Publicado 26/03/2024 07:51
Rio - Motoristas de aplicativo realizam uma manifestação, nesta terça-feira (26), contra o projeto de lei proposto pelo governo federal que cria um pacote de direitos trabalhistas para a categoria. A carreata, que conta com centenas de veículos, saiu do Aeroporto Santos Dumont e seguiu para o Centro do Rio. O grupo ocupa chegou a ocupar uma pista da Avenida Presidente Antônio Carlos.
Os motoristas saíram dos carros para protestar segurando faixas e cartazes com dizeres: "Nós motoristas somos contra a PL 12/2024" e "Queremos tarifas justas por km/min". A Guarda Municipal, Polícia Militar e CET-Rio acompanharam a manifestação.
A paralização, organizada pela Federação dos Motoristas por Aplicativos do Brasil (Fembrapp), ocorre em todo o país e busca chamar atenção para as preocupações dos motoristas em relação à regulamentação proposta. O projeto de lei que cria direitos trabalhistas para motoristas de aplicativos foi recebido com uma série de críticas por grupos que representam a classe.
O PL 12/2024 cria a figura do “trabalhador autônomo por plataforma”, não prevê vínculo empregatício entre motorista e empresas, estipula um valor mínimo para remuneração por hora de corrida, inclui os motoristas obrigatoriamente de contribuição para a Previdência Social e determina a negociação via acordos coletivos.
Thiago Velasco é motorista de aplicativo há oito anos e esteve na manifestação. Ele é um dos organizadores do movimento. De acordo com ele, o projeto não traz benefícios para a categoria. "Queremos ser ouvidos, mas não somos. Esse sindicato não nos representa porque fizemos uma pesquisa nacional onde 95% votaram contra a PL 12/2024. Esse projeto não agrega em nada, não tivemos nenhum benefício. Vamos ganhar menos e iremos pagar o teto máximo de imposto, é uma loucura total", explicou ao DIA.
Leandro Cavalcante, de 43 anos, é motorista de aplicativo há sete anos e para ele, o custo com o veículo aumentou e a remuneração diminuiu. "O motorista não é contra a regulamentação, até porque somos explorados. A questão é que as principais reivindicações que pedimos dizem respeito à tarifa. Primeiro o pagamento por km/min, além de um valor justo da tarifa mínima e terceiro, um critério de reajuste anual. Importante salientar que há 7 anos atrás o valor do GNV era R$ 1,80 e passou para R$ 4,50. Além disso, um carro que era R$ 35 mil, agora tá R$ 70 mil. Hoje, a gente ganha menos do que lá atrás porque o custo aumentou e nossa remuneração diminuiu", disse.
A principal crítica entre os trabalhadores da categoria é que o PL estabelece o valor mínimo de R$ 32,09 por hora trabalhada, enquanto limita o tempo de trabalho máximo por dia. De acordo com dados da StopClub, startup que oferece ferramentas de segurança e performance financeira para os motoristas de aplicativo, este já é o valor médio recebido pelos motoristas hoje.
Os dados mostram que o custo diário de um motorista gira em torno de R 150,58 por dia trabalhado ou R 16,13 por hora on-line nos aplicativos. Considerando que o motorista fica 60% do tempo on-line em viagem, seu custo é de R 26,88 por hora trabalhada.
Para os motoristas, o valor mínimo estabelecido não é o suficiente para cobrir os custos de manutenção e utilização de um carro. Eles temem também que as plataformas ajustem os ganhos aos trabalhadores para pagar apenas o mínimo exigido pelo governo, ou seja, que transformem o piso proposto num teto de remuneração. Outro ponto a se destacar é que o PL não considera o custo do quilômetro rodado, diferente da regulamentação dos taxistas. Isso pode criar situações em que uma corrida gere prejuízos ou nenhum lucro ao motorista.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.