Publicado 13/03/2024 20:17
Rio - Um vídeo obtido pelo DIA flagra a agressão de dois guardas municipais a um homem que buscava o filho na escola, na Ilha do Governador, nesta quarta-feira (13). O caso foi parar na 37ª DP (Ilha) e registrado inicialmente como desacato. A Guarda Municipal disse que analisará o incidente para "entender se os agentes se excederam". Assista ao vídeo:
O analista de sistemas Thiago Lopes, de 39 anos, contou à reportagem que estava parado no sinal em frente a Escola Modelar Cambaúba, no Jardim Guanabara, quando o filho avistou o carro e foi em direção ao veículo. Neste momento, ele foi abordado pelos guardas. "Eu estava aguardando para entrar na baia, com o sinal fechado. Meu filho viu o meu carro e veio em direção a ele e abriu a porta para entrar. Quando ele estava entrando, o guarda disse que iria me multar. O sinal estava fechado e eu estava aguardando um carro sair da baia, com a seta ligada, para entrar nela", explicou. "Eu pedi só para esperar meu filho entrar no carro e ele não gostou e começou a me agredir verbalmente com palavrões. Meus filhos estavam dentro do carro. Um deles, que eu estava levando para outra escola, tem Síndrome de Down. Os dois começaram a chorar", contou.
Thiago relatou que discutiu com os agentes, que afirmaram que o levariam para a delegacia. "Eu falei que iria, mas que deixaria as crianças na escola. Quando eu desci do carro, eles não me permitiram retirar meu filho e começaram a me agredir fisicamente e alegaram que iriam me algemar por desacato. Ele não deixou eu retirar meu filho do carro. Se colocou entre mim e a porta. Eu falei que não havia razão para ser algemado", relatou.
O delegado Felipe Santoro, da 37ª DP, informou que "a priori, as lesões apresentadas por Thiago foram decorrentes das reações dos agentes que foram agredidos inicialmente por ele." Ainda segundo Santoro, as imagens foram solicitadas pela delegacia à escola para apurar as circunstâncias do ocorrido.
No vídeo, é possível ver um dos guardas empurrando Thiago quando ele abre a porta para retirar o filho, que grita em desespero. O agente segue com empurrões contra ele, imprensando contra o carro, enquanto a criança ainda está no veículo.
Funcionários da escola retiram o menino do automóvel enquanto os agentes tentam algemar o homem, que grita: "Calma ai, cara, eu tô com o meu filho. Tira a mão de mim". Populares que passavam pelo o local pediam calma e ameaçavam chamar a polícia contra os GMs. "Você bateu nele, ele está todo arranhado, você não pode fazer isso, você é guarda municipal", diz uma mulher. A confusão aconteceu durante a entrada das crianças na instituição, que presenciaram todo o caso.
Em nota, a Guarda Municipal disse que durante o patrulhamento e fiscalização nas proximidades da Escola Cambaúba, a corporação "flagrou um motorista estacionado irregularmente na via, em frente ao colégio. E de acordo com as equipes, o condutor reagiu mal à abordagem, desceu do veículo, fez ameaças e ainda xingou a equipe."
"Com apoio de policiais militares do 17º BPM (Ilha do Governador), o suspeito foi detido e levado para a 37ª DP (Ilha do Governador), onde o caso está sendo avaliado pela autoridade policial", afirmou a GM. Thiago afirmou que não se opôs em ir à delegacia. Ele relatou ainda que pediu para ir no próprio carro, mas foi impedido pelos guardas. Os PMs, então, conduziram Thiago ao hospital e à DP.
Leonardo Fischer, presidente da Escola Modelar, registrou um dos vídeos. "(Os guardas) Não respeitaram nada. Eles disseram 'dane-se os filhos dele'. Estão fazendo uma operação exclusivamente na porta da nossa escola. Na escola particular perto, nada de GM."
A Escola Modelar Cambaúba disse, em nota, que se compromete com a segurança de seus alunos, e está "profundamente preocupada com as recentes ações da Guarda Municipal na região que
envolve a instituição." Veja o documento na íntegra:
envolve a instituição." Veja o documento na íntegra:
"Temos testemunhado abordagens truculentas e uma comunicação agressiva por parte dos agentes da Guarda Municipal em relação ao trânsito na frente da nossa escola. É com grande consternação que observamos o aparente viés discriminatório dessas abordagens, uma vez que outras escolas em nossa área não parecem estar sujeitas ao mesmo nível de fiscalização intensiva e coercitiva. Essa atitude vai ao encontro dos princípios constitucionais da isonomia e pessoalidade.
Entendemos a importância da fiscalização do trânsito para garantir a segurança de todos os envolvidos. No entanto, a abordagem atual da Guarda Municipal parece estar ultrapassando os limites da razoabilidade, eventualmente configurando um abuso de autoridade, resultando em uma quebra da harmonia e da confiança que são fundamentais para um ambiente escolar saudável. Estamos prontos para colaborar com as autoridades competentes para encontrar soluções que promovam a segurança e o respeito mútuo em nossa comunidade. No entanto, instamos veementemente a Guarda Municipal a rever suas táticas e garantir que todas as abordagens sejam realizadas de maneira profissional, respeitosa e imparcial."
No início da noite desta quarta-feira, Thiago foi ao Instituto Médico Legal (IML) para fazer um exame de corpo de delito.
Questionada sobre a agressão registrada no vídeo, a Guarda Municipal disse que vai "analisar as imagens para verificar se houve excesso dos guardas."
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