Publicado 21/01/2024 06:00
Patrono da educação brasileira, o professor Paulo Freire tinha a educação como uma ferramenta de libertação e transformação da humanidade. Nesta semana, cinco moradores da Cidade de Deus, um dos territórios mais conflagrados da cidade, dominado pelo tráfico de drogas, deram mais um passo transformador em suas vidas ao serem aprovados no vestibular da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Todos são alunos da ONG Nóiz, que atende famílias em situação de vulnerabilidade e extrema pobreza.
Angeline da Conceição, Leandra Oliveira e Igor da Silva foram aprovados para o curso de pedagogia; Ana Carla dos Passos para Serviço Social; e Mayara Silvina para Engenharia de Produção. Com eles, já são 16 aprovados em universidades por meio do ‘Gradua Nóiz’ curso pré-vestibular oferecido de forma gratuita pela organização.
“Lá fui abraçada, respeitada e reconhecida como pessoa, mulher, negra e de comunidade. O projeto me trouxe de volta a autoestima e tudo foi incrível. Quando passei no vestibular, aos 47 anos, meu primeiro pensamento foi de alegria. Foi o segundo melhor momento na minha vida, o primeiro foi o nascimento do meu filho”, disse Ana Carla, que escolheu a formação em Serviço Social, para devolver à comunidade o aprendizado que terá na universidade.
“Quero atuar na comunidade, levar conhecimento para as mulheres negras de lá, fazendo-as entender que nunca é tarde para recomeçar”, completou.
“Quero atuar na comunidade, levar conhecimento para as mulheres negras de lá, fazendo-as entender que nunca é tarde para recomeçar”, completou.
O projeto Gradua Nóiz surgiu no início de 2020, mas quase foi descontinuado devido a pandemia da Covid-19. O presidente da ONG, André Melo conta que foi preciso driblar a diminuição de recursos e o aumento das dificuldades já existentes no ambiente de uma comunidade para seguir em frente. No entanto, os resultados trazem conforto e sensação de dever cumprido.
“Trabalhar em comunidade é encarar milhões de desafios impostos pela sociedade, não pelas pessoas que moram ali. Todos são iguais e elas não são tratadas ou recebem as oportunidades como deveriam. Então esse pré-vestibular social é resultado de muita luta, para conseguir estrutura, livros, alimentos. É uma conquista gigante. Nos emocionamos com o resultado”, contou.
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