Fachada do Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, em CaxiasCleber Mendes / Agência O Dia
Publicado 22/01/2024 11:43
Rio - Uma vigilante denuncia a morte do pai, no último domingo (21), no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, por negligência médica. O idoso Carlos Luiz Ancelmo da Silva, de 65 anos, foi diagnosticado com infecção urinária e anemia, mas recebeu alta médica horas depois de ser internado, mesmo ainda se sentindo mal. 
Verônica Francisca de Castro, de 41 anos, conta que o pai não estava conseguindo urinar, se alimentar,  beber água e tendo dificuldades para andar e, por volta das 1h de sábado (20), o levou para o hospital. Após exames e da descoberta da causa dos sintomas, ele foi internado, mas a filha não pôde acompanhá-lo. Por volta das 10h, ela foi informada de que Carlos Luiz recebeu alta médica e, sem acreditar que ele tinha se recuperado, o buscou apenas no domingo. 
Entretanto, ao encontrar com o pai, a vigilante percebeu que ele ainda estava com os mesmos sintomas e foi orientada pelos profissionais a tratá-lo em casa com medicamentos. "Como dá alta para uma pessoa, se a pessoa está com os mesmos sintomas. Disseram que ele estava com infecção urinária e que dá para combater em casa, mas como, se a pessoa não está comendo, não está andando? Como liberam o paciente assim?", disse Verônica.
A filha relatou que também recebeu um encaminhamento para marcar uma consulta com um urologista. "Até eu agendar (a consulta), vai demorar séculos, a pessoa morre e não vai ser atendida. Quando a gente procura o hospital, é porque a pessoa está precisando de socorro, de médico. Se eles não tinham recursos ali, que transferissem para outro hospital, não é mandar o paciente embora com os mesmo sintomas ou mandar procurar um urologista e tratar com remédio", desabafou. 
Poucas horas depois de levar o idoso para casa, ele voltou a passar mal e a filha retornou ao hospital, mas ele não resistiu e morreu. Inicialmente, os médicos teriam dito à família que ele sofreu um infarto, mas a causa da morte não foi declarada no laudo. Verônica conta que o pai sofria com o alcoolismo, mas que não tinha doenças preexistentes, como diabetes, hiperstensão ou cardíaca. Carlos Luiz será sepultado às 15h desta segunda-feira (22), no Cemitério de São Francisco Xavier, no Caju, na Zona Portuária do Rio. 
"É um sentimento de revolta, a gente depende do órgão público e quando a gente precisa, não tem suporte. E não é só comigo, tinham vários casos acontecendo, eles internam em um dia e no outro manda buscar. É um descaso, eles não têm explicação para me dar. Eu espero que melhore, porque é um hospital grande, botem mais profissionais para trabalhar, para atender o povo com mais carinho, para cuidar dos pacientes e para que não aconteça com mais ninguém", lamentou a filha. 
Procurada pelo DIA, a Secretaria Municipal de Saúde de Duque de Caxias disse que Carlos Luiz deu entrada na unidade para atendimento na noite de sexta-feira (19) com quadro infeccioso, sendo internado para realização de exames e observação médica. O órgão informou que, após os exames e a melhora no quadro geral de saúde, não havia critério para hospitalização. Por isso, o paciente recebeu alta neste domingo (21) com indicação da medicação para tratamento em casa e encaminhamento para consulta com a urologia.
Ainda segundo a secretaria, no mesmo dia, o homem reentrou no hospital com quadro grave, que levou ao óbito. A direção da unidade disse que não houve nada no relato médico que possa identificar negligência e que se coloca à disposição da família para esclarecimentos. 
"A direção do HMMRC ressalta ainda que o paciente recebeu todo o atendimento disponível na unidade, tanto na sua primeira entrada como na sua reentrada, e que se coloca a disposição da família para os esclarecimentos que se fizerem necessário", diz a nota.
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