Gestante teve parto no chão da recepção de maternidade em Santa Cruz da Serra, na BaixadaReprodução
Publicado 27/03/2024 16:38 | Atualizado 28/03/2024 13:57
Rio - Queli Santos Adorno, de 35 anos, deu à luz no chão no setor de admissão da Maternidade Santa Cruz da Serra, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense, na madrugada de domingo (24). Segundo o irmão da grávida Leandro Adorno, ela entrou em trabalho de parto enquanto tentava convencer equipe da unidade de saúde de que seu filho estava para nascer. O momento traumático do parto foi flagrado em vídeo por familiares. 
"Minha irmã falava o tempo todo: 'Eu avisei para ela. Eu avisei para ela'. Só que essa médica não acreditou na minha irmã. Ainda ficou com cara de deboche. Assim que ela saiu de perto da minha irmã, depois de falar esse lance da contração de treinamento, a Queli começou a ter filho", explicou o irmão. 
Veja o vídeo:
Leandro conta que a primeira médica que atendeu Queli, ainda na noite de sexta-feira (22), entendeu a situação dela e orientou que ela deveria ficar na unidade. "Essa primeira médica entendeu a situação dela, disse para ela ficar, falou que por ela já ser mãe de outros três, ela poderia evoluir muito rápido para dar à luz", lembra.
Durante a madrugada de sábado, contudo, uma nova médica assumiu o plantão e fez uma avaliação completamente diferente, sugerindo que Queli ainda não precisaria ficar internada. A irmã de Queli, Carine Adorno, conta que a médica usava um tom de deboche para minimizar a situação.
"Ela disse várias vezes que minha irmã só estava tendo contrações de treinamento e que ela não deveria estar lá. Minha irmã conhece o corpo dela, já era mãe de quatro, como que ela não sabia o que estava acontecendo? É muito revoltante tudo isso", contou a irmã, que acompanhou a gestante nos últimos dias.
Agora, a família se prepara para entrar na Justiça contra a maternidade alegando a negligência médica cometida pelos profissionais. "Isso que fizeram com ela vai ficar para o resto da vida dela. É um trauma que ela nunca vai esquecer. Não só para ela, mas também para a família. Queremos justiça. Queremos que eles resolvam isso daí, que eles paguem pelo que fizeram", pontuou Carine. 
A familiar ainda revelou que nem acompanhamento psicológico a irmã recebeu após o ocorrido. O tratamento só teria sido prestado, nesta quarta-feira (27), quatro dias após o incidente. "Ficaram enrolando dizendo que iriam mandar, mas só enviaram depois que o caso foi parar em vocês da imprensa", criticou. 
Em nota, a Prefeitura de Duque de Caxias informou que irá analisar, junto à direção da Maternidade de Santa Cruz da Serra, o prontuário da paciente em busca de falhas na admissão e internação. Se confirmadas, os profissionais que fizeram o atendimento serão responsabilizados.
Ainda segundo o comunicado, a direção da unidade disse ter recebido a paciente no sábado em boas condições. A maternidade explica que Queli recebeu o atendimento necessário, mas a evolução do parto foi rápida, acontecendo ainda no setor de admissão.
"De imediato, a paciente e seu recém-nascido receberam toda a assistência médica necessária. A direção da unidade informa ainda que, no momento, a mãe permanece internada para ajuste de medicação de controle da pressão. O recém-nascido está de alta médica, mas permanece na maternidade acompanhando a mãe", detalhou.
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