima relação com os raios solares. A pele está diretamente exposta ao sol, especialmente em países tropicais como o Brasil, onde a incidência solar é elevada durante todo o ano. Essa exposição direta ao sol resulta em danos acumulados ao longo dos anos, aumentando o risco de desenvolvimento de câncer de pele na vida adulta", aponta a médica e coordenadora do Departamento de Cirurgia e Oncologia da Sociedade Brasileira de Dermatologia do Rio de Janeiro (SBDRJ), Marcela Benez.
Segundo a médica, as pessoas devem ter o hábito de examinar regularmente a própria pele, conhecer os sinais presentes para identificar se estão aumentando ou se modificando. "Quando as pintas começam a crescer, adquirir cores diferentes (mais de três), apresentar borda irregular e aumentar de tamanho, precisam ser examinadas. Além disso, qualquer ferida que persista por mais de um mês sem cicatrização deve ser motivo de atenção. Então, sinais escuros ou avermelhados que estejam aumentando de tamanho, sangram com facilidade ou apresentam aspereza e crescimento devem ser avaliados por um dermatologista", alerta a especialista.
A jornalista e tradutora Pascale Pfann foi diagnosticada há dois meses com um melanoma. Por meio de um check-up, encontrou um sinal que estava fora do comum no couro cabeludo. A partir disso, ela fez uma dermatoscopia, que é um exame mais específico para ver o sinal de uma forma mais ampla, e realizou posteriormente a biópsia.
"Foi muito difícil. É uma realidade que não tinha como negar e que precisava ser encarada. Entreguei nas mãos da médica, mas a sensação que dá é que tem uma coisa ruim e você quer se livrar rapidamente dessa parte do seu corpo", enfatiza.
Pascale realizou a cirurgia este ano e desde então começou a passar mais protetor solar no couro cabeludo e a escolher melhor o horário que se expõe ao sol.
"É muito difícil tanto mentalmente, espiritualmente quanto fisicamente. Fisicamente, dói muito, pois é uma região muito sensível. Como não é possível andar pela rua com um curativo imenso no topo da cabeça, pois todos vão ver, eu uso chapéus e lenços para cobrir e essa situação se tornou muito desafiadora. Minhas amigas me ajudaram bastante. Às vezes, pensamos que é algo pequeno, mas talvez, por uma questão estética, tenha sido um pouco mais complicado do que imaginava, principalmente porque o cabelo esteticamente é importante, especialmente para as mulheres", diz Pascale.
"Meu cabelo não é muito volumoso e, ao longo da vida, eu tomei muito sol sem proteger adequadamente meu couro cabeludo, o que resultava em descamação naquela área. A pele ficava mais grossa devido a essa exposição. E foi justamente essa pinta no couro cabeludo que acabou se transformando em um câncer maligno", conclui a jornalista.
Já Rebecca Montanheiro sempre teve muitas pintas no corpo. Mesmo a dermatologista alertando para os cuidados com a pele, ela não dava muita atenção quando era jovem e pensava: "Não preciso me preocupar tanto assim, adoro sol e gosto de me bronzear. Nada vai acontecer".
No entanto, em 2013, uma pinta no antebraço direito de Rebecca começou a chamar mais a atenção que o normal. A pinta cresceu, ficou mais escura, atraía o olhar das pessoas e causava estranheza. Até que, por incômodo estético, ela decidiu procurar uma dermatologista, sem imaginar que poderia ser algo mais sério.
"Me lembro perfeitamente até do dia 16 de dezembro de 2013, foi quando recebi a notícia que fez meu mundo estremecer de repente. Aquela pinta era um melanoma. Era um câncer! Essa palavra é muito forte. Mas fica ainda mais forte quando é dita para a gente. Eu não conhecia nada sobre a doença. Não tinha informação de que poderia ser grave, se espalhar pelo corpo", enfatiza.
Rebecca descobriu a doença em estágio inicial e precisou passar por uma cirurgia de ampliação de margem e pesquisa de linfonodo sentinela. Há dez anos ela vive sem a doença e segue fazendo acompanhamento anualmente. Desde então, já tirou outras pintas suspeitas, respeita mais os horários de exposição solar e se preocupa mais com a saúde.
"É um cuidado que nunca mais acaba e nem deve acabar. A gente passa a olhar para a saúde de outra forma e para a pele de maneira diferente”, afirma.
A partir do desconhecimento, ela encontrou motivação para buscar informação de qualidade e também encontrar pessoas em situação semelhante. E criou o Melanoma Brasil, com uma página de rede social que mais tarde se tornou um instituto, gerido por mulheres que lutam contra a doença e que abraçam essa causa, como a advogada e vice-presidente do Instituto Melanoma Brasil, Carla Gil Fernandes, que só usava protetor solar quando ia à praia ou piscina. Mas hoje não abre mão de usar o produto diariamente, inclusive durante o inverno.
Ela percebeu uma pinta que tinha nas costas que sangrava no fim de 2017. A princípio, pensou ser machucado e só procurou um médico alguns dias após perceber que o sangramento, apesar de pequeno, não parava.
"Receber o diagnóstico foi assustador, meu marido e minha filha estavam comigo. O médico foi bastante realista ao me dar a notícia e disse se tratar de um câncer bastante agressivo e que eu deveria procurar um oncologista o mais rápido possível. Fiquei paralisada em um misto de choque e desespero", lembra a advogada.
Carla fez o tratamento pelo SUS, passou por uma cirurgia para retirada das metástases e ampliação de margens ao redor da lesão inicial, que já havia sido retirada anteriormente. Depois, precisou realizar imunoterapia por dois anos, finalizando o tratamento em maio de 2020. Regularmente ela ainda faz exames de acompanhamento, mas não há mais sinais de doença no corpo.
"A minha vida mudou totalmente depois do diagnóstico. Passei a enxergar a própria vida como um presente de Deus, a viver de forma mais plena, a encarar os problemas de forma mais leve. Durante a minha jornada como paciente, conheci o Instituto Melanoma Brasil e outros pacientes que também tinham dificuldade de acesso a tratamentos e passei a ajudá-los. Como advogada, me especializei em direito à saúde para continuar ajudando pacientes a ter acesso a tratamentos eficazes", conta.
A médica de família Pollyanna Weyll também sempre teve muitos sinais e os observava sempre. Mas descobriu o melanoma através do mapeamento digital que fazia rotineiramente devido ao histórico de melanoma na família, já que a mãe morreu devido ao câncer.
"Descobrir o melanoma foi assustador para mim, pois foi o mesmo câncer que a minha mãe teve e faleceu dele", relata a médica.
"Por causa desse histórico familiar de câncer de pele, faço acompanhamento com mapeamento digital desde 2017. Em 2022, um desses exames de rotina identificou um sinal suspeito na coxa. Como já tinha retirado muitos nervos melanocíticos, com ou sem atipia, não me preocupei muito. Tinha certeza de que o sinal na parte posterior da coxa direita seria novamente uma lesão benigna", diz.
De acordo com Pollyanna, pelo fato dela se cuidar, conseguiu diagnosticar a doença no início e só precisou fazer a cirurgia de ampliação de margem. Além disso, ela fez também um acompanhamento genético devido ao histórico pessoal e familiar.
"Com muita fé em Deus, com apoio do meu marido, família e amigos, consegui superar bem este processo. Como médica, tudo que passei serviu para entender melhor os meus pacientes que passam pelo mesmo diagnóstico de câncer. Este processo me fortaleceu e me faz a cada dia uma pessoa mais grata à vida e empática com as pessoas”, destaca.
"Meu cabelo não é muito volumoso e, ao longo da vida, eu tomei muito sol sem proteger adequadamente meu couro cabeludo, o que resultava em descamação naquela área. A pele ficava mais grossa devido a essa exposição. E foi justamente essa pinta no couro cabeludo que acabou se transformando em um câncer maligno", conclui a jornalista.
Já Rebecca Montanheiro sempre teve muitas pintas no corpo. Mesmo a dermatologista alertando para os cuidados com a pele, ela não dava muita atenção quando era jovem e pensava: "Não preciso me preocupar tanto assim, adoro sol e gosto de me bronzear. Nada vai acontecer".
No entanto, em 2013, uma pinta no antebraço direito de Rebecca começou a chamar mais a atenção que o normal. A pinta cresceu, ficou mais escura, atraía o olhar das pessoas e causava estranheza. Até que, por incômodo estético, ela decidiu procurar uma dermatologista, sem imaginar que poderia ser algo mais sério.
"Me lembro perfeitamente até do dia 16 de dezembro de 2013, foi quando recebi a notícia que fez meu mundo estremecer de repente. Aquela pinta era um melanoma. Era um câncer! Essa palavra é muito forte. Mas fica ainda mais forte quando é dita para a gente. Eu não conhecia nada sobre a doença. Não tinha informação de que poderia ser grave, se espalhar pelo corpo", enfatiza.
Rebecca descobriu a doença em estágio inicial e precisou passar por uma cirurgia de ampliação de margem e pesquisa de linfonodo sentinela. Há dez anos ela vive sem a doença e segue fazendo acompanhamento anualmente. Desde então, já tirou outras pintas suspeitas, respeita mais os horários de exposição solar e se preocupa mais com a saúde.
"É um cuidado que nunca mais acaba e nem deve acabar. A gente passa a olhar para a saúde de outra forma e para a pele de maneira diferente”, afirma.
A partir do desconhecimento, ela encontrou motivação para buscar informação de qualidade e também encontrar pessoas em situação semelhante. E criou o Melanoma Brasil, com uma página de rede social que mais tarde se tornou um instituto, gerido por mulheres que lutam contra a doença e que abraçam essa causa, como a advogada e vice-presidente do Instituto Melanoma Brasil, Carla Gil Fernandes, que só usava protetor solar quando ia à praia ou piscina. Mas hoje não abre mão de usar o produto diariamente, inclusive durante o inverno.
Ela percebeu uma pinta que tinha nas costas que sangrava no fim de 2017. A princípio, pensou ser machucado e só procurou um médico alguns dias após perceber que o sangramento, apesar de pequeno, não parava.
"Receber o diagnóstico foi assustador, meu marido e minha filha estavam comigo. O médico foi bastante realista ao me dar a notícia e disse se tratar de um câncer bastante agressivo e que eu deveria procurar um oncologista o mais rápido possível. Fiquei paralisada em um misto de choque e desespero", lembra a advogada.
Carla fez o tratamento pelo SUS, passou por uma cirurgia para retirada das metástases e ampliação de margens ao redor da lesão inicial, que já havia sido retirada anteriormente. Depois, precisou realizar imunoterapia por dois anos, finalizando o tratamento em maio de 2020. Regularmente ela ainda faz exames de acompanhamento, mas não há mais sinais de doença no corpo.
"A minha vida mudou totalmente depois do diagnóstico. Passei a enxergar a própria vida como um presente de Deus, a viver de forma mais plena, a encarar os problemas de forma mais leve. Durante a minha jornada como paciente, conheci o Instituto Melanoma Brasil e outros pacientes que também tinham dificuldade de acesso a tratamentos e passei a ajudá-los. Como advogada, me especializei em direito à saúde para continuar ajudando pacientes a ter acesso a tratamentos eficazes", conta.
A médica de família Pollyanna Weyll também sempre teve muitos sinais e os observava sempre. Mas descobriu o melanoma através do mapeamento digital que fazia rotineiramente devido ao histórico de melanoma na família, já que a mãe morreu devido ao câncer.
"Descobrir o melanoma foi assustador para mim, pois foi o mesmo câncer que a minha mãe teve e faleceu dele", relata a médica.
"Por causa desse histórico familiar de câncer de pele, faço acompanhamento com mapeamento digital desde 2017. Em 2022, um desses exames de rotina identificou um sinal suspeito na coxa. Como já tinha retirado muitos nervos melanocíticos, com ou sem atipia, não me preocupei muito. Tinha certeza de que o sinal na parte posterior da coxa direita seria novamente uma lesão benigna", diz.
De acordo com Pollyanna, pelo fato dela se cuidar, conseguiu diagnosticar a doença no início e só precisou fazer a cirurgia de ampliação de margem. Além disso, ela fez também um acompanhamento genético devido ao histórico pessoal e familiar.
"Com muita fé em Deus, com apoio do meu marido, família e amigos, consegui superar bem este processo. Como médica, tudo que passei serviu para entender melhor os meus pacientes que passam pelo mesmo diagnóstico de câncer. Este processo me fortaleceu e me faz a cada dia uma pessoa mais grata à vida e empática com as pessoas”, destaca.
Prevenção e cuidados
Segundo Benez, a prevenção ocorre ao proteger a pele contra os raios solares desde a infância até a vida adulta. Isso significa incluir na rotina a fotoproteção, que envolve o uso de filtros solares com fator FPS 30 para o uso diário e FPS 50 para exposição direta ao sol, seja na praia, piscina ou em atividades ao ar livre. É importante utilizar a fotoproteção diariamente ao longo de todo o ano, não restringindo o uso apenas quando for à praia ou à piscina.
"São os raios solares acumulados ao longo da vida que podem gerar alterações no DNA celular, levando ao câncer de pele na idade adulta. Além disso, é crucial realizar exames periódicos com um dermatologista, pelo menos uma vez ao ano, a partir dos 30 anos. Durante o exame clínico, o dermatologista pode identificar precocemente o câncer de pele, prevenindo assim a progressão da lesão e tornando o tratamento mais eficaz", explica a especialista em saúde.
A profissional recomenda que as pessoas que trabalham expostas ao sol adotem medidas de fotoproteção além do filtro solar, como o uso de chapéu de abas largas, óculos para proteger os olhos e roupas com fator de proteção UV para proteger o corpo. A médica ainda salienta que o filtro solar deve ser reaplicado a cada duas a três horas quando a pessoa estiver exposta ao sol.
Além disso, a médica destaca que os exames precisam ser realizados periodicamente, sendo crucial iniciar o exame dermatológico a partir dos 30 anos, pelo menos uma vez ao ano.
Além disso, a médica destaca que os exames precisam ser realizados periodicamente, sendo crucial iniciar o exame dermatológico a partir dos 30 anos, pelo menos uma vez ao ano.
Formas de tratamento
Marcela explica que existem os tipos classificados como principais, que são o não melanoma e o melanoma. Sendo o tipo melanoma o mais perigoso, com uma alta incidência de mortalidade quando não diagnosticado precocemente.
A médica ressalta que a principal forma de tratamento quando já se adquire o câncer de pele é a cirurgia, na qual a lesão é completamente retirada e avaliada por meio de biópsia. Nas formas iniciais, a cura clínica é alcançada. Em estágios avançados, muitas vezes, são utilizadas outras formas terapêuticas, como a imunoterapia ou a radioterapia.
Ainda de acordo com a médica, no tipo não melanoma, também é possível associar outras formas de tratamento quando o paciente não tem condições clínicas para uma cirurgia. Então, nessas situações, as possibilidades são fazer radioterapia, uso de pomadas que têm ação contra o câncer ou outras formas de tratamento, como a criocirurgia.
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