Boate Portal Club fica ao lado de delegaciasReprodução/ Google Street View
Publicado 03/04/2024 16:17 | Atualizado 03/04/2024 17:35
Rio - A Polícia Civil investiga o estupro coletivo de uma estrangeira, de 25 anos, em uma boate da Lapa, na Região Central do Rio, na madrugada do domingo passado (31). O caso foi registrado na terça-feira (2) pela vítima com apoio da presidente da Comissão de Defesa dos Direitos da Mulher, deputada estadual Renata Souza (Psol-RJ). A parlamentar recebeu a denúncia e acompanhou a vítima à Delegacia de Atendimento à Mulher (Deam) do Centro do Rio, após ouvi-la na Sala Lilás da comissão. A identidade e nacionalidade da vítima foram preservadas.

Uma amiga com quem a vítima se hospeda no Rio de Janeiro estava com ela na boate Portal Club e também prestou depoimento na delegacia. A vítima relatou que, após conhecer um rapaz na casa noturna, aceitou ir com ele a um espaço mais reservado da boate, conhecido como "dark room". No local, ela denuncia ter sido estuprada sem chance de defesa por um número de homens que não consegue precisar. A estudante contou que chegou a perder a consciência e que não sabe se algo foi adicionado a sua bebida e que a festa tinha bebida liberada (Open Bar).

A vítima relata que ao recuperar a consciência, procurou a amiga e quis chamar a polícia, mas não foi devidamente atendida. Ela contou que funcionários da boate, inclusive seguranças, tentaram dissuadi-la de ir à delegacia. A amiga corrobora a versão da estudante. A Portal Club fica na Rua do Lavradio, ao lado das delegacias DCAV (Delegacia da Criança e do Adolescente vítima) e Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância). O local do crime também fica a 600 metros da Deam, que investiga o caso.

"A vítima está completamente devastada e decidiu denunciar para que outras mulheres não passem pela mesma situação. Estupro é crime e quando praticado coletivamente todos os responsáveis precisam ser identificados e responsabilizados. Não é possível que homens continuem a tratar as mulheres como se fossem suas propriedades, como objetos a sua disposição e passíveis de algo tão hediondo como a violência do estupro", disse a deputada Renata Souza.

A jovem pretendia permanecer por pelo menos um ano no Brasil para aprender português, mas contou que está decidida a voltar o quanto antes para o país de origem. Após o registro de ocorrência, a vítima foi levada ao Instituto Médico Legal (IML) para exames.
A Polícia Civil informou que agentes realizam diligências para buscar imagens de câmeras de segurança e outros elementos que auxiliem na identificação dos autores.

De acordo com dados da Polícia Civil do Rio, houve no estado cerca de 4 mil registros de estupros coletivos em dez anos, desde 2012.
Boate diz que colabora com a polícia
A Portal Club afirmou em nota que repudia veementemente e nunca irá apoiar qualquer forma de intolerância, opressão ou violência contra as mulheres. "Assim que tomamos conhecimento do incidente, a boate prontamente acolheu a vítima e se colocou à disposição das autoridades para que os fatos sejam imediatamente investigados e esclarecidos. Além disso, forneceremos as imagens do circuito de câmeras aos responsáveis pela investigação, onde será provado todo o apoio que prestamos à vítima, juntamente com os dados dos clientes presentes no dia, que tenham colocado o nome na lista ou comprado ingresso antecipadamente. Estamos comprometidos com a busca pela verdade e desejamos que os responsáveis sejam devidamente punidos", diz o texto. "Como uma casa LGBTQIA+, estamos e estaremos sempre empenhados em lutar pelos direitos das minorias e das mulheres. Estamos aqui para oferecer todo o apoio e colaboração possível", finaliza a nota da boate.
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