Publicado 09/02/2024 13:28
Rio - "Quero justiça. Quero que esse policial pague pelo que fez". Esse foi o pedido de Kaylaine de Araújo Costa, irmã do jovem Jefferson de Araújo, de 22 anos, que morreu após ser baleado à queima-roupa por um PM, durante um protesto que era feito na Avenida Brasil, às margens da comunidade da Nova Holanda, no Complexo da Maré. A familiar falou sobre a perda enquanto aguardava a liberação do corpo do irmão, no início da tarde desta sexta-feira (9), na porta do Instituto Médico Legal (IML) Afrânio Peixoto, no Centro.
"Foi tudo na minha frente e na frente da minha mãe. Foi desesperador. Até agora não estou acreditando. (...) O meu irmão era uma pessoa boa, trabalhadora, trabalhava como entregador, ajudante de pedreiro, ajudava toda a família também. Sempre ajudava a minha avó a carregar as compras, com as bolsas pesadas. Agora ela está lá, sofrendo, chorando muito, em pânico", comentou.
"Foi tudo na minha frente e na frente da minha mãe. Foi desesperador. Até agora não estou acreditando. (...) O meu irmão era uma pessoa boa, trabalhadora, trabalhava como entregador, ajudante de pedreiro, ajudava toda a família também. Sempre ajudava a minha avó a carregar as compras, com as bolsas pesadas. Agora ela está lá, sofrendo, chorando muito, em pânico", comentou.
A jovem conta que ela, o irmão e outras pessoas participavam de um protesto contra a operação policial feita na comunidade da Nova Holanda, nesta sexta-feira (9), quando o PM Eduardo Gomes dos Reis, lotado no 22º BPM (Maré), desembarcou da viatura já com o fuzil apontado, pronto para atirar.
Imagens que circulam nas redes sociais mostram a abordagem do PM, que usa o fuzil para bater nas costas de Jefferson. Logo em seguida escuta-se o disparo. A gravação mostra a vítima sangrando e desmaiando na calçada.
"Meu irmão estava tacando um caixote na pista, da mesma forma que eu e muitos estavam fazendo. O policial estava dentro do carro, sem fazer nada, mas conforme continuamos jogando, ele se revoltou e saiu do carro já com o fuzil destravado e dedo no gatilho. Veio com o fuzil já atirando, na intenção de matar. Não tinha bandido ali, só morador", relembrou.
O policial foi preso logo após o caso pelo crime de homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. Segundo a PM, a arma e a câmera operacional portátil instalada na farda de Eduardo foram recolhidas e disponibilizadas para a investigação.
Ele foi transferido, ainda no fim da noite desta quinta-feira (8), para o Batalhão Especial Prisional (BEP) de Niterói, na Região Metropolitana.
O caso inicialmente seria investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), mas por ter sido considerado homicídio culposo, acabou sendo transferido para a Justiça Militar.
O advogado procurador da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados (OAB) do Rio, Rodrigo Mondego, falou sobre o caso ainda nesta quinta-feira. Ele também acompanha a família na liberação do corpo no Instituto Médico Legal, nesta sexta (9).
"A Delegacia de Homicídios entendeu se tratar de um homicídio culposo, ou seja, sem intenção de matar. Então o caso será remetido para a Justiça Militar. Nem vou entrar na questão da omissão de socorro, que também foi outro crime cometido contra o Jefferson. Só que os policiais da DH fizeram a família se deslocar a toa do hospital, onde estava o corpo de Jefferson, até a delegacia que fica a mais de 30 km de distância de onde elas moram. Isso a menos de 8 horas da morte dele. Revitimização nítida", avaliou.
Até o momento, não há informações sobre a data, local e horário de sepultamento de Jefferson.
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