Publicado 19/12/2023 00:00
Oito anos atrás, o professor de dança paraense Allan Lobato foi convidado para participar do evento Feira Forte, organizado pela Associação Comercial e Industrial de Cabo Frio. Depois de realizar uma performance para o público, ele decidiu fazer um concurso de dança e pediu para que cinco mulheres subissem ao palco. Entre elas, estava a jovem Natália Barrios, que venceu a disputa ao impressioná-lo com a sua energia e talento durante a apresentação. "Ela me deixou encantado e, naquele momento, bateu a curiosidade de entender como eu poderia incluir pessoas com Síndrome de Down, assim como a Natália, nas academias de dança", relembra.
Na época, ele já trabalhava há mais de 15 anos como coreógrafo na Região dos Lagos do Rio de Janeiro, mas decidiu começar a dar aulas de dança para a jovem no mesmo espaço usado para as suas turmas rotineiras. Diante da divulgação feita nas Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAEs), a novidade passou a se espalhar entre os colegas de Natália.
Com o sonho de conseguir um espaço próprio dar continuidade ao seu trabalho, Allan chegou a participar em 2018 do 'The Wall', um quadro de perguntas e respostas no 'Caldeirão de Huck'. No ano seguinte, sua turma foi também a atração de uma das equipes do quadro 'Jogo de Panelas', do programa 'Mais Você', de Ana Maria Braga.
Gran Finale
O professor fundou em setembro deste ano o Instituto de Dança Allan Lobato, uma organização sem fins lucrativos e que tem como um dos seus projetos centrais a Companhia Down Dance, voltada para o ensino de dança de salão. O grupo se prepara para o seu primeiro espetáculo na cidade do Rio de Janeiro, que acontecerá amanhã no Teatro Vannucci, no Shopping da Gávea.
Natália, hoje com 37 anos, está ansiosa para a chegada do momento de dançar seus ritmos favoritos, o bolero e o samba. "Para nós, está sendo uma vitória e uma honra muito grande sair de Cabo Frio para fazer uma apresentação no Rio", declara Olivia Barrios, a mãe da jovem. fotogaleria
A mesma empolgação é demonstrada por Silvia Mendes, mãe do aluno Ricardo, de 41 anos. De acordo com ela, a paixão que ele nutre pela dança é tão grande que, mesmo após sofrer com sequelas graves da infecção pelo coronavírus, o filho mal podia esperar o momento para voltar para os palcos. Ricardo hoje sonha em fazer uma temporada internacional com a Companhia.
'A dança é um espaço terapêutico'
Para a psicóloga Symone Castro, além do desenvolvimento motor proporcionado pela dança, a sociabilidade também é um elemento crucial para ser considerado. Symone atende alunos que fazem parte da Cia Down Dance e relata como a atividade auxilia na melhora do comportamento desses jovens. "A dança é um espaço terapêutico porque por ela você aprende, ensina e vive na coletividade", afirma.
Os impactos positivos podem ser percebidos até mesmo pela família dos alunos, como é o caso de Adelina Leocádia, mãe da Sophia, adolescente de 15 anos diagnosticada com Síndrome de Down e Transtorno Opositor Desafiador (TOD). "Eu passei a ter uma moeda de troca muito boa: se ela não se comportar, não vai para a aula de dança", diz Adelina, que acompanha a filha nas práticas de dança de salão ministradas por Allan em Cabo Frio.
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