Publicado 02/04/2024 17:21
Rio - Dezenas de mães se uniram nesta terça-feira (2) para cobrar o direito à saúde de filhos atípicos. Elas iniciaram o dia mundial da conscientização do autismo na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde pediram a instauração de uma CPI para investigar o cancelamento de tratamento de crianças e jovens com autismo por planos de saúde.
Em seguida, as responsáveis caminharam até o Tribunal de Justiça do Rio. O presidente da Comissão da Pessoa com Deficiência da Alerj, deputado estadual Fred Pacheco (PMN), participou da reunião com magistradas da Comissão Permanente de Acessibilidade e Inclusão (COMAI) e apresentou os dados de 184 processos em que famílias lutam para conseguir o tratamento pelo plano.
"A comissão consolidou os dados em uma planilha e organizou toda a demanda. A grande maioria não obteve resposta, outras mães tiveram o trânsito em julgado, ganharam as ações, mas a decisão não está sendo cumprida pelo plano. O Tribunal ficou de nos dar um retorno até sexta-feira", afirmou Pacheco.
A principal reivindicação das mães que protestaram em frente ao Tribunal de Justiça é de que os planos não cancelem os tratamentos e que cumpram as decisões liminares obtidas pelas famílias. Com faixas, elas vestiam camisas pretas com a inscrição "Saúde é Direito, não é favor".
Érica Dias dos Santos é mãe de uma criança atípica que só conseguiu tratamento através de uma ação na Justiça. "As nossas crianças já receberam cartas de suspensão do atendimento porque a clínica não tem mais condições de arcar com as terapias porque os planos não estão repassando os valores", explicou Érica, cuja filha é atendida em uma clínica em Realengo, na Zona Oeste do Rio.
Já Monica Lima, reorganizou a rotina de cuidado com o filho de oito anos para participar do dia de reivindicações. Ela também participará de uma caminhada no próximo domingo (7) na Praia de Copacabana, na Zona Sul, cuja pauta é a mesma: garantir o tratamento de crianças e jovens com autismo pelos planos de saúde.
"Eu levei quatro anos de terapia para que meu filho começasse a falar. Sob sol e chuva, muitas vezes sem dinheiro para passagem, eu ia à pé para a terapia. Do nada, a gente vai jogar todos esses anos de luta para conseguir alguma evolução fora, porque a partir do momento que eles param a terapia, eles regridem", alertou Monica.
Luciana Reis, é moradora da Penha, na Zona Norte do Rio, e está vivenciando o mesmo problema de Monica. Seu neto teve o tratamento interrompido e as consequências já estão sendo sofridas. Ele está com dificuldades para se alimentar depois que parou as terapias.
"A gente precisa que eles recebam tratamento para que evoluam. Os planos não têm o tratamento para dar e não estão fazendo o repasse para a clínica", critica Luciana Reis, cujo neto precisa de terapia ocupacional, fonoaudiologia e fisioterapia motora. "Estamos aqui para a Justiça fazer cumprir as liminares. Eu já tenho a liminar, mas não está sendo cumprida", reforçou.
Após a reunião no TJRJ, as mães também foram ao Procon-RJ. "A gente paga, o plano está em dia, então por que não recebemos o que pagamos?", resume Monica Lima.
Leia mais
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.