Larissa Rodrigues de Souza não sabia que estava com diabetes gestacionalReprodução/ Arquivo pessoal
Publicado 13/12/2023 15:52 | Atualizado 13/12/2023 16:13
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Rio - A dor do casal Larissa Rodrigues de Souza e Iranildo de Carvalho Alves pela morte do pequeno Guilherme, no oitavo mês de gestação, parece não ter fim. Os pais da criança, moradores de Olaria, na Zona Norte, denunciam que foram vítimas de negligência médica. Eles alegam que a gestante foi diagnosticada com diabetes gestacional, mas não foi informada da condição. 

A assistente social realizou todo o acompanhamento da gravidez no Centro Municipal de Saúde São Godofredo, na Penha, Zona Norte. Larissa soube que estava grávida no dia 2 de maio e dois dias depois realizou a primeira consulta de acompanhamento médico para em seguida ser submetida aos primeiros exames, no dia 9. Iranildo diz que naquele dia foi constatada a condição, mas o casal não foi informado. Larissa só descobriu que estava com diabetes gestacional após perder o bebê, no dia 22 de novembro.

"Passamos esses meses todos fazendo o tratamento da clínica da família. Todos os exames que eles pediam, indo em todas as consultas. Minha mulher se cuidou como uma grávida normalmente deveria se cuidar: abdicando de fazer muitas coisas, ficando dentro de casa. Mas, no caso dela, ela deveria viver uma vida ainda mais restrita com diabetes gestacional, mas a gente não sabia de nada", afirma o pai.
Iranildo e Larissa Rodrigues lutam para que caso não se repita - Reprodução/ Arquivo pessoal
Iranildo e Larissa Rodrigues lutam para que caso não se repitaReprodução/ Arquivo pessoal


O pai fez o registro de ocorrência na 4ª DP (Centro) no dia 24 de novembro e busca justiça para o caso. Iranildo lembra que pegou o filho no colo e que o menino estava com 50cm e 2,5kg.

"A gente quer que isso não aconteça com mais nenhuma família. Com nenhuma mãe, nenhum pai, nenhuma avó. Dói muito todo dia quando a gente acorda até o momento em que vai dormir. Muitas vezes eu sonho com meu filho. Eu tento lembrar do rostinho dele", desabafa.

Larissa procurou a Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda, no dia 21 de novembro, com dores abdominais. No local, a médica plantonista, conforme relata o casal, disse que a dor seria apenas da contração. Recomendou o remédio Buscopan, indicado para cólicas, e repouso.

No dia seguinte, ela retornou para a clínica da família na Penha para uma consulta de rotina, mas não foi constatado batimento cardíaco do bebê. A unidade solicitou uma ambulância e Larissa retornou à Maria Amélia. Desta vez, a médica que a atendeu viu sua ficha e perguntou se ela sabia que tinha diabetes gestacional, o que surpreendeu o casal.
"Se Deus quiser a gente vai conseguir justiça pro Guilherme. Essa morte dele não vai ser em vão. Vai ter um significado. Melhorar, pelo menos, o atendimento para as grávidas nos postos de saúde", afirma Iranildo.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMS) afirma que abriu sindicância para apurar todo o atendimento a Larissa Rodrigues de Souza, e o porquê de não ter sido seguido o protocolo assistencial de pré-natal da rede municipal. O cuidado pré-natal de risco habitual é uma atribuição da Atenção Primária à Saúde.

A direção do Hospital Maternidade Maria Amélia Buarque de Hollanda informou que Larissa tinha uma gravidez prematura (35 semanas) e foi internada devido ao diagnóstico de morte fetal, situação constatada apenas no segundo atendimento. No primeiro atendimento, ela recebeu a assistência para as queixas e sintomas apresentados na ocasião. Na Declaração de Óbito emitida pela unidade, diabetes gestacional não está preenchida no campo de causa direta da morte, mas sim no de "outras condições significativas" que podem ter contribuído para o óbito. O feto não apresentava os sinais característicos de morte devido a diabetes gestacional, entre eles tamanho incompatível com a idade gestacional (muito grande).
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