Publicado 15/04/2024 20:28 | Atualizado 15/04/2024 20:37
A nova manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para o próximo domingo, 21, no Rio, deverá ter no palanque o governador Cláudio Castro (PL) e o deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ). A presença dos dois é ponto central no ato bolsonarista. O comparecimento de Castro é visto como uma chance dele mostrar lealdade ao ex-chefe do Executivo. Já a ida de Ramagem é considerada uma oportunidade de aumentar a visibilidade do pré-candidato à prefeitura da capital fluminense ao lado do seu principal cabo eleitoral.
Os três dividiram o palanque em março, no lançamento da pré-candidatura de Ramagem na quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel, na zona oeste do Rio. Na ocasião, Bolsonaro ficou incomodado com a baixa adesão ao evento e pediu que os seguranças do local autorizassem que os apoiadores se aproximassem do palco. Castro foi vaiado por parte do público.
O governador do Rio não esteve no ato convocado por Bolsonaro na Avenida Paulista, em fevereiro, justificando uma viagem a Portugal. Por isso, o envolvimento dele, desta vez "em casa", é uma expectativa entre bolsonaristas. De acordo com o pastor evangélico Silas Malafaia, um dos organizadores do evento, o governador do Rio ficará livre para discursar, "se quiser". Diferentemente da manifestação em São Paulo, o religioso não bancará os custos do evento, que serão cobertos por uma "vaquinha" feita por deputados.
Somente quatro dos 13 governadores eleitos com apoio de Bolsonaro estiveram no ato em fevereiro: Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Ronaldo Caiado (União Brasil), de Goiás, Jorginho Mello (PL), de Santa Catarina, e Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais. Na ocasião, apenas Tarcísio discursou. Procurado pelo Estadão, Castro não respondeu se vai discursar ao lado de Bolsonaro no domingo.
O ato na Paulista foi convocado logo após Bolsonaro e aliados serem alvos de uma operação autorizada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que investiga suposta tentativa de golpe de Estado. O governador do Rio move uma ação na Suprema Corte questionando dívidas do Estado com a União, além de ser investigado pela Polícia Federal (PF) por suposto recebimento de propina. A defesa dele diz que as informações sobre a investigação são "infundadas, velhas e requentadas".
Deputado federal e pré-candidato à prefeitura do Rio, Ramagem também confirmou presença, segundo Malafaia, mas não deverá discursar no palanque. Como Ramagem está em pré-campanha, a preocupação entre os bolsonaristas é que o ato possa ser enquadrado como propaganda eleitoral antecipada. Em São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), pré-candidato à reeleição apoiado por Bolsonaro, também não falou ao público.
Ramagem, que é ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), é investigado por supostas espionagens ilegais praticadas durante o período em que esteve a frente da agência, no governo Bolsonaro, contra adversários políticos. Procurado, o deputado não respondeu sobre a presença no ato de domingo.
Investigado por uma tentativa de golpe de Estado, Bolsonaro fez o convite para a manifestação em suas redes sociais, afirmando que ele e os demais organizadores vão "levar informações sobre o nosso Estado Democrático de Direito" e falar "sobre a maior fake news da história do Brasil, que está resumida hoje na minuta de golpe" - documento para declarar estado de sítio no País e que, segundo as investigações, foi editado por Bolsonaro.
Malafaia corroborou o que disse o ex-presidente no convite, afirmando que durante o evento eles vão "mostrar como isso é uma narrativa, uma fake news".
Sobre o financiamento do ato, Malafaia disse que não vai contribuir com dinheiro, se referindo aos dois trios elétricos que alugou em São Paulo para a última manifestação.
Os custos do ato no Rio vão ser cobertos por uma "vaquinha" de deputados federais bolsonaristas, afirmou Malafaia ao Estadão. Segundo ele, os deputados do PL Sóstenes Cavalcante (RJ), Bia Kicis (DF), Eduardo Bolsonaro (SP), entre outros, já contribuíram. O custo estimado da estrutura para o dia é de R$ 125 mil.
O pastor afirmou que fará a organização e gestão dos recursos doados, caso necessário. "É claro, eu vou ficar pagando evento com meu dinheiro?", questionou.
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