Família foi morta a tiros na noite do último dia 17 no bairro Baldeador, em NiteróiReprodução / Redes Sociais
Publicado 03/04/2024 15:47
Rio - Filipe Rodrigues, morto ao lado da família no mês passado em Niterói, na Região Metropolitana do Rio, se passou por um policial militar corrupto e enganou traficantes da comunidade do Castro, na mesma região. Em conversas obtidas pelo DIA, o rapaz afirma ao chefe do tráfico da localidade, Lucas Lopes da Silva, o Naíba, que era conhecido como "demolidor" do 7º BPM (São Gonçalo). Filipe, a esposa Rayssa Santos e o filho de sete meses foram mortos em uma emboscada montada por Naíba e Wesley Pires da Silva Sodré, preso nesta quarta-feira (3), durante operação da Polícia Civil. 
De acordo com as investigações da Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e Itaboraí (DHNSG), Filipe pediu R$ 50 mil para entregar um suposto informante aos traficantes. No entanto, os criminosos descobriram que o rapaz não era militar e o mataram. "O Filipe sempre se passou por policial militar. Ele chegou a enviar pro traficante o print de uma suposta conversa entre ele e um superior da PM, mas aquele contato era do próprio Filipe e ele forjou (a conversa). Em algum ponto da negociação, os traficantes descobriram que ele não era um policial e, no entendimento deles, o Filipe seria um informante também. Por possuir conhecimento sobre o tráfico local, ele naturalmente era um risco para eles", explicou o delegado Williams Batista, titular da DHNSG.
Em um momento da conversa entre Naíba e Filipe, o traficante desconfia e questiona se o motorista de aplicativo realmente era policial. Filipe responde: "Sou soldado mano, da minha equipe quem é o mas recruta sou eu. Quem tem que resolver tudo da guarnição sou eu, a diferença que já fui envolvido em vários bagulhos, de contravenção, jogo do bicho, maquininha, os 'cara' aqui confia em mim pra lidar com o arrego. Não precisamos de apresentação formal não, irmão, o que precisamos é do papo reto um do outro, vou levar o X (informante) para vc e você vai seguir os 39 mil que tá faltando (sic)".
A polícia apurou que, no dia 15 de março, Filipe armou uma emboscada para capturar o suposto informante e Wesley teria participado da ação. Segundo as investigações, Filipe entregou dados e o endereço do infiltrado e recebeu R$ 11 mil, em duas parcelas. Ele seguiu cobrando os R$ 39 mil restantes do acordo feito com os traficantes. "Essa pessoa, pelo que apuramos até aqui, foi entregue aos traficantes. O horário, como se deu a captura da pessoa, está tudo no telefone do Filipe. A família registrou um boletim de ocorrência no mesmo dia em que esse suposto informante sumiu e existe a possibilidade dele ter sido morto", acrescentou Batista.
No dia do crime, em conversa entre Wesley e Filipe, o criminoso afirma que já está com o dinheiro e altera o local de entrega para atrair a vítima para perto da comunidade do Castro. Inicialmente, o valor seria entregue na casa do motorista. As últimas mensagens entre os dois são às 22h44 quando Filipe diz que chegou ao local combinado: "Cheguei, mano. Saiu daí ainda não?".
"O Filipe passa a cobrar do Naíba e eles ficam debatendo o pagamento do restante do valor. No domingo, fica combinado que seria pago o valor restante e o que indica até aqui é que o Wesley teria atraído a vítima para a emboscada, onde a família foi morta", ressaltou o delegado.
Testemunhas alegam que a família estava parada em um ponto de ônibus, quando bandidos em um carro preto se aproximaram e dispararam várias vezes na direção das vítimas, que estavam em um veículo branco. O veículo ficou com diversas marcas de tiros. 
"A gente conseguiu identificar que o carro foi atingido por mais de 20 disparos. Os tiros se concentraram na parte da frente e na lateral, em dois pontos, todos eles direcionados para o motorista, que era o Filipe, como alvo principal. Foram apreendidos estojos de calibre .40 e de fuzil, o que indica dois ao menos dois atiradores", acrescentou o delegado.
O segundo criminoso, Lucas Lopes da Silva, conhecido como Naíba, é apontado como o mandante do crime e chefe do tráfico na comunidade do Castro. Ele já é considerado foragido. A instituição ainda tenta identificar quem atirou na família.
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