Publicado 13/03/2024 12:33
Rio - A Polícia Civil realiza, desde as primeiras horas desta quarta-feira (13), uma operação contra integrantes do Comando Vermelho (CV) responsáveis pela exploração de serviços ilegais de internet e tv a cabo em bairros de Itaboraí, Região Metropolitana do Rio. Ao todo, a ação denominada de Quartzo visa cumprir 72 mandados de busca e apreensão contra lideranças da organização criminosa. O grupo estaria lucrando mensalmente R$ 15 milhões com o esquema.
Segundo a corporação, parte desses mandados será cumprido no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste, onde estão lideranças da facção criminosa que comandariam a exploração dos serviços nos bairros da cidade. As unidades alvo são os presídios Alfredo Trajano (Bangu 2) e Gabriel Castilho (Bangu 3).
Além do presídio, outros endereços, incluindo imóveis residenciais e empresas, também serão alvos de buscas em apreensão. A lista inclui bairros da capital e cidades da Região Metropolitana, como Niterói, São Gonçalo, Maricá, Itaboraí, além de Cabo Frio e Arraial do Cabo, na Região dos Lagos.
A operação é resultado de uma investigação conduzida pela Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) que começou ainda no mês de abril do ano passado. Durante o trabalho, os agentes identificaram, por exemplo, negociações entre a facção e empresas provedoras de internet que teriam a exclusividade na oferta do serviço nas regiões dominadas pela organização.
Conforme apurado pelos investigadores, as empresas que fechavam esses "acertos" eram obrigadas a repassar 50% de todo o valor arrecadado com os clientes que, por sua vez, se veem forçados a contratar um serviço de baixa qualidade. Esse controle, inclusive, impedia a entrada de concessionárias conhecidas do mercado.
O esquema conta com a apropriação de equipamentos e materiais utilizados nas redes de dados dessas empresas obrigadas a se retirarem dos bairros. Essa estrutura é repassada às empresas associadas aos narcomilicianos, que se comprometem a fazer os pagamentos mensais aos criminosos. A estimativa é de que a facção ganhe cerca de R$ 15 milhões por mês com a prática.
"O dinheiro é revertido para comprar armamento e na lavagem de dinheiro na aquisição de estabelecimentos comerciais, investindo em empresas e serviços que tenham aparência de legalidade", afirmam os investigadores.
Com a ação, a Polícia Civil espera apreender armas de fogo, munições, telefones, computadores, dispositivos eletrônicos, cabeamentos e demais materiais relacionados às empresas prestadoras de serviço, além de anotações, depósitos bancários, contratos e documentos relacionados à atividade criminosa.
Os investigados irão responder pelos crimes de interrupção de serviço essencial, receptação qualificada, associação criminosa. Os agentes também apuram o envolvimento da facção nos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa.
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