Publicado 29/12/2023 19:02 | Atualizado 29/12/2023 19:34
Rio - Lenda viva do Carnaval, o músico Carlinhos Pandeiro de Ouro, de 82 anos, é o mais novo morador do Retiro dos Artistas, em Jacarepaguá, Zona Oeste do Rio. Depois de 65 anos rodando o mundo com seu talento em shows e oficinas, misturando percussão com dança, o mangueirense, desde o dia 9 de dezembro, é um dos 52 residentes da centenária instituição.
Há três anos vivendo no Rio, Carlinhos morava sozinho na Glória, região central da cidade, quando teve uma pneumonia e precisou de auxílio. Devido a um desentendimento familiar, solicitou uma moradia ao Retiro.
"Terminou o prazo do meu apartamento e houve, também, uma briga na família. Minha neta teve um desentendimento comigo, me xingou e eu fiquei triste com a situação. Desde então fiz o pedido a instituição, não demorou muito para aceitar e agora estou aqui", relatou Carlinhos ao DIA.
Administradora geral do Retiro, Cida Cabral explicou que o artista que quiser morar no local precisa fazer uma solicitação para conseguir a vaga. Durante o processo, é preciso explicar os motivos e realizar uma entrevista com uma equipe técnica e, sendo aprovado, entrar na fila de espera. "Ele nos procurou pois estava precisando dessa ajuda. Queria vir morar aqui e conviver com os colegas", comentou Cida.
Completando três semanas na nova moradia, Carlinhos está saudável e feliz de poder dividir a rotina com pessoas queridas, como o ator Stepan Nercessian, presidente da instituição, e Zezé Mota, a vice.
"Me sinto honrado de estar aqui e de ter feito alguma coisa para estar neste lugar. Fico feliz, pois fiz algumas coisas pela cultura do Brasil", relembrou Carlinhos, que completou: "O Stepan é meu amigo, foi na minha casa no Havaí [EUA]. A Zezé também é muito minha amiga. Estou gostando de viver aqui, estou saudável e inteiro".
"Me sinto honrado de estar aqui e de ter feito alguma coisa para estar neste lugar. Fico feliz, pois fiz algumas coisas pela cultura do Brasil", relembrou Carlinhos, que completou: "O Stepan é meu amigo, foi na minha casa no Havaí [EUA]. A Zezé também é muito minha amiga. Estou gostando de viver aqui, estou saudável e inteiro".
Com 105 anos de fundação, o Retiro dos Artistas é o único espaço do gênero no país, idealizado para servir de moradia digna para artistas idosos com dificuldades financeiras, problemas de saúde ou sem apoio de familiares e amigos. Com todas as casas ocupadas, a instituição sobrevive por meio de doações e de um bazar que funciona internamente.
"Nós temos uma grande infraestrutura, com uma área de quase 15 mil metros quadrados. Temos médicos, enfermeiros, clínica de fisioterapia e parcerias com plano de saúde. Fornecemos refeição seis vezes ao dia, salão de beleza e serviços de lavanderia. Tudo isso está incluído em nossa estrutura", reforçou Cida.
Trajetória
Carlos Alberto Sampaio de Oliveira nasceu em junho de 1942 no Barreto, em Niterói, Região Metropolitana do Rio. Ainda jovem, a família passou a viver em Cascadura, Zona Norte, e em Deodoro, Zona Oeste, quando se aproximou do samba. Ainda adolescente, foi levado a um ensaio da Estação Primeira de Mangueira e se apaixonou. O primeiro desfile dele na escola foi em 1957 e, desde então, não perde nenhum Carnaval.
Em 1966 venceu o concurso nacional "Pandeiro de Ouro", disputado entre 500 concorrentes. Este passou a ser o nome artístico do músico, que teve como outro ponto alto de sua carreira a conquista dos mais importantes prêmios do Carnaval na década de 1970.
Carlinhos também se consagrou no Trio Pandeiro de Ouro. Ao lado do compositor Monsueto e da atriz Marília Pêra, estrelou o espetáculo "Carnaval de Copacabana", na Argentina, no Chile e nos Estados Unidos. Em 1967, o grupo seguiu para temporadas na Europa e no Oriente. Em 1968 foram aplaudidos de pé pela Rainha Elizabeth em uma apresentação para a Majestade, que visitava o Rio.
Carlinhos Pandeiro de Ouro morou por anos na Suécia, no Havaí e em Los Angeles, nos EUA. Tocou com grandes figuras da música mundial além de dar aulas de percussão nos Estados Unidos e no Japão.
*Reportagem do estagiário João Pedro Bellizzi, sob supervisão de Larissa Amaral
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