Piruinha foi preso em casa durante ação policial no ano passadoReprodução/TV Globo
Publicado 09/04/2024 14:20
Rio - O 3º Tribunal do Júri do Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) adiou para o próximo dia 25 o julgamento do contraventor José Caruzzo Escafura, o Piruinha, de 94 anos. O bicheiro é acusado de mandar matar Natalino José do Nascimento Espínola, o Neto, que era dono de uma loja de carros. O crime ocorreu em julho de 2021, na Estrada Intendente Magalhães, na Vila Valqueire, Zona Oeste do Rio.

O júri estava marcado para está terça-feira (9), quando seriam ouvidas 18 testemunhas, mas o Ministério Público do Estado (MPRJ) avaliou necessária a presença de outros dois réus na ação: o policial militar Jeckson Lima Pereira, segurança do bicheiro, e Monalizza Neves Escafura, filha de Piruinha, que está foragida. Os promotores também pediram mais tempo para analisar documentos que foram juntados ao processo.
Audiência
A defesa de Piruinha pediu que a prisão fosse revogada, mas o juiz Cariel Bezerra Patriota alegou que o contraventor já responde em regime aberto, sem o uso de tornozeleira, o que torna o afrouxamento injustificável. A defesa da Monalisa Escafura também pediu revogação no mandado de prisão, mas não houve acordo. 
Por outro lado, o magistrado deferiu o pedido de soltura de Jeckson. Ele mencionou que o resultado da perícia técnica não identificou o carro usado no ataque a tiros contra Natalino José do Nascimento Espínola como sendo do PM.
Piruinha, que cumpre prisão domiciliar,  participaria do julgamento por videoconferência. Ele foi preso há dois anos em uma operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio.  No fim de 2023, o bicheiro sofreu uma queda no banheiro do presídio e, desde então, está preso com medidas cautelares em sua casa, devido a problemas de saúde.
Relembre o caso
A mando do bicheiro, segundo as investigações, o segurança particular e PM Jeckson Lima Pereira executou Neto, que era dono de uma loja de carros. O MP pontua que o crime foi praticado por motivo torpe, já que a vítima foi morta por não ter pago uma dívida em dinheiro que tinha com contraventores da cidade.
A família de Piruinha teria sofrido prejuízos milionários com o empreendimento de Natalino José em uma construtora. Atual "gestora" dos negócios da família Escafura, a filha do bicheiro passou a buscar, sem sucesso, o ressarcimento dos prejuízos. 
Natalino era neto de Natal da Portela, patrono da escola de samba de Oswaldo Cruz, e ganhou o mesmo nome do avô. Ele era também sobrinho de Nezio Nascimento, presidente de honra da Escola de Samba Tradição. A vítima era alvo de 14 processos na Justiça.
Quem é Piruinha?
Piruinha exerce há décadas o domínio do jogo do bicho que é explorado em diversas regiões da cidade, em especial nos bairros de Madureira, Abolição, Cascadura, Maria da Graça, Piedade e Inhaúma. Além disso, ele recebe outras áreas por exploração de jogos de azar para outros contraventores, dentre elas as divisas com os bairros de Cascadura, Piedade, Pilares, Abolição, Quintino, Campinho e Praça Seca.
Paralelamente ao jogo, explorava outras atividades, como motéis em bairros da Zona Oeste. O bicheiro também foi investigado por uma suposta ligação com uma quadrilha de abortos clandestinos.

Em junho de 2017, Haylton Carlos Gomes Escafura, filho de Piruinha, foi encontrado morto em um hotel na Barra da Tijuca, ao lado da mulher, a policial militar Franciene de Souza. A Polícia Vicil afirma que o motivo da execução foi a disputa pelos pontos de venda de máquinas caça-níqueis.
 
Publicidade
Leia mais