Publicado 15/12/2023 17:18
Rio - Um comerciante de Maricá, na Região Metropolitana do Rio, denuncia ter sido expulso da casa onde vivia com a família na comunidade Sem Terra, no distrito de Inoã, após uma briga com um vizinho por causa de um cano de esgoto. Ao DIA, ele relatou que traficantes invadiram a sua residência e o juraram de morte. Apavorado, com mulher, uma filha de 11 anos e uma de 2, com espectro autista, ele pretende se mudar do estado.
"A gente está refém dos bandidos, a qualquer hora eles nos matam. O bandido atirou perto do ouvido da minha filha autista pra perguntar onde eu estava. Quando eles foram lá a primeira vez, eu fugi e deixei minha família, porque eles queriam a mim. Mas eles voltaram depois e torturaram minha mulher, colocaram ela de mãos pro alto, de joelhos, deram tiro perto do ouvido da criança", contou.
O caso aconteceu no dia 7 de novembro e a família vive um mês de medo e insegurança, dormindo na rua e em abrigos da prefeitura. "Nesse mês dormimos na porta da delegacia, sem nada, e fui parar na 6ª CIA. Eles falaram que a gente não podia ficar dormindo lá, porque os bandidos podiam ir atirar, ou seja, até quem tem que proteger a gente está com medo dos bandidos. Disseram que estavam de mãos atadas", lamentou.
O morador disse ainda que os traficantes ameaçaram incendiá-lo e jogar na restinga de Maricá. "Eu quero sair daqui e ir para outro estado, mas estou com medo de morrer. Estou com medo de no meio do caminho alguém nos pegar. Estamos apavorados", disse.
Briga por cano de esgoto
Segundo o comerciante, um vizinho foi até a 'boca de fumo' da comunidade e mentiu dizendo que o comerciante era miliciano. Ele acredita que o homem, mal intencionado, estivesse "fechado" com bandidos e tinha interesse em tomar a sua casa, que foi valorizada após obras feitas por ele.
"Eu comprei uma casa com a tia da minha esposa, só que eu fiz uma obra grande e valorizou a casa debaixo e ela vendeu sem avisar pra gente. Quando eu desci, já tinha um rapaz lá falando que queria tirar o cano do banheiro, só que eu disse para ele falar com a tia da minha esposa, porque ele comprou a casa com ela e não comigo, e isso durou umas três semanas. Nisso, a tia da minha esposa consertou o cano, mas ele queria mais alguma coisa, e ela não sabia o que, aí ele falou: 'pode deixar que eu vou resolver' e saiu", contou.
No dia seguinte, por volta das 21h, o rapaz voltou acompanhado de traficantes que tinham a intenção de levar o comerciante até a 'boca de fumo'.
"Eles falaram que iam me levar pra boca, mas eu falei que sou pai de família, trabalhador, e que não ia. Pai de família não vai pra boca, eu não fumo, não cheiro, não tenho o que fazer na boca, mas eles falaram que eram do Comando Vermelho e que eu tinha que acatar porque eles que mandavam. Eu falei que não devia nada ao CV e por isso não ia", explicou.
Ainda segundo o empreendedor, ao se recusar a ir com os traficantes, eles começaram a atirar na sua casa com a intenção de matá-lo. "Eu trabalho com vendas há anos, tenho uma banca, mas os caras não queriam saber de nada, foram para me matar. Lá é assim, se você não faz o que eles mandam, você está morto", disse.
A família teve a casa depredada e roubada. O comerciante só conseguiu voltar à residência para buscar alguns pertences com a ajuda da Polícia Militar. "Quebraram nossa TV, levaram bolsa da minha mulher, leite da minha filha, levaram carne, saquearam a casa. Ficamos abandonados! Minha mulher chorando, minha filha em crise, sem remédio, e eu sem dinheiro pra comprar. Eu fui na 6ª CIA e os PMs foram até a casa. Peguei algumas roupas, uma máquina de lavar que estava intacta, que consegui vender pra me manter até agora, uma bicicleta que vendi e o remédio da neném, que já está bem melhor", desabafou.
O morador possuía ainda mais dois imóveis, que eram alugados. No entanto, os valores dos alugueis agora estão sendo repassados para os traficantes.
"Eles pegaram até os aluguéis das nossas outras duas casas, agora elas são do Comando Vermelho. Estão fazendo isso com um monte de gente: eles tomam as casa e colocam para alugar, e estão movimentando milhões com isso. Todo mundo está refém e com medo. O CV está matando, expulsando e tratando o trabalhador como lixo", complementou.
Ameaça de morte
No último sábado (9), o comerciante contou que ele e a família sofreram mais uma ameaça. "Estávamos na casa que a prefeitura arrumou, só que minha filha só toma mamadeira quente por ter TOC e estávamos esquentando na delegacia. Nesse dia, por volta de 2h, a menina entrou em crise e eu fui obrigado a ir pra lá. Os bandidos me seguiram com um Logan preto e um Siena cinza, sorte que a gente conseguiu fugir. Estamos mais apavorados", detalhou.
Após sair do abrigo da prefeitura, o comerciante está morando em uma casa fornecida pela equipe do deputado estadual Fillipe Poubel, que criou uma vaquinha para arrecadar dinheiro no intuito de ajudar a família.
"O (deputado) Poubel fez uma vaquinha, mas em hora nenhuma eu pedi dinheiro. Eu quero uma resposta das polícias, para que isso não aconteça com outras famílias. Eu quero respostas para esses marginais. Estamos precisando da vaquinha pra sair do estado. Minha vida acabou, ela era toda certinha e agora está toda bagunçada, não sei o que fazer", lamentou.
"A gente está refém dos bandidos, a qualquer hora eles nos matam. O bandido atirou perto do ouvido da minha filha autista pra perguntar onde eu estava. Quando eles foram lá a primeira vez, eu fugi e deixei minha família, porque eles queriam a mim. Mas eles voltaram depois e torturaram minha mulher, colocaram ela de mãos pro alto, de joelhos, deram tiro perto do ouvido da criança", contou.
O caso aconteceu no dia 7 de novembro e a família vive um mês de medo e insegurança, dormindo na rua e em abrigos da prefeitura. "Nesse mês dormimos na porta da delegacia, sem nada, e fui parar na 6ª CIA. Eles falaram que a gente não podia ficar dormindo lá, porque os bandidos podiam ir atirar, ou seja, até quem tem que proteger a gente está com medo dos bandidos. Disseram que estavam de mãos atadas", lamentou.
O morador disse ainda que os traficantes ameaçaram incendiá-lo e jogar na restinga de Maricá. "Eu quero sair daqui e ir para outro estado, mas estou com medo de morrer. Estou com medo de no meio do caminho alguém nos pegar. Estamos apavorados", disse.
Briga por cano de esgoto
Segundo o comerciante, um vizinho foi até a 'boca de fumo' da comunidade e mentiu dizendo que o comerciante era miliciano. Ele acredita que o homem, mal intencionado, estivesse "fechado" com bandidos e tinha interesse em tomar a sua casa, que foi valorizada após obras feitas por ele.
"Eu comprei uma casa com a tia da minha esposa, só que eu fiz uma obra grande e valorizou a casa debaixo e ela vendeu sem avisar pra gente. Quando eu desci, já tinha um rapaz lá falando que queria tirar o cano do banheiro, só que eu disse para ele falar com a tia da minha esposa, porque ele comprou a casa com ela e não comigo, e isso durou umas três semanas. Nisso, a tia da minha esposa consertou o cano, mas ele queria mais alguma coisa, e ela não sabia o que, aí ele falou: 'pode deixar que eu vou resolver' e saiu", contou.
No dia seguinte, por volta das 21h, o rapaz voltou acompanhado de traficantes que tinham a intenção de levar o comerciante até a 'boca de fumo'.
"Eles falaram que iam me levar pra boca, mas eu falei que sou pai de família, trabalhador, e que não ia. Pai de família não vai pra boca, eu não fumo, não cheiro, não tenho o que fazer na boca, mas eles falaram que eram do Comando Vermelho e que eu tinha que acatar porque eles que mandavam. Eu falei que não devia nada ao CV e por isso não ia", explicou.
Ainda segundo o empreendedor, ao se recusar a ir com os traficantes, eles começaram a atirar na sua casa com a intenção de matá-lo. "Eu trabalho com vendas há anos, tenho uma banca, mas os caras não queriam saber de nada, foram para me matar. Lá é assim, se você não faz o que eles mandam, você está morto", disse.
A família teve a casa depredada e roubada. O comerciante só conseguiu voltar à residência para buscar alguns pertences com a ajuda da Polícia Militar. "Quebraram nossa TV, levaram bolsa da minha mulher, leite da minha filha, levaram carne, saquearam a casa. Ficamos abandonados! Minha mulher chorando, minha filha em crise, sem remédio, e eu sem dinheiro pra comprar. Eu fui na 6ª CIA e os PMs foram até a casa. Peguei algumas roupas, uma máquina de lavar que estava intacta, que consegui vender pra me manter até agora, uma bicicleta que vendi e o remédio da neném, que já está bem melhor", desabafou.
O morador possuía ainda mais dois imóveis, que eram alugados. No entanto, os valores dos alugueis agora estão sendo repassados para os traficantes.
"Eles pegaram até os aluguéis das nossas outras duas casas, agora elas são do Comando Vermelho. Estão fazendo isso com um monte de gente: eles tomam as casa e colocam para alugar, e estão movimentando milhões com isso. Todo mundo está refém e com medo. O CV está matando, expulsando e tratando o trabalhador como lixo", complementou.
Ameaça de morte
No último sábado (9), o comerciante contou que ele e a família sofreram mais uma ameaça. "Estávamos na casa que a prefeitura arrumou, só que minha filha só toma mamadeira quente por ter TOC e estávamos esquentando na delegacia. Nesse dia, por volta de 2h, a menina entrou em crise e eu fui obrigado a ir pra lá. Os bandidos me seguiram com um Logan preto e um Siena cinza, sorte que a gente conseguiu fugir. Estamos mais apavorados", detalhou.
Após sair do abrigo da prefeitura, o comerciante está morando em uma casa fornecida pela equipe do deputado estadual Fillipe Poubel, que criou uma vaquinha para arrecadar dinheiro no intuito de ajudar a família.
"O (deputado) Poubel fez uma vaquinha, mas em hora nenhuma eu pedi dinheiro. Eu quero uma resposta das polícias, para que isso não aconteça com outras famílias. Eu quero respostas para esses marginais. Estamos precisando da vaquinha pra sair do estado. Minha vida acabou, ela era toda certinha e agora está toda bagunçada, não sei o que fazer", lamentou.
Em nota, a equipe do deputado informou que o parlamentar recebeu a família no gabinete, providenciou hospedagem em local seguro "e está fazendo uma vaquinha para arrecadar recursos".
Quem quiser, pode ajudar a família doando qualquer valor através deste link. Até esta sexta-feira (15), R$ 7.590,40 foram arrecadados.
O que dizem as autoridades?
Procurada, a Polícia Militar informou que em novembro equipes do 12º BPM (Niterói) estiveram no endereço citado após acionamento e o fato foi apresentado em DP. "Os demais fatos seguem sendo investigados na 82ª DP", disse em comunicado.
Já a Polícia Civil disse que de acordo com a 82ª DP (Maricá), o caso foi registrado e diligências estão em andamento para apurar o fato. Segundo o delegado Bruno Gilaberte, responsável pela investigação, o comerciante tem três imóveis em investigação no inquérito sobre o Risca-Faca (comunidade Sem Terra incluída) e sobre o Minha Casa Minha Vida de Itaipuaçu, todos em Maricá.
Procurada, a Polícia Militar informou que em novembro equipes do 12º BPM (Niterói) estiveram no endereço citado após acionamento e o fato foi apresentado em DP. "Os demais fatos seguem sendo investigados na 82ª DP", disse em comunicado.
Já a Polícia Civil disse que de acordo com a 82ª DP (Maricá), o caso foi registrado e diligências estão em andamento para apurar o fato. Segundo o delegado Bruno Gilaberte, responsável pela investigação, o comerciante tem três imóveis em investigação no inquérito sobre o Risca-Faca (comunidade Sem Terra incluída) e sobre o Minha Casa Minha Vida de Itaipuaçu, todos em Maricá.
Em nota, a Prefeitura de Maricá, por meio da Secretaria de Participação Popular e Direitos Humanos, informou que "lamenta profundamente o caso dessa família, expulsa de sua casa pela ação de criminosos. Lembrando que cabe ao governo do Estado a solução urgente das questões envolvendo o tema da Segurança Pública".
A prefeitura disse ainda que amparou a vítima e disponibilizou todo o aparato de proteção social do município, desde que foi informada do caso em 9 de novembro. De forma emergencial, ajudou a vítima a sair da zona de conflito, levando a família a uma pousada com toda estadia e a alimentação custeadas pelo município.
"No dia 14 de novembro, portanto apenas seis dias depois, a família foi contemplada com o programa municipal 'locação social' (benefício temporário que atende famílias em vulnerabilidade habitacional), passando a morar em nova casa. O benefício municipal, no valor de R$ 1.500,00, se estenderá por dois anos. É importante ressaltar que a esposa já recebe mensalmente 600 mumbucas (moeda social de Maricá equivalente a R$ 600), por meio do programa municipal Renda Básica de Cidadania (RBC), mais o Bolsa Família, programa do governo federal", finaliza o comunicado.
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